4 de out. de 2009

Gandhi Teve um Sonho.


[ Os recursos espirituais do ser humano podem enfrentar o desafio dos problemas sociais ]

Nas ultimas décadas temos acumulado mais poder material do que a força moral de que dispomos para usá-lo: estamos hoje ameaçados de desintegração dentro do cadinho de nosso próprio progresso cientifico. Nossa civilização está extremamente rica de poder material,mas se isto constitui um ativo ou um passivo, depende de nossos propósitos e princípios orientadores, através dos quais a força é liberada e manipulada. A ciência e a industria descobrem e desenvolvem o poder material, mas os impulsos do coração humano devem dar-lhe uma expressão digna.

A ciência deve ser resgatada de seu atual papel de destruidora. A mente humana deve ser libertada da ameaça de que o fruto de seu trabalho possa ser o agente de sua própria ruína. Alguns dos lideres científicos do mundo no campo da física nuclear expressaram uma profunda preocupação sobre a maneira como os homens tem usado suas descobertas. Pessoas dotadas de engenhosidade e capacidade criativa devem ter a certeza de que no futuro sua genialidade terá um papel construtivo.

A ciência e a tecnologia devem passar por um novo nascimento de propósitos, a fim de que nossa civilização escape da destruição suicida. Richard Byrd tinha razão ao dizer, pouco depois de uma de suas expedições polares: “ Não são as limitações geográficas do mundo que devem ser mapeadas, mas as morais”...

Pela mesma lógica infalível, Mohandas Karam-chand Gandhi, que se tornou “alma grande”, o Mahatma, desafiou esta era ultramoderna com uma nova descoberta e uma nova avaliação dos recursos ilimitados da vida interior do ser humano. Ele abalou o mundo com sua demonstração dessa força interior, indo de uma vida simples e estritamente disciplinada à dimensão das relações internacionais.

Gandhi teve um sonho, e procurou compartilhá-lo não apenas com sua Índia natal, mas como o mundo. Era um sonho em que todos os homens eram irmãos. Referia-se a um tempo em que as disputas entre as nações e os grandes segmentos da humanidade seriam resolvidas através de meios pacíficos – um sonho relatado há séculos por um certo profeta hebreu ” eles transformarão suas espadas em relhas, e suas lanças em podões; nação não levantará arma contra nação, e eles não mais aprenderão sobre guerras”.

Gandhi introduziu um novo nível de liderança e demonstrou com sua própria vida pessoal essa relação singular entre líder e liderado. Isto pode ser resumido em quatro palavras significativas:

_ humildade;
_ amor;
_ fé;
_ participação
.


Quando a vida interior de um individuo está devidamente ajustada aos princípios cósmicos, ele está pronto para se envolver com causas grandiosas. Gandhi sentiu um profundo senso de dever ante a miséria humana, e ousou envolver-se. Por esta razão, pessoas de todos os credos, raças e nacionalidades o admiram e apreciam a contribuição que ele fez para a nossa civilização.

Os que tentam rejeitá-lo como um sonhador precisam ser lembrados que desde tempos imemoriais os homens sonharam e que desses sonhos surgiu todo o progresso real do mundo. A lista desses sonhadores é longa e impressiva – no campo da ciência, da exploração, da filosofia e da religião.

VISÃO
Nesta avançada e pragmática era, necessita-se de homens e mulheres que ousem sonhas e não se contentar em aceitar o ‘ status quo ‘: não apenas aqueles com visão e sensibilidade moral que os capacitam a ver as condições tal como deveriam ser; mas homens e mulheres equipados com a coragem necessária para implementar o principio do “ é preciso “ nos processos da vida pessoal e publica.

Gandhi enfatizou a futilidade de usar a força material a fim de se alcançar metas desejadas, quando seu uso está fora de harmonia com os princípios morais e espirituais. Ele chamou bastante a atenção para a importância de desenvolvermos os dons e disciplinas da vida interior e de nos voltarmos para esses recursos ao lidarmos com problemas sociais complexos. É óbvio que ele tinha uma mensagem importante e atemporal para um mundo onde tanta ênfase está sendo dada aos aspectos materiais da vida e onde tantos estão dependendo da superioridade cientifica e tecnológica para a segurança nacional.

Muitos acreditam que só bombas e foguetes maiores e mais poderosos, bem como ser o primeiro a alcançar e controlar bases estratégicas no espaço sideral, significam defesa adequada. Mas Gandhi nos lembrou que tanta ênfase em defesa materialistica, por importante que seja, não vai nos defender na presença daquilo com que nos confrontamos. Ele chamou a atenção para um poderoso império interior onde pensamentos bons ou maus reinam; onde aspirações nobres ou ignóbeis se agitam; onde esquemas sutis são concebidos; e onde atitudes e disposições são abundantemente geradas e nutridas.

Através de sua vida simples e impar, ele fez uma contribuição inestimável para a nossa civilização. Logo após seu assassinato, o Dr E. Stanley Jones, que por muitos anos fora seu amigo e um estudioso da sua vida, enumerou suas importantes contribuições:

_ [1]Um novo espírito e técnica – Satyagraha ( força da verdade ou resistência da não-violência);

_[2]A ênfase de que o universo moral é uno e que a moral do individuo, do grupo e da nação deve ser a mesma;

_[3]Sua insistência em que os meios e os fins devem ser consistentes;

_[4]O fato de não professar nenhum ideal que ele não incorporasse ou não estivesse em processo de incorporação;

_[5]Uma disposição para sofrer e morrer por seus princípios.


O falecido Primeiro Ministro, Nehru, quando perguntado sobre o que ele considerava como a maior contribuição de Gandhi, respondeu: “ Os Meios e os Fins devem ser consistentes”. Essas opiniões e avaliações feitas sobre Gandhi são típicas daqueles que o conheceram bem. O impacto desse homem humilde foi fortemente sentido tanto pelo Ocidente como pelo Oriente, e pelos lideres políticos,sociais, filosóficos e religiosos de todo o mundo.

[ Texto de William H. Clarck.F.R.C]
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Sexta-feira, 2 de Outubro de 2009
Índia lembra 140º aniversário do nascimento de Gandhi.
Como é tradicional, os principais líderes políticos da Índia renderam hoje uma homenagem ao líder independentista «Mahatma» Gandhi, considerado o pai da pátria, no dia em que cumpriria 140 anos.
Ao túmulo onde foi incinerado o defensor do pacifismo, no memorial de Rajghat, deslocaram-se o primeiro-ministro, Manmohan Singh; o líder da coligação governamental, Sonia Gandhi, e o dirigente da oposição L.K. Advani.
Também acudiram vários ministros e alguns representantes estrangeiros, como o embaixador dos EUA, Timothy Roemer, que destacou a influência «directa e positiva» que as ideias de Gandhi tiveram em Barack Obama.
A cerimónia contou, além disso, com a presença de representantes das religiões budista, bahai, cristã, sique, zoroastra, muçulmana, hindu e judaica, todas presentes na Índia.
Destacou, no entanto a ausência da presidente da Índia, Pratibha Patil, que se encontra de visita à região ocidental de Gujarat (oeste), e que lembrou na véspera a data com um comunicado dirigido a todos os seus compatriotas.
«O aniversário de Gandhi é uma ocasião para que todos reflictamos no trabalho e a vida do pai da nação, Mahatma Gandhi», afirmou o dirigente.
Mohandas Karamchand Gandhi, mais conhecido como «Mahatma» («grande alma») Gandhi, nasceu a 2 de Outubro de 1869 na cidade de Porbandar, situada na actual região de Gujarat.
Após a educação universitária em Inglaterra, Gandhi estabeleceu-se na África do Sul, onde o facto de ser expulso de um comboio por não ser branco lhe levou a iniciar a sua doutrina de desobediência civil contra o Império Britânico.
Já de volta à Índia, liderou o movimento de resistência pacífica contra as autoridades britânicas, com uma mensagem de harmonia entre as distintas religiões que apostava pela diversidade do subcontinente.
A Índia alcançou a sua independência em 1947, mas Gandhi quase não pôde desfrutá-la, porque foi assassinado poucos meses depois por um extremista hindu.
Milhões de indianos ainda se referem a ele respeitosamente como «bapu» («pai»).