10 de nov. de 2009

O INSTRUMENTO RABDOMÂNTICO DE FARADAY


As Forças Invisíveis
Talvez não seja muito apreciado o fato de que as ciências físicas de hoje sejam essencialmente uma extensão das ciências ‘visíveis’ do século dezoito, a mecânica e a ótica. A ciência mecânica propriamente dita é a compreensão dos fenômenos físicos que acontecem como resultado da ‘ação direta’. Exemplos da qual são alavancas e fulcros; cordas e roldanas;e eixos e rodas de transmissão. No coração dessa ação direta está o conceito de ‘ força mecânica’. Ambos podem ser vistos como nossos olhos e avaliados através de análise vetorial. É devido ao fato de que podemos vê-la em ação que se trata de uma ‘força visível’.

No início do século dezenove o interesse voltou-se para as ‘forças invisíveis’ – força gravitacional, força elétrica e força magnética. Essas forças não podemos ver mas apenas reconhecer sua presença pelos efeitos que produzem. Isto acontece devido ao fato de que esses efeitos são produzidos por “ação à distancia”, por campos de força em meio ao Espaço. Um detalhe importante, ainda menos conhecido atualmente, é que esse envolvimento com campos de força no Espaço impediu toda e qualquer compreensão dessas forças pelo uso da análise vetorial mencionada.

O problema que assaltou o começo da pesquisa foi então o de observar e medir algo que não podia ser visto. Claro está que se podia observar os efeitos produzidos por essas forças invisíveis,mas isto não era o mesmo que observar e plotar os campos de força no Espaço.

Bem ao contrário, qualquer solução para esse problema seria equivalente a se poder ver o invisível – o paranormal. Compreensivelmente, os pesquisadores profissionais das ciências físicas, daquela época como os de hoje, enciumados de sua tão duramente conquistada reputação de ciência racional, dificilmente podiam se permitir associar com alguma coisa que cheirasse a psiquismo ou oculto. Simplesmente porque isto implicaria, além do mais, uma ausência de abordagem séria de seu trabalho em geral. Além disso, naquele tempo, esses profissionais estavam dando duro para dar conta das crescentes demandas da mecanizada Revolução Industrial.

Só por esses motivos, qualquer solução para o problema envolvendo as forças invisíveis teria de vir de algum outro lugar que não o corpo principal da física. Logicamente, de pesquisadores empregando algumas técnicas não-ortodoxas e, portanto, pouco conhecidas.

RADIESTESIA – UMA FERRAMENTA DE PESQUISA
Vimos que as forças invisíveis existem como campos de força no Espaço e, para enfatizar isto, podemos unir esses campos sob forma de ‘radiação’. Os tipos de campos mais prováveis de encontrarmos são os ‘campos de indução’ e não os ‘campos de radiação’, mas a diferença é meramente acadêmica.

RADIESTESIA é um termo dado à arte de identificar esses campos invisíveis e significa ‘SENSIBILIDADE À RADIAÇÃO’. Na França, onde tem siso praticada por séculos, é chamada de ‘PENDULISMO’, mas ela tem outras ramificações, conforme veremos.

A técnica foi provavelmente descoberta por algum individuo observador ao segurar uma forma qualquer de peso suspenso. Por exemplo, um pedreiro segurando seu fio de prumo para verificar a verticalidade de uma parede, ou uma dona de casa tecendo fio numa roca simples.

O que parece acontecer é que o peso suspenso adquire um movimento próprio, balançando num movimento circular, horário ou anti-horário, ou balançando de um lado para o outro como um pêndulo, do qual recebeu esse nome popular. Nesta forma o aparato não é adequado para o uso em campo aberto, onde pode ser movido pelo vento, nem quando o próprio operador está em movimento. É por este motivo que a ‘forquilha’ e, posteriormente, o estribo vieram favorecer pesquisas como as da rabdomancia.

Ao longo dos séculos os praticantes da arte procuraram cercar a técnica com uma espúria aura de mistério. Sempre afirmando que a pessoa nasce com o dom, ou então tem de ser ‘psíquica’ de modo a conseguir algum grau de sucesso. É este pseudo-psiquismos que tanto fez para manter essa poderosa técnica tão desconhecida e sem investigações.

Uma exceção é a pesquisa realizada pelo falecido J.CECIL MABY, que dedicou o trabalho de sua vida à investigação da ‘física da varinha rabdomântica’. Embora pesquisador psíquico por conta própria, o esteio de Maby, era seu treinamento cientifico e sua meticulosa experimentação. Seu trabalho foi uma inestimável contribuição para uma melhor compreensão desse assunto,mas por ocasião de seu falecimento, seu equipamento foi desmontado e seus livros dificilmente são encontrados hoje nas bibliotecas públicas. Seu comentário favorito a respeito da fraternidade rabdomântica era geralmente uma acusação sobre ‘aqueles que mitificam o que é puramente um fenômeno físico’.

O fundamento do pendulismo não é aquela idéia popularmente espalhada pelos espertinhos que insistem em reinventar a roda, os quais confidencialmente asseguram que a causa é uma reação muscular involuntária por parte do operador.

Ao contrário, trata-se de um fenômeno que tem seu fundamento na ‘energia elétrica nervosa’do corpo humano.

Ao dar de encontro com essa expressão pela primeira vez, pode-se ficar inclinado a encará-la como um desses termos pseudo-cientificos, inventados pelos ignorantes para enganar os incultos. Em certos aspectos a expressão é uma denominação imprópria, porque – ao contrário da eletricidade – a energia elétrica nervosa é aparentemente conduzida por isolantes elétricos e, inversamente, isolada por condutores elétricos. Se não fosse assim, qualquer impulso elétrico no corpo humano seria curto-circuitado pelos líquidos corporais circundantes. Assim sendo, sua presença em um campo elétrico ou magnético faz com que ela se comporte de uma maneira que é típica de uma carga elétrica ou corrente elétrica. Ou seja, ela tem a ‘característica’ da eletricidade.

Sob condições normais, o excesso de energia elétrica nervosa é drenada do corpo pelas extremidades, particularmente elas mãos e dedos. Segurando-se um pêndulo entre o polegar e os dois primeiros dedos, essa energia é forçada a se canalizar para o pêndulo e a escapar. Na verdade, produzindo uma corrente de energia elétrica nervosa pêndulo abaixo.

Muito tem sido escrito a respeito do uso e construção de pêndulos, descrevendo-se diferentes tipos de pesos e suspensões. Pessoalmente,tendo a preferir uma grande bola de gude plástico, colada e suspensa por uma linha de nylon para pesca. Esta última foi escolhida porque não comunica ao peso um desagradável movimento de rotação quando em uso.

Uma advertência neste ponto. A drenagem de energia nessas circunstancias não é normal e serve apenas para exaurir o suprimento de energia elétrica nervosa do corpo. Se levada ao extremo, pode-se ter uma artrite aguda no ombro direito, que pode levar diversas semanas para curar. Esse é de fato um risco operacional para rabdomantes e descobridores de lençóis de água, que a qualificam como uma habilidade inata de ‘sensibilidade ao clima’.

Continuemos! Pelo uso do pendulo estabelecemos uma corrente invisível de ‘eletricidade’ fluindo da ponta do pendulo. A questão que vem à mente é, como usá-la?

VENDO O INVISÍVEL
A essas alturas, caso você já possua ou tenha feito um pêndulo simples como o que foi previamente descrito, está agora pronto para investigar as propriedades de um campo magnético.

Para isso você precisará munir-se também de um imã. Um que possa ficar de pé em uma das extremidades sobre uma superfície lisa, não-metálica. Posicione o imã e segure o pêndulo na mão direita, mantendo a mão esquerda perto do lado esquerdo do corpo e os dois pés bem firmes no chão.

Suspenda o pendulo cerca de 1 polegada [2,5 cm]acima do topo do imã. Se você for fisicamente saudável – cheio de energia elétrica nervosa – o pendulo começará a girar, em sentido horário ou anti-horário. A direção depende da polaridade do topo do imã e da polaridade da sua mão direita. Não se concentre no pêndulo senão seus rodopios se tornarão extremos.

Inverta o imã. O pêndulo girará agora na direção oposta. Se segurar o pêndulo com a mão esquerda, você terá o mesmo resultado. Conhecendo a sua polaridade você pode, desse modo, determinar a polaridade de qualquer imã permanente ou eletromagneto.

Agora, coloque o imã deitado de lado. Como antes, sobre cada extremidade o pêndulo gira em uma direção de acordo com a polaridade do magneto. Entretanto, no ponto médio entre os dois pólos magnéticos, o pêndulo pára seu movimento giratório e realiza um balanço pendulatório em ‘ângulo reto’ com as linhas de forças magnéticas.

MICHAEL FARADAY – FÍSICO EXTRAORDINÁRIO
O histórico inicial de Faraday apresentava pouca esperança de um pesquisador científico bem-dotado. Ele foi em grande parte autodidata, sem o estigma que esse termo geralmente implica. O que significa que em seu aprendizado ele simplesmente não foi obrigado a comer com talher de prata.

Seu assim chamado noviciado com Humphrey Davy não foi em si mesmo nenhuma introdução monumental ao mundo cientifico. Além disso, suas relações com a proprietária do estabelecimento estavam longe de serem agradáveis.

No entanto, foi a partir desse começo juvenil que FARADAY alcançou notável sucesso em sua pesquisa nos então novíssimos campos da eletricidade e do magnetismo. Tanto assim que hoje ele é mundialmente conhecido como o PAI DAS CIENCIAS ELÉTRICAS.

Como foi que ele conseguiu essa única brecha? Hoje nos contam que o sucesso de Faraday como cientista deveu-se ao uso que ele fez do ‘método cientifico’ – ou ‘método experimental’ – dependendo de quem esteja escrevendo sua mais recente biografia. Uma explicação impensada na minha opinião, tendo em mente as palavras de um notável diretor de pesquisa que afirmou que ‘...método cientifico é apenas um outro nome para ‘ tentativa e erro’.

O que sabemos realmente, entretanto, é que MICHAEL FARADAY, seguindo as pegadas de BACON, embora levado pelos desejos de seu mestre HUMPHREY DAVY, participou no GRANDE TOUR OF EUROPE.

Além disso, ao longo dessas visitas, deparou-se com as pesquisas de AMPERE e COULOMB. Nomes de alta reputação nas ciências elétricas mesmo em nossos dias e – o que é bem menos conhecido – expoentes na arte do pendulismo. De fato, uma importante regra de operação no pendulismo tem o nome de AMPÉRE, a REGRA DE AMPÉRE.


O INSTRUMENTO RABDOMÂNTICO

Creio que se pode argumentar que Faraday fez bom uso da sua descoberta do pendulismo levando a cabo os principais elementos da sua pesquisa. Pois mesmo em seu estudo da ‘luz‘, o pêndulo foi inestimável para a determinação da polaridade da luz polarizada e refletida, como também para a observação do espectro abaixo do infravermelho e acima do ultravioleta.

Pode-se entender por que suas pesquisas foram tão extensas usando esse novo aparato de pesquisa. O mundo físico tornou-se para ele um livro aberto. Eu tive o mesmo sentimento quando descobri a lógica discursiva há uns vinte anos. Nenhum desafio era grande demais e o conhecimento estava lá para ser encontrado.

No entanto, Faraday estava trabalhando com certa desvantagem. Se fosse para seu trabalho ser levado a sério, então o uso do pêndulo tinha de ser um segredo bem guardado. Tanto assim que seus trabalhos publicados dificilmente refletiram sua plena compreensão do fenômeno que ele investigara. Um caso em questão é o seu teorema da ‘linha de fluxo curvada’ que, como introdução à irradiação de uma onda eletromagnética, acho superior em muito aspectos às equações de Maxwel. Neste sentido, Fardaay, foi o ultimo dos verdadeiros pesquisadores, antes que a matemática tomasse conta do pensamento criativo.

Uma invenção de Michael Faraday que foi surpreendente em sua originalidade foi o ‘MOTOR ELÉTRICO‘ – e tudo o que ele veio a significar nos anos subseqüentes. Paradoxalmente, esse modelo original ainda hoje permanece um enigma na engenharia elétrica. Simplesmente porque ninguém, mesmo tendo um moderno conhecimento de dinâmica eletromagnética, conseguiria chegar a uma peça de engenharia disforme como essa!

Eu sustento que um motor, seja lá da espécie que for, era a última coisa que Faraday tinha em mente. O que ele estava interessado era em provar que a energia elétrica nervosa era uma forma de ‘eletricidade fluente’, e conjecturou que provaria isto construindo um aparelho que simulasse a ação de uma rabdomante usando um pêndulo sobre um imã na vertical.

A corrente de energia elétrica nervosa é simulada por um circuito elétrico fechado, que mantém um fluxo de corrente elétrica da bateria através de um suporte metálico, que faz o papel dos dedos do rabdomante, passando por uma corrente metálica flexível, representando o pêndulo, que mergulha num recipiente contendo mercúrio. Finalmente, o recipiente metálico é então ligado ao outro pólo da bateria.

Uma rolha rodeia a corrente no ponto onde ela penetra o mercúrio, de modo a impedir que a corrente faça contato com o imã ou com as paredes do recipiente.

Estando completo o circuito elétrico, sua contraparte magnética é então provida por um imã colocado verticalmente no centro do recipiente.

Depois de ver seu pendulo elétrico em funcionamento, Faraday não disse que tinha inventado o motor elétrico. O que ele foi exclamar alegremente, “Veja! Está girando!”. Triste de se dizer, mas tanto seu comentário como sua demonstração foram desperdiçados com a esposa, cuja única preocupação naquele momento era a preparação da ceia de Natal.

UMA NOTA FINAL DE ACAUTELAMENTO
Que o principio da radiestesia não foi negligenciado nos últimos anos é demonstrado pelo fato de que durante a primeira metade deste século um notável investigador desse fenômeno usou-o para detectar uma certa linha de emissão espectral do átomo de hidrogênio, a qual até hoje é desconhecida pela maioria dos radioastrônomos.

Entretanto, como ferramenta de pesquisa, o pendulismo é uma arte repleta de certos problemas específicos em seu emprego.

Essencialmente,como apontou Maby, trata-se de um fenômeno puramente físico, se bem que envolvendo a energia elétrica nervosa do corpo humano. Assim, qualquer associação com fenômenos psíquicos deve ser de pronto descartada.

Dirijo estas palavras àqueles acadêmicos com treinamento cientifico, que porventura venham a empregar essa nova ferramenta de pesquisa. Acontece que o que se pode chamar de ‘abordagem cientifica’ é instilada no pesquisador iniciante somente quando de seu trabalho de pós-graduação e, por alguma razão desconhecida, ele tende a associar essa abordagem tão-somente com a disciplina escolhida. Assim, fora do seu trabalho de pesquisa regular, ele tende a se reverter para uma abordagem menos rigorosa quando se trata de idéias novas.

É aí que ele corre o risco de se unir aos menos disciplinados, que tendem inevitavelmente a usar o pêndulo como uma espécie de “tabua ouija’ para explorar o ‘desconhecido’, prática que não apenas beira o irracional como pode também se tornar perigosamente obssessiva.

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[Texto de J.C. Belcher]