29 de ago. de 2010

Por que as Pessoas se Separam?




Pelas razões aparentes mais diversas. Haverá uma causa mais profunda que explique esses desencontros tão comuns e numerosos em nossa vida?

Pais e filhos, marido e mulher, parentes, amigos, colegas, namorados, de desentendem, brigam, se magoam e se afastam, muitas vezes para sempre. Por que será tão difícil manter um relacionamento harmonioso, por que será tão complicado ‘se dar bem com os outros?’

Ressentimentos, discussões amargas _ EGO. Meu Ego me afirma que sou melhor que você, sei mais, tenho mais experiência, tive melhor educação, enfim, sou superior e ‘porque gosto de você [será...?] quero reformá-lo, torná-lo melhor, pelo menos tão bom quanto eu...

As palavras acima podem ser modificadas, suavizadas, enfeitadas, mas o centro da questão [sou melhor que você – quero modificá-lo] continua sendo o grande obstáculo, porque ter um bom relacionamento seja com quem for só é possível através do respeito por sua liberdade de ser como é e de poder decidir como e quando mudar e crescer. Qualquer outro comportamento é falho e leva à discórdia e à frustração – e, em muitos casos, à separação.

Fui testemunha de uma história que se repete constantemente. Uma jovem e um rapaz se apaixonaram e casaram, pois tinham imensa atração e admiração um pelo outro. Tudo indicava que seriam felizes juntos, mas por um motivo que é corriqueiro, embora poucos se dêem conta dele, aconteceu anos mais tarde uma ruptura dolorosa que consternou a todos que os conheciam. O marido dessa jovem, imbuído da certeza de estar fazendo um bem, empreendeu a tarefa de torná-la ‘ainda melhor’ na maneira de se vestir, falar, comportar-se em sociedade, expor idéias, divertir-se, pensar. Em sua santa missão, ele usou de todos os recursos: persuasão, manipulação, culpa, chantagem emocional, ameaças. Seu ‘êxito’ foi completo. Passados alguns anos, sua mulher tinha se modificado, se amoldado ao seu padrão de ‘como deveria ser’. Resultado? O marido não a quis mais. Divórcio, filhos desarvorados, confusão, sofrimento. Tão simples de explicar! Ele havia sido atraído por ela ‘pelo que ela era, como ela era’. Após ‘reformada’, deixou de ser a pessoa que o havia encantado... por ser como era! E o mais curioso foi que ela voltou a ser como antes, espontânea, alegre, e se vestindo com roupas vistosas - e o marido voltou [sem sucesso] a querê-la!!!

O mesmo acontece a toda hora por toda parte; pais querendo reformar filhos, filhos querendo modificar os pais, amigos, colegas, todos querendo ‘ajudar’ os outros a serem melhores segundo seus próprios padrões, mas nenhum deles pensando em sua própria mudança, em seu próprio crescimento. Estranho, mas quem mais pretende ‘reformar’ o outro é quem mais precisa mudar, e só não vê essa verdade porque seu Ego arrogante o convence de que é superior, melhor, mais inteligente, e está com a razão.

Um outro ponto desta questão, tão ou mais importante do que a interferência do Ego na vida de outras pessoas, passa desapercebido, e se refere à razão mais essencial do problema: é tomar consciência de que tudo tem seu ‘ciclo próprio’, mesmo os amores ‘eternos’, as amizades mais sólidas. É difícil, é doloroso perder um amigo, um companheiro ou companheira, um relacionamento que julgávamos ser forte o bastante para desafiar o espaço e o tempo, a vida e a morte... O mais importante nisso tudo é percebermos que ‘não há perda’, só ganhos, quando o nosso sentimento é sincero, quando amamos verdadeiramente e sabemos ‘agradecer’ e compreender as dádivas do amor humano com serenidade e grandeza.

Certa vez ‘perdi’ uma amiga pelo que me pareceu um ato desleal dela, uma traição, digamos assim. Uma grande lição me foi ensinada por esse triste acontecimento, que veio somar-se a muitas das inevitáveis perdas da vida. A decepção foi brutal, a dor profunda, deixando-me abalada, aturdida e ressentida, pois não esperava por aquilo. Senti que aquela era uma ‘perda irremediável’. Passado algum tempo, um vislumbre da verdade me fez ver que eu estava sendo EGO-ísta, negando a ela o direito de ser como era: humana, sujeita a falhas de julgamento, com pleno direito de deixar de me ter afeição quando bm lhe aprouvesse ou fosse chegado o momento. Ela e seus sentimentos não me pertenciam, eram uma dádiva temporária e espontânea; por essa dádiva, pelas alegrias de uma amizade confortadora, pelo apoio mútuo que havia nos amparado em horas difíceis, que havia nos ajudado a atravessar grandes problemas individuais ao longo de muitos anos, pela troca de companheirismo, solidariedade, risos, lágrimas e tantas outras coisas maravilhosas que acontecem entre bons amigos, ‘eu devia me sentir agradecida’. Só isso. O ciclo tinha se encerrado, nada mais. Havíamos cumprido uma missão, ajudando-nos mutuamente a crescer, a evoluir, a superar problemas pessoais que como todo mundo nós tínhamos, a chorar juntas as nossas respectivas mágoas. Nada, nem ninguém, poderia garantir a perenidade, exigir permanência, a Constancia, pois neste plano tudo é transitório, mutável, e segue seu próprio curso. Terminada a volta da espiral, bastou um motivo banal para desencadear a ruptura – pois era chegado o momento. Nossos EGOs [suponho que o dela tanto quanto o meu] se julgaram ofendidos e cheios de razão, porque o EGO não enxerga além de seus próprios limites. Compreender essas coisas em nossos relacionamentos, respeitar o direito do outro de não nos querer mais [é isto que a arrogância de nosso EGO não consegue suportar!] não é nada fácil, mas se alcançarmos essa compreensão teremos escalado um degrau de nossa busca de mais luz e sabedoria – o do desapego verdadeiro, que não é indiferença, é grandeza. Assim abrimos possibilidades para relacionamentos mais generosos e satisfatórios, porque destituídos de nosso lamentável medo de perder...

O ser humano parece valorizar mais o sofrimento que a alegria. Se ‘perdemos’ alguém, lamentamos a dor que isso nos causa, e imediatamente esquecemos o que aconteceu ‘antes’, não sabemos lembrar com prazer aquilo que ‘já recebemos’, os dons inestimáveis que sempre permanecerão conosco, como experiência e lembrança. Esses dons, os momentos de amor e carinho de um casamento, a cumplicidade que existe entre amigos, a vida em família com nossos pais e irmãos, ou o simples namoro que pouco durou mas foi intenso, formam um patrimônio inalienável, eterno e intocável, impossível de ser desfeito, e que foi valioso, enriqueceu e embelezou a vida das pessoas envolvidas, por um ‘ciclo’. Vale lembrar que quando alguém nos deixa para trás, é porque não podia agir de forma diferente, deu na medida em que podia fazê-lo, e então parte para outra experiência, outro ciclo, e tem o sagrado direito, como nós também temos, de partir...

Como pais, somos como o marido reformador da história. Criamos nossos filhos com base na idéia de dominação EGO-ÍSTA da modelagem, do estereótipo. ‘Nós sabemos’ o que é bom para eles, esquecendo de ouvir suas almas, sondar suas inclinações naturais, de sermos apenas os amigos que auxiliam, cooperam, orientam e disciplinam na justa medida. Depois nos queixamos que ‘eles’ não nos compreendem, aqueles ingratos, depois de tudo que fizemos por eles!

Relacionar-se com os filhos não precisa ser complicado. Khalil Gibran disse muito bem que eles não nos pertencem. Seria sábio reconhecer neles, desde cedo, o direito de ser como são. Podemos e devemos orientá-los, estabelecer regras de convivência, afinal esse é o nosso papel, sem, no entanto, ignorar que são criaturas únicas, sem igual em todo o universo, portadoras do sagrado direito de buscas suas próprias respostas seguindo seus próprios ritmos e capacidades. Mas parece que não temos competência para esse tipo elevado de amor... A maioria dos pais segue o caminho oposto, o de forçar os filhos a se encaixarem nos moldes que eles estabelecem como os únicos corretos e que os mutilam indelevelmente – pois não se pode colocar o ‘redondo’ numa forma ‘quadrada’ sem causar danos... como muitos de nós dolorosamente descobrimos após passar por essa experiência. Só que depois repetimos os mesmos erros com os nossos filhos, como eu o fiz, como tu fizeste, como eles o fizeram...

Felizmente, sempre é tempo de tentar mudar o que pode ser mudado. Abrir mão da estúpida idéia de que somos melhores e sabemos mais do que os outros ‘é crescer’: não somos melhores nem sabemos mais – apenas somos diferentes e sabemos das coisas de modos diferentes, o que significa que temos coisas a aprender e a ensinar...enquanto houver mútuo consentimento das partes interessadas. Ninguém pertence a ninguém, estamos aqui de passagem, cada um buscando a luz como sabe e como pode. Amor e amizade são presentes que vida nos dá por algum tempo – minuto ou eternidade, que importa, se sabemos vivenciar a dádiva da plenitude? Já não dizia o poeta ‘que seja eterno enquanto dure’?

Relacionar-se é apenas seguir a mesma estrada com alguém. No inicio, os passos tem a mesma cadencia. Em épocas impossíveis de prever, o passo de um se torna mais rápido, ou o passo do outro se torna mais lento, e então um segue em frente e o outro fica para trás, de acordo com sua natureza. Querer nivelar todos os passos é absolutamente egoísta e insensato: mais cedo ou mais tarde sofreremos as graves conseqüências dessa loucura.

Enfim, a mensagem se resume no seguinte: Neste mundo efêmero tudo é fugaz, passageiro, inconstante. Só o dar/receber é nele um permanente acréscimo. As pessoas que passam por nossa vida e se relacionam conosco são nossos companheiros de jornada – por toda a sua extensão ou por um breve trecho – e são um precioso tesouro. Cada uma delas cumpre uma missão, transmite uma mensagem, ensina uma lição, serve como nosso mestre, e depois segue adiante...A amizade é sempre proveitosa e iluminadora, e renderá dividendos para todo o sempre. Cada um de nós é um canal que manifesta o mesmo fluxo cósmico de amor divino. Cada amigo, cada parente, cada ser com que nos relacionamos é um mensageiro desse amor, quer saiba disso, quer não. Reconhecer isso, e pedir para cada um deles as bênçãos do Cósmico, deixando de lado as mágoas inúteis e nocivas pelo abandono ou por nos terem levado a abandoná-los, é uma chave mágica para o bem viver. Reconhecer em cada um deles um anjo portador de luz – que prova de que estamos crescendo em sabedoria e bondade! É bem verdade que é mais fácil dizer que fazer. Somos presas fáceis da mágoa, da raiva, se os outros não são como achamos que devem ser, ou se não somos como eles acham que devemos ser e por isso ocorre uma separação. Negamos-lhes o mais importante dos direitos – escolha de seus caminhos.

Em conclusão, as separações nesta vida são inevitáveis – nossos entes queridos passam pela transição, vão viver em outro país, preferem outra pessoa, nos deixam por algum motivo, como nós podemos resolver deixá-los. A idéia de que tudo obedece a ciclos, inclusive nossos relacionamentos, é válida e pode nos ajudar sobremaneira a superar os traumas maiores ou menores que essas separações possam nos causar. É tudo uma questão de amar com real desapego.

Fácil?

Não.

Impossível?

Também não.

Merecedor de nosso esforço?

Um milhão de vezes sim!

_

[Texto de Ceslawa M.Nycz].

28 de ago. de 2010

Fidel Casto afirma que: 'Bin Laden é agente da CIA'

Fidel Castro recebeu na quinta-feira o escritor lituano Daniel Estulin, famoso por suas teorias conspiratórias, e parece ter se inspirado.



Após o encontro em Cuba, expôs suas próprias teses e não titubeou ao garantir: Osama bin Laden, responsável pelo maior atentado da história dos Estados Unidos, é na verdade um agente da inteligência americana (CIA).


Segundo Fidel, Bin Laden sempre aparecia para assustar o mundo quando o ex-presidente George W. Bush (2001-2009) precisava. O líder cubano deu a entender que sabe disso porque acompanha o WikiLeaks, o site especializado em revelar documentos confidenciais.



"Toda vez que Bush ia meter medo e pronunciar um grande discurso, aparecia Bin Laden com aquela história do que ia fazer e ameaçando. Apoio de Bin Laden nunca faltou a Bush. Parecia um quadro, e quem demonstrou efetivamente que ele era um agente da CIA foi o WikiLeaks", afirmou Fidel, em declarações reproduzidas pelo site Cubadebate.


O escritor lituano aparentemente gostou da teoria de Fidel e lembrou que a última vez que ouviu a voz de Bin Laden foi em 21 de dezembro de 2001. "A partir desta data, ele desapareceu. Foi substituído por um ator ruim, que se veste como ele, mas não se parece com ele", comentou.


_

Faz todo sentido a afirmativa 'teorica' de Fidel.

até pq. a maioria das investigações e reportagens realizadas sobre os atentados de 11 de setembro, dão conta de que: vários indícios apontam que o próprio governo dos USA ( George W. Bush ) está envolvidos nos atentados de 11 de setembro.


Relatos de vários especialistas c/ arquitetos, engenheiros que construíram o WTC, construtores, bombeiros que estiveram lá, testemunhas professores de vôo e repórteres investigativos que correram atrás da verdade e relatar o que realmente aconteceu naquele dia em New York.
_

27 de ago. de 2010

A Luta de Benjamin Franklin _Contra as Deficiências Morais




Benjamim Franklin era um homem que fazia de tudo. Ele foi impressor, cientista, político, economista, financista, escritor, comerciante e inventor. Sua lista de méritos inclui o primeiro hospital, a agência de correio, a companhia de seguros contra incêndio, a biblioteca; como também, a criação dos óculos bifocais, a cadeira de balanço, o poste de iluminação publica, o cartão postal, o jornal Saturday Evening Post, e a Universidade da Pensilvânia. Ele se aposentou, milionário, aos quarenta anos de idade e quando morreu, era o homem mais rico dos Estados Unidos.



Franklin realizou tudo isso e muito mais em sua ativa vida. Mas isso não lhe foi suficiente. Ele quis ser perfeito.

Foi um sermão de domingo que provocou em Franklin o desejo de lidar com o que lhe pareceu uma falta de virtude em sua vida. A despeito de suas realizações, dificilmente se sentia satisfeito consigo mesmo e lutou constantemente com as deficiências morais. Envergonhado com sua vida pessoal, decidiu atacar diretamente cada uma de suas deficiências e transformá-las em tesouros morais.

“Concebi então o audacioso projeto de alcançar a perfeição moral”, escreveu ele. “Desejei viver sem cometer nenhuma falta em momento algum; eu ia conquistar tudo a que pudessem me conduzir a inclinação natural, os costumes ou a diligência.”

Como muitos de nós, Franklin sabia, ou pensava que sabia, o que era certo e errado. Não via qualquer razão por que não pudesse evitar o que era errado e fazer o que era certo. Parecia tão simples em teoria.

“Mas logo descobri que havia subestimado uma tarefa de dificuldades muito maiores do que podia imaginar. Enquanto cuidava de me guardar contra uma falta, era sempre pego de surpresa por uma outra; o hábito ganhava com a vantagem da desatenção; as inclinações eram às vezes mais fortes que a razão.” Tornou-se claro que só o desejo não era suficiente.

Assim, Franklin mudou de tática. Fez uma lista do que ele considerava as 12 virtudes mais importantes. Mais tarde, por sugestão de um amigo, Franklin acrescentou a ‘humildade’ à sua lista.

As virtudes valorizadas por Franklin são hoje tão significativas quanto há 200 anos.

1_TEMPERANÇA: Não como até a congestão; não beba até a embriaguez.

2_SILÊNCIO: Fale apenas o que puder ser benéfico para si mesmo e para os outros. 

3_ORDEM: Deixe tudo o que é seu ocupar seu devido lugar.

4_RESOLUÇÃO: Resolva-se a fazer o que deve ser feito; faça diligentemente o que resolveu.

5_FRUGALIDADE: Faça despesas apenas para fazer o bem a si mesmo e aos outros; isto é, não desperdice nada.

6_LABORIOSIDADE: Não perca tempo; esteja sempre ocupado com algo útil; elimine toda ação desnecessária.

7_SINCERIDADE: Não faça uso de artifícios danosos; pense de modo inocente e justo. Se você falar, fale de igual modo.

8_JUSTIÇA: Não prejudique ninguém por injúrias, ou pela omissão dos benefícios que fazem parte do seu dever.

9_MODERAÇÃO: Evite extremos. Não guarde ressentimentos.

10_HIGIENE: Não tolere qualquer falta de higiene quanto ao corpo, as roupas ou a habitação.

11_TRANQÜILIDADE: Não se perturbe com trivialidades, incidentes comuns ou o inevitável.

12_CASTIDADE: Evite excessos sexuais. Não prejudique sua paz e reputação, bem como a dos outros.

13_HUMILDADE: Imite Jesus e Sócrates.

Toda noite Franklin passava em revista sua lista e colocava uma marca preta para cada falha que tivesse cometido durante o dia. Quando também isto mostrou-se ineficiente, ele decidiu aderir firmemente a uma virtude a cada semana, fazendo apenas o melhor possível com as outras doze.

Ele comparava o processo à capinagem de um jardim, dizendo que um bom jardineiro não tenta remover todas as ervas daninhas de uma só vez – o que esgotaria seu tempo e suas energias – mas, sim, trabalha numa faixa de cada vez.

AUTO-APERFEIÇOAMENTO

Franklin continuou com seu plano de auto-análise e aperfeiçoamento por vários anos, com poucas interrupções. Ele ficou surpreso com os resultados.

“Fiquei surpreso por descobrir que eu tinha mais deficiências do que imaginava; mas tive a satisfação de vê-las decrescendo.”

Mais tarde ele escreveu: “Nunca cheguei à perfeição; na verdade, fiquei bem longe disso. No entanto, tornei-me um homem melhor e mais feliz do que havia sido antes. Só alguns artifícios como esses podem assegurar um progresso seguro rumo à virtude.”

O comprometimento com o auto-aperfeiçoamento foi a ‘chave’ de uma vida melhor para Benjamin Franklin, e a mesma coisa é válida para nós nos dias atuais. Tornar-se uma pessoa melhor é um processo de toda uma vida. Um ponto de partida é adotar os conceitos de Franklin:

1_RECONHEÇA O DESEJO: aprenda a ver seus potenciais.

2_IDENTIFIQUE AS METAS: decida o que você deseja aperfeiçoar.

3_TRABALHE DIARIAMENTE: pratique a auto-observação.

4_ENTRE EM CONTATO CONSIGO MESMO: avalie-se, medite.

5_APRENDA COM OS ERROS: mude o estilo de vida quando necessário.

Como disse Franklin certa vez: “Esteja em guerra com suas deficiências morais, em paz com seus semelhantes, e que cada ano o encontre uma pessoa melhor.” Este ainda é um bom conselho.

_

[Texto de John Schoroeder].

26 de ago. de 2010

O VALOR DO CETICISMO

“Não se pode conhecer realmente uma coisa sem tê-la experimentado”, este é um antigo adágio. Entretanto, há uma falha neste ditado. Muito do nosso conhecimento atual não é resultado da experiência direta. Somos obrigados a aceitar como conhecimento uma considerável quantidade de coisas, relativas a nós mesmos, apenas pela autoridade implícita de outras pessoas. A maior parte deriva-se de fontes como professores, sacerdotes, jornalistas, políticos e pessoas conhecidas. A aceitação das idéias que nos são transmitidas é crença.

Em um mundo complexo, não nos é possível descobrir, por nossos próprios meios, tudo o que devemos saber. Tampouco podemos por à prova tudo o que nos é dito, de modo a comprovar sua validade. A crença, portanto, torna-se um substituto para o conhecimento intimo que se adquire como resultado de nossa própria observação e reflexão. Ao longo de nossas lidas cotidianas, adquirimos conhecimento pessoal até certo ponto. Não podemos deixar de observar que acontecem à nossa volta. Esse conhecimento perceptual é pelo menos factual, tanto quanto possamos confiar naquilo que vemos e ouvimos.

Para muitas pessoas hoje, esse conhecimento perceptual impõe-se sobre elas, sendo forçosamente trazido à sua atenção pelas circunstâncias. Ao se realizar uma ação especifica, uma série de coisas imprevistas, como causas e efeitos, podem ocorrer, as quais não se pode deixar de observar. Usando uma frase jurídica, tudo pode ser totalmente circunstancial e, portanto, uma cuidadosa investigação subseqüente pode provar ser algo diferente do que parecia.

A crença só deveria ser admitida quando a fonte da informação tivesse sido amplamente estabelecida como confiável. Um exemplo de crença justificável são os conselhos do medido. Pode-se verificar pela licença sob a qual ele trabalha que o médico recebeu treinamento técnico em algum campo de terapia. Isto significa que sua opinião e conclusões baseiam-se em um conhecimento de experiência pessoal. Não se pode querer que qualquer um seja uma autoridade na multidão de assuntos técnicos de que depende a vida moderna. Uma tal crença então é uma atitude mental razoável em nossos relacionamentos.

Muito daquilo que lemos hoje em publicações populares e mesmo em noticias jornalísticas é totalmente baseado em uma opinião. Uma opinião é uma conclusão não necessariamente fundamentada em fatos, embora possa ser uma crença honesta. Uma opinião pode ser plausível, pode soar de modo racional e parecer lógica em sua apresentação das idéias. Mas plausibilidade não significa necessariamente que os conteúdos sejam verdadeiros. O desconhecimento de um certo conhecimento pode fazer com que uma afirmação pareça convincente.

Na Idade Média parecia plausível que se uma pessoa caminhasse para muito longe numa única direção, acabaria atingindo os limites da Terra. Essa conclusão fundamentava-se na premissa de que a Terra era achatada. Como exemplo mais recente, pessoas que desconhecem as causas de certos fenômenos celestes naturais por elas percebidos aceitam como afirmações plausíveis que esses fenômenos são provocados por seres extretarrestres no espaço.

No que diz respeito a conhecimento abstrato e temas especulativos que não envolvem fatos reais, deveríamos confiar um pouco na crença. Ninguém é verdadeiramente uma autoridade em questões de opinião pessoal e resultantes de mera interpretação individual. Ninguém pode se afirmar como autoridade em algo que não pode ser demonstrado e que consiste apenas em uma convicção pessoal. A verdade deve ter a confirmação da experiência. Não podemos sustentar que alho é verdadeiro se não podemos, igualmente, submetê-lo à prova de nossas experiências sensoriais. Podemos raciocinar até certo ponto que a questão é bastante auto-evidente para nós. Nós, em questão é bastante auto-evidente para nós. Nós, em nós mesmos, podemos não ter qualquer dúvida sobre ela.

Entretanto, expor um conceito a uma análise objetiva pode subseqüentemente provar que ele é falso. Assim, somos obrigados a aceitar as descobertas principais das nossas experiências sensoriais, em contraste com a razão apenas. Se nos recusamos a aceitar o que os sentidos comunicam, a realidade de certas condições podem nos destruir. Não podemos, por exemplo, fechar os olhos e imaginar que uma rua está livre de carros passando, e caminhar para o meio dela sem correr o risco de um desastre.

Portanto, a apresentação racional de um conceito por uma pessoa, sem a comprovação da experiência objetiva, é quando muito uma verdade relativa. Ela é relativa ao raciocínio particular do individuo que a expõe. Em assuntos abstratos, sua contemplação e interpretação pessoal, que para ele representam uma convicção auto-evidente, são equivalentes às de qualquer outro individuo.

Consideremos a noção abstrata de Deus. Este é um conceito sem uma realidade objetiva. Em outras palavras, não existe uma coisa material que seja uma contraparte da idéia de Deus e que tenha aceitação universal por todos os seres humanos. Conseqüentemente, a concepção de Deus alcançada por um individuo possui uma relativa verdade, igual à alcançada por qualquer outro individuo sobre a mesma questão.

Desacreditar nossa opinião sobre assuntos abstratos, simplesmente por ser nossa opinião, e aceitar a de uma outra pessoa, que se diz uma autoridade, é um desnecessário sacrifício da nossa liberdade intelectual. Encontramos essa crença e fé cega muito comumente à mostra hoje em dia. Porque alguém muito popular escreve ou fala de modo convincente sobre um assunto, que não pode ser empiricamente demonstrado, não deve garantir uma crença implícita nas afirmações feitas. Há uma crescente necessidade de um ceticismo saudável.

Um cético não é alguém com uma mente fechada para as postulações e exposições dos outros. Pensar assim é cometer uma injustiça para como verdadeiro cético. O verdadeiro cético é alguém que chegou a uma convicção pessoal sobre um assunto ou questão. Para ele a questão está até certo ponto satisfeita. Ele não é persuadido a substituir sua própria concepção pela de um outro, a menos que os fatos possam refutá-los ou, no caso de ser algo relativo a um assunto abstrato, que surja um argumento mais lógico que o seu.

O verdadeiro cético é um individualista intelectual, alguém que pensa por si mesmo. Ele não é facilmente influenciado pela opinião das massas, pelo fato de um certo numero de pessoas acreditar nisto ou naquilo, ou por uma publicação popular ter feito esta ou aquela declaração. Para esse cético, verdade é realidade. Ela tem de ser aplicável a certas circunstancias e ter preponderância do respaldo das experiências. Se algo tem em si os elementos da verdade, então é merecedor de aceitação, quer tenha ou não a concordância das massas.

O cético, contrariamente à conceituação popular, não é alguém inclinado à descrença. Ele é tão prontamente um buscador do conhecimento quanto o não-cético, sendo que a diferença é que o cético tem certos critérios pelos quais aquilo que é oferecido como conhecimento é avaliado. Esses critérios são a demanda por uma demonstração razoável de tudo o que é declarado, a menos que se trate de conclusões abstratas ‘prima facie’. Em verdade, o cético diz: “Eu quero acreditar. Eu quero saber. Mas não vou aceitar credulamente tudo o que me dizem, nem vou aceitar sem questionar uma opinião sem provas.” Talvez o cético demore um pouco mais para aumentar seu reservatório de conhecimento. Entretanto, ele é menos suscetível de ficar decepcionado ou desiludido.

Como um homem pode ser livre se não pensar por si mesmo? Afinal, só aqueles que ‘pensam fazem uma escolha verdadeira’. Os demais estão sujeitos à influencia da sugestão, seja ela sutil ou direta.

_

[Texto de R.M.L]

Além de qualquer duvida razoável.


Perturbado, Trix examinou mais uma vez os relatórios anteriores sobe o Planeta Azul que já enchia todo o horizonte. Eram deprimentes. Como podiam seres inteligentes agir de forma tão destrutiva e cruel? O mais belo planeta daquele quadrante do universo vinha sendo sistematicamente poluído, desvitalizado, descaracterizado. Os seres que o dirigiam tinham tecnologia e conhecimentos suficientes para o uso adequado daquele admirável mundo - mas algum defeito em seus sistemas de pensamento os impedia de enxergar a realidade clara e simples das coisas. Pior, estavam brincando com forças cujo alcance e poder não aquilatavam devidamente. Manipulavam energias, cujo alcance desconheciam, com uma arrogância insuportável, e estavam enveredando pelos campos desconhecidos e perigosos da engenharia genética, como crianças a brincar com explosivos.

Tudo para eles era motivo para a criação de novos armamentos e novos meios de dominação das muitas raças que povoavam o planeta. Ignoravam a beleza de seus campos, rios, flores. Se soubessem como era descolorido e monótono o planeta de onde vinha Trix...No entanto, lá havia paz, harmonia, justiça e evolução; era um recanto do universo onde tudo tendia para o amarelo-ocre – águas, montanhas, pessoas – contudo, em Mauria existia a compaixão, o amor fraterno e o desejo sincero de evoluir para a Perfeição, enquanto que no planeta azul – dotado das mais espantosas riquezas e maravilhas, como tantos climas e locais promissores para a formação de civilizações superiores - tudo isto era desperdiçado, mal utilizado, desprezado, em nome da mais grosseira ambição, egoísmo e desejo de dominação. Com o correr dos séculos, a maldade dos homens tinha formado uma aura tenebrosa ao redor do planeta, que fazia mal a todos os investigadores que dele se aproximavam para observação e estudo; aura essa cujas emanações estavam se tornando insuportáveis, e se avizinhavam do ponto de causar prejuízos a outras civilizações daquele quadrante.

Trix já vivera muito, tinha visto muitos mundos e estudado muitas civilizações, e nada se comparava àquele extraordinário desperdício de oportunidades. Ele controlou as emoções que o invadiam, pois seu trabalho exigia a mais absoluta frieza e imparcialidade. Sua missão era dar a última palavra sobre o extermínio ou não dos habitantes do planeta azul, para que o mesmo pudesse um dia abrigar criaturas mais merecedoras e sensíveis. Vários estudos tinham sido feitos, verificados e reverificados, porque os Maurianos, cujo dever era cuidar daquele quadrante do espaço sideral, eram justos e tinham horror a qualquer infração das sagradas leis que regem o universo. Trix recebera ordens de fazer a derradeira revisão, e sua decisão seria definitiva. Ele sentia o peso dessa responsabilidade, e pensava quase que obcecadamente nas recomendações finais do Conselho de Mauria: o povo do planeta azul só seria exterminado após qualquer possibilidade de haver uma ‘duvida razoável’ ter sido declarada inexistente.

Trix desligou o aparelho onde os relatórios feitos nos últimos séculos mostravam com muita clareza que os ‘humanos’ pareciam irrecuperáveis – eram maus, ambiciosos, egoístas e cegos para os valores mais elevados da Vida Universal. Em seguida, ordenou à sua mente que esquecesse aquelas cenas e palavras gravadas nos relatórios, para poder ver o planeta de maneira imparcial e isenta de pré-julgamento.

Entrou na nave menor, própria para o seu trabalho, e iniciou a inspeção final da Terra. Usando os sensores de bordo, sua capacidade telepática superior e contato visual pelos visores, viu a beleza das geleiras cintilando ao Sol, dos campos pontilhados de flores [era primavera], das montanhas majestosas, dos rios murmurantes, dos dourados desertos [vários deles causados pelo descuido dos homens]; examinou as grandes cidades, as fabricas imensas vomitando veneno pelas chaminés, as belas casas e os jardins dos poderosos, como também os prédios desumanos com seus apartamentos frios e sem personalidade, as favelas miseráveis, e principalmente as armas, as articulações secretas de grupos de homens, cujos resultados eram sempre a fome, a morte e o sofrimento de nações inteiras. O ‘ruído’ de todas essas coisas era insuportável e Trix precisou usar todo o seu extraordinário controle para continuar a inspeção. Captou as intenções malévolas dos humanos em geral, a falta de compaixão, a ausência de ternura, de alegria, de simplicidade, e o nível da moralidade atingindo o fundo da escala. ‘Viu’, através dos poderes de sua mente, humanos jovens se destruindo lentamente no desespero de drogas perigosas, práticas perversas, crimes, loucuras. O ‘ruído’ malévolo e dominante de todas essas coisas era ensurdecedor, invadia todo o espaço e não lhe permitia captar as vibrações amorosas emitidas por alguns seres humanos.

Trix pensou, atordoado: “Se eu não fosse tão bem treinado, morreria em um minuto nesta atmosfera pestilenta, carregada de ódio, inveja e mesquinhez. Como é que ‘eles’ conseguem viver assim? Devo concluir sem sombra de duvida que seres mais merecedores deverão ter o privilégio de viver um dia neste planeta tão belo. Seus habitantes devem ser exterminados; não souberam usufruir com dignidade e inteligência dessa dádiva divina que lhes foi concedida por algum alto desígnio. Mas devo ser justo ao máximo. Só por desencargo de consciência, vou descer num ponto desabitado qualquer e sentir o planeta fisicamente, para ter certeza de que não existe uma duvida razoável, pois esta é uma decisão muito pesadas, que poderá ter conseqüências cármicas muito vastas. Ela deve ser correta e visar o bem maior.

Trix pousou a nave sobre uma rocha que se erguia numa praia deserta. Desceu e, pela primeira vez, seus pés tocaram o solo do planeta azul. Todo os eu ser se encheu de emoção: o cheiro do ar, o fragor das ondas verdes e espumosas do poderoso oceano, a sensação deliciosa do vento em seu corpo, o azul profundo do firmamento – era tudo tão belo, tão divino! Viver em um lugar assim ‘teria’ que inspirar sentimentos nobres, não todos aqueles sentimentos horríveis que envolviam a Terra com tão medonha aura. Aquele recanto estava protegido por penhascos, mas ainda assim era fácil detectar o angustiante e sombrio peso do ambiente terreno.

Trix nem percebeu que uma criança o olhava com admiração. Davi tinhas ido brincar na areia com suas bolinhas de vidro, único brinquedo que possuía, pois era muito pobre, e ficava a maior parte do tempo sozinho – a mãe era empregada doméstica numa casa a uns dois quilômetros dali, onde não admitiam a presença de crianças. Nem por isso Davi era infeliz. Sua mão o amava, contava-lhe histórias bonitas e ensinava preces, transmitia idéias positivas e alegres, cheias de esperança e amo. É claro que às vezes ele se sentia muito só, mas sabia conversar com o vento, com as águas do mar, coma s gaivotas que ali vinham pescar. Ao ver aquele estranho homem alto, magro, de pele amarelada, com aparência nobre e sábia, Davi adivinhou logo quer ‘era um astronauta’. E por ser criança não teve medo e foi se aproximando.

Trix se surpreendeu um pouco com a própria distração, indevida naquelas circunstancias. Mas ao sentir as vibrações daquele serzinho miúdo, soube que tudo estava bem. Em poucos minutos os dois estavam jogando bolinhas, ‘tecando’ umas nas outras, colocando-as nos buraquinhos feitos por Davi na areia molhada e firme. Trix achou as bolinhas fascinantes, com suas volutas coloridas e misteriosas. Davi, a certa altura, disse que gostaria de viajar pelo espaço, mas só se a mãe fosse junto. Trix respondeu que era impossível, não podia levar passageiros. Porém, podia mostrar-lhe a pequena nave de reconhecimento. Feita a visita, que maravilhou o menino, Trix infantilmente pediu para brincar mais um pouco com as bolas de vidro – estava encantado com o brinquedo.

“É normal haver uma exceção neste mundo – creio que este serzinho é a exceção que confirma a regra”, pensou Trix tristemente, cuja decisão continuava firme. Sua descida tinha sido apenas mais um meio de captar impressões sobre um planeta que logo estaria desabitado, tendo que assim permanecer por vários séculos, até que a aura se purificasse e ele pudesse ser mais uma vez o berço de novas civilizações.

“Sinto muito, menino”, pensou ele, “mas você é apenas um entre bilhões de criaturas sem caráter, cujo fim só pode ser a destruição. A operação-exterminio apenas irá apressar esse fim, que virá sem dor ou sofrimento.”

Então Trix se despediu de Davi, dizendo: “Tenho de partir, tenho obrigações a cumprir. Adeus e obrigado”.

“Mas tão depressa? É uma pena, gostei da sua companhia. Foi muito engraçado saber que vocês podem viajar entre as estrelas, mas não sabem fazer bolinhas de vidro colorido para brincar!”

“Não é mesmo estranho? Gostei desse jogo, acho que meus filhos adorariam jogar também. Tentarei fabricar bolinhas de vidro, mas não conseguirei fazê-las tão coloridas – em meu mundo os recursos de cores são pequenos, talvez seja este o único defeito do meu planeta natal...”

“Está certo, Trix. Faça boa viagem, vou sentir sua falta, você é um cara legal. Mando lembranças para seus filhos.”

“Adeus, Davi. Quem sabe nos encontraremos de novo um dia, em algum lugar do universo, para continuar nosso joguinho de bolinhas...”

Com estas palavras, ditas com uma certa amargura, Trix começou a andar na direção da nave, enquanto o menino olhava tristemente para o novo amigo que ia embora tão depressa. Então teve uma idéia e saiu correndo atrás do ‘astronauta’, depois de contemplar por algum tempo as bolinhas de vidro, sua única riqueza, que mal cabiam na mãozinha miúda.

“Trix! Espere um pouco!”

“Tome, leve isto, é um presente!”

Trix, parou, voltou-se e viu as bolinhas coloridas na mão estendida para ele, numa dádiva totalmente pura e generosa, de real amizade. Emocionado, ele pegou as três e as levou para a nave, depois de abraçar carinhosamente o garotinho.

Trix tinha que terminar sua missão, mas estava inquieto, uma agitação interna o perturbava. Decidiu voltar à praia para pensar um pouco mais e senti pela ultima vez a delicia daquele lugar e o frescor da brisa marinha. Levou as bolinhas e sentou-se numa pedra para meditar, fixando o olhar no encantador colorido do vidro, à luz suave do crepúsculo. Aos poucos, sentiu vibrações muito sutis e foi separando-as do tumulto que envolvia o planeta com uma densa nuvem.

E então, ouviu a voz de um poeta exaltando a glória da natureza. E a cantiga de uma jovem mãe embalando o filhinho. Sentiu a força do ideal que levava os defensores do meio ambiente a lutar com denodo pela saúde da Terra. Captou preces de místicos em meditação, harmonizando-se com a Divindade, orando pela paz, pele amor, pela fraternidade entre os homens. Percebeu que entre os louco tecnólogos haviam alguns que tinham o desejo de disciplinar o uso do saber. E sonhadores a desenhar no ar um mundo melhor e mais justo. Homens e mulheres sacrificando seu tempo e conforto para levar alivio e pão aos doentes e famintos.

Eram bem frágeis aquelas vibrações diante da força selvagem da maldade humana, por isto tinham passado despercebidas no ‘ruído’ grotesco que sufocava Terra. Trix tomou conhecimento delas, e não podia ignorá-las...O episódio das bolinhas de vidro tinha servido de catalisador ou de ‘sintonizador’.

Voltando à nave maior, TRix sentiu-se confuso, dividido entre a decisão já tomada e a inquietação que o acometia. A luz do teto incidiu com força sobre as bolinhas de Davi, ao lado do teclado fatal, com os botões que iam decidir o destino do planeta azul. O olhar de Trix foi atraído para elas e nesse instante soube com intima convicção que lhe seria impossível apertara a tecla ‘execute’ que determinaria o breve extermínio da humanidade.

A generosa e espontânea dádiva de Davi [que nunca saberia do fato...] tinha presenteado o povo da Terra com mais uma chance de corrigir seus descaminhos, e se tornar digno do planeta azul, ao criar uma poderosa ‘dúvida razoável’...

_

Há muitas pessoas chegando a acreditar, com amargura e ceticismo, que a raça humana não é digna da vida, que não ‘presta’, etc. E ainda que não digam isto com estas ou outras palavras semelhantes, dizem-no com atitudes de um constante ‘não vale a pena’, seguindo as massas em comportamentos de degradação e na inversão de valores e princípios universais. Publicamos esta historia de ficção com o intuito de, criar no coração de cada um uma mesma ‘dúvida razoável'...

-

[Texto de Ceslawa Nycz]

Amit Goswami _ propõe a união de ciência e espiritualidade

Em entrevista ao iG, Amit Goswami, protagonista do filme "Quem Somos Nós", propõe nova forma de encarar a ciência.

Após o lançamento do filme “Quem Somos Nós?”, seja no âmbito científico ou nos debates acadêmicos, o estudo da física quântica ganhou nova evidência. A temática do documentário, que abrange uma nova percepção a respeito da realidade e propõe um novo tipo de consciência a partir da mecânica quântica, ganhou as livrarias e popularizou um assunto até então restrito aos físicos, biólogos, psicólogos e parte da comunidade filosófica.

Ph.D em física quântica e professor emérito de Física da Universidade de Oregon, nos EUA, o indiano Amit Goswami foi um dos protagonistas desse longa-metragem sucesso de bilheteria nos EUA e Canadá. Suas ideias a respeito das possibilidades existentes ao unir ciência e espiritualidade inspiraram novos comportamentos e causou críticas de grande parte dos cientistas materialistas.

E não é para menos. Goswami trabalha com temas polêmicos – reencarnação, experiências de quase morte, imortalidade. E, além de teorizar e realizar experimentos por métodos não convencionais – sem o uso da matemática –, ele escreve de forma didática sobre conceitos como a física da alma humana e novas formas de tratamento medicinal através da física quântica.

De passagem por São Paulo para realizar workshops, o iG conversou com Goswami. Confira:

iG: Alguns críticos consideram o seu trabalho um discurso de auto-ajuda ao invés de ciência. Qual a sua opinião sobre isso?
Amit Goswami: O mundo está de cabeça para baixo (risos). Temos que considerar que há muitas teorias físicas que nunca poderão ser verificadas existencialmente antes de fazer esse julgamento. Por exemplo, a teoria do Stephen Hawking a respeito do buraco negro. O que ele defende não pode ser verificado, mas todos a consideram uma possibilidade, justamente por ela ter uma base matemática.
E aí a controvérsia, pois, por mais absurdo que seja uma teoria, se ela tem matemática envolvida ela é validada, e por mais que tenham experimentos que provam a veracidade de teorias da física quântica, sem a matemática ela é considera como base de reflexão, auto-ajuda. Inclusive, existe uma teoria matemática para provar que nenhuma matemática é possível para provar os paradoxos quânticos. Só que não podemos esquecer que escrevo sobre a mecânica quântica pura. Minhas teorias são adotadas em universidades ao redor do mundo

iG: Como é esclarecer cientificamente assuntos como reencarnação sem confrontar com dogmas religiosos?
Amit Goswami: Mesmo atuando com temas sensíveis, vejo que as comunidades religiosas não estão tão perturbadas com o meu trabalho. Elas até consideram que as minhas teorias e experimentos ajudam a esclarecer as pessoas. No geral, são os materialistas que batem de frente. Mas, não me considero um ‘peixe grande’ para tentarem me atacar. Também não enxergo minhas atividades sendo sabotadas em larga escala. Por enquanto, as críticas são pontuais, pequenas.

iG: E a comunidade médica, qual a percepção dela em relação a sua proposta de cura quântica?
Amit Goswami: Os médicos da medicina alternativa têm uma aceitação melhor, pois contam com práticas sutis. Porém, acredito que as coisas estão mudando. Os estudiosos da física quântica estão plantando uma semente na comunidade médica e, nesse aspecto, os cientistas materialistas não querem atacar diretamente. O que eu posso dizer é que sinto os médicos receptivos as minhas ideias sobre a cura quântica. Individualmente, eles, psicólogos, biólogos, químicos e outros não se perturbam ao debater meus critérios sobre tratamentos e evolução. As coisas mudam quando a opinião é exposta e se torna pública.

iG: Após o lançamento do filme “Quem Somos Nós?” houve novos avanços nos estudos da física quântica?
Amit Goswami:[O filme] Ajudou muito. Fomentou pesquisas e experimentos, rendeu novas percepções. Por conta dele surgiu um conhecimento geral, mesmo que não profundo, que antes não existia. Foi um trabalho que transmitiu muitas mensagens, sendo duas as principais: os circuitos cerebrais, tratando as conexões sinápticas, e a mecânica da física quântica, que se inseriu mais na concepção e realidade das pessoas, fato que considero o grande avanço.

iG: Sendo originário da Índia e filho de um guru hindu, até que ponto você acha que esse contexto pode ter influenciado nas suas teorias?
Amit Goswami: Existe muito barulho por nada. A verdade é que eu era um completo materialista. Minha origem e educação não tiveram nenhum papel na minha vida científica. Somente após as descobertas é que eu retornei as tradições espirituais. E não fico restrito ao budismo, ao hinduísmo ou a qualquer misticismo oriental. Respeito todas as religiões. Admiro o conhecimento de Jesus, por exemplo.

iG: E como ocorreu esse desapego ao materialismo?
Amit Goswami: Eu estava discutindo questões da física quântica com um místico. Ele deu sua percepção a respeito da realidade dizendo que se você considerar a consciência como base de toda existência, e a matéria simplesmente uma possibilidade da consciência o paradoxo se desfaz. Isso difere tanto da ciência materialista quanto das religiões tradicionais. Foi uma ideia criativa. No momento foi impossível pensar nisso racionalmente, simplesmente veio.
_
Site: www.amitgoswami.com.br

Sagrado Espaço


O espaço é definido em muitas enciclopédias como a extensão infinita que separa e circunda os objetos: Essa extensão é a origem das três dimensões que os seres humanos podem perceber e que, como todos sabem, são comprimento, largura e altura. Do ponto de vista místico, o espaço não é verdadeiramente uma realidade material. Ele é um produto da consciência humana e, mais precisamente, de seu aspecto objetivo. Mas a consciência é um atributo da alma. Conseqüentemente, ela é imaterial em natureza. Assim sendo, somos forçados a reconhecer que o mesmo é válido para o espaço. Em outras palavras, o espaço é imaterial no plano Absoluto. O erro da humanidade é tentar conquistar o espaço com instrumentos materiais.

Uma vez que a humanidade jamais conseguirá conquistar o espaço através de meios materiais e uma vez que o espaço é um produto da mente humana, devia ser óbvio para nós que é através da consciência que podemos dominá-lo. A consciência humana, tal como entendemos, atua sobre dois mundos: nosso meio objetivo e nosso universo interior. Nossa consciência objetiva aplica-se à substancia das coisas, isto é, às três primeiras dimensões do espaço. Quanto à nossa consciência interior, relaciona-se mais particularmente à sua essência, ou seja, à quarta dimensão do espaço. Uma vez que o espaço não pode ser conquistado por meios materiais, somente nossa consciência interior, e não nossa consciência objetiva, pode nos possibilitar conquistá-lo. Mas que é exatamente a consciência interior? Para responder esta pergunta, temos de explorar um segundo conceito – o de ‘sagrado’.

Como dito acima, entendemos a consciência como atributo da alma. Ela penetra no corpo junto com a alma, quando a criança inspira pela primeira vez, e deixa o corpo no instante da ultima expiração. É por isto que a Ontologia Rosacruz afirma que Deus criou o homem do pó da terra e soprou em suas narinas o sopro da vida, e o homem tornou-se alma vivente, isto é, uma personalidade consciente encarnada. Além disso, quando buscamos referencia no persa, sânscrito, grego, latim e na maioria das línguas antigas em geral, encontramos a mesma palavra para designar alma, espírito e sopro [respiração]. Por exemplo, temos a palavra sânscrita ‘anifi’ que significa ‘sopro’; a palavra grega ‘anemos’ significando vento; e a palavra latina ‘animus’, sopro de vida.

O SOPRO DIVINO

Assim, vemos que os antigos místicos de tempos imemoriais sempre ligaram a essência espiritual dos seres humanos ao Sopro Divino. Eles acreditavam que, no momento do nascimento, através de um processo misterioso de alquimia cósmica, a criança respira na alma que Deus exala em sua direção, e que na hora da morte a pessoa a exala no universo, de modo que Deus a inala novamente. Foi isto que fez os sábios da antiguidade dizerem que a vida é uma respiração universal que a humanidade compartilhou com seu Criador desde a aurora dos tempos. Em linguagem mística, portanto, a palavra ‘sopro’ adquiriu o significado especial de sagrado, pois em si mesma constitui o meio pelo qual Deus escolheu para dar vida e consciência aos seres humanos e a todos os seres vivos em geral.

Em muitas linguagens antigas, a mesma palavra designava alma e espírito. Mas há séculos usamos a palavra ‘Espírito’ para designar a energia subjacente a toda a matéria. Devemos ver neste termos uma escolha deliberada, pois ele surge que a essência espiritual que permeia o universo e a substancia material que a manifesta são, na verdade, as duas expressões complementares de uma única energia cósmica. A realidade cotidiana confirma isto, pois o ser humano é realmente substância e essência; em outras palavras, corpo e alma. Portanto, cada um de nós é o duplo reflexo de um único Sopro Divino, e uma que o Sopro sempre foi visto com aquilo que é mais sagrado, podemos deduzir daí que, na Terra, os seres humanos são a mais nobre expressão dessa energia cósmica sagrada.

Conseqüentemente, o misticismo e a lógica nos levam a afirmar que, primeiro e antes de tudo, o sagrado espaço é a própria humanidade. Mas ser sagrado não significa ter consciência do sagrado. Para se convencer disso, basta observar como as pessoas são descuidadas em relação ao seu corpo, e como são desrespeitadoras em relação ao corpo dos outros. Muitas doenças são provas vivas desse descuido e desse desrespeito. Se todas as pessoas da Terra tivessem plena consciência de que o corpo físico é o templo da alma e que, como tal, é sua mais sagrada posse, elas o respeitariam muito mais e seriam muito menos impassíveis em relação aos que não tem meios para alimentá-lo, saciar sua sede e mantê-lo aquecido. Digo ‘muito menos impassíveis’ porque, para além do caos que está sacudindo nosso mundo, grupos humanitários organizados para o beneficio dos menos privilegiados nunca foram tão numerosos. Isto se deve a que as influencias cósmicas da Era de Aquário estão se fazendo sentir mais e mais. Supõe-se que essa Era por vir testemunhe a Idade de Ouro do Conhecimento, da Fraternidade e da Paz entre nações e indivíduos. Todos devemos nos envolver nessa perspectiva e dar nosso suporte espiritual a todos os caminhos e meios escolhidos por nossos contemporâneos para prestar assistência aos que necessitam, que sofrem um vazio no corpo, o qual sua alma tenta preencher orando mais ao deus da morte do que ao Deus da Vida. É claro que ao prestar assistência nessas questões é nosso dever, no entanto, usar de cautela e não agir em ignorância e ingenuidade, sem a devida reflexão.

SAGRADA TERRA

Se é verdade que nosso corpo é o templo da alma em nós, como personalidade terrena cada um de nós é o santuário de um templo ainda maior - o da própria Terra. Isso significa que os seres humanos não constituem sozinhos o Sagrado Espaço, mas são apenas um elemento dele. Realmente, o que seriamos nós sem a equipagem natural que dá suporte à nossa evolução espiritual? Quando a Inteligência, a Mente Divina, concebeu o universo e o criou por meio de seu Verbo, sabia que ele seria o palco da vida e da consciência. O planeta onde nossa humanidade vive agora, e a que os antigos deram o nome de Terra, não é uma exceção à regra. Ele é o laboratório que o Cósmico confiou aos seres humanos para que pudessem redescobrir a fórmula que lhes dará a maestria sobre a matéria. Voltando à terminologia que usamos, ele é o ‘cadinho onde a Alma Universal’ deve espiritualizar o Espírito. É por isso que devemos considerar que, para a coletividade humana, é isto que o corpo é para cada um de nós – um veículo material servindo à Evolução Cósmica.

Infelizmente os jornais nos mostram o quanto os seres humanos desrespeitam seu planeta. Por motivos errôneos, que não tenho de expor neste artigo, algumas pessoas poluem, destroem e espoliam o que a Terra tem de mais belo para oferecer. Em resumo, profanam o Templo dedicado à nossa humanidade. É verdade que, como no caso da ajuda mutua humanitária, mas e mais pessoas estão se conscientizando do risco que todos corremos ao tornar nossa Terra uma escrava dos nossos mais tolos caprichos. Movimentos ecológicos mundiais são prova disso e, fora de qualquer contexto político,devemos apoiar os pensamentos mais puros que eles defendem para as futuras gerações. Esta é uma necessidade vital parar a sobrevivência da espécie humana, tal como ela se manifesta em nosso globo, e todos os que não consideram o bem-estar físico e mental dos outros ou que exploram abusivamente da Terra, indiferentes ao mal que infligem a ela, são culpados de guerra contra Deus e a humanidade. Seu carma será diretamente proporcional à sua falha em perceber ou, mais exatamente, à sua persistente teimosia em ignorar o direito de viver dos outros e sua obstinação em destruir aquilo que não pertence a eles, e nunca vai pertencer.

Disso tudo decorre que nossa percepção do sagrado e do espaço em que ele se manifesta é o reflexo do respeito que temos pela própria humanidade e seu ambiente evolucionário. Mas há um terceiro espaço entre os seres humanos e seu ambiente evolucionário a que devemos dar atenção especial. Refiro-me ao local intermediário entre seu Santuário interior e o Templo terrestre onde devem trabalhar. É o intermediário entre os mundos visível e invisível. Por que? Porque enquanto formos incapazes de pensar por meio de Deus, fala por Deus e agir em nome de Deus, precisamos de um apoio para nos lembrar diariamente que ali está nossa meta. É por isto que o ‘Sanctum’ é o laboratório interno onde o misticismo é estudado, com o propósito de aplicá-lo no laboratório externo que é o mundo.

Portanto, o ‘Sanctum’ não é um lugar onde devemos ir para meditar ocasionalmente, quando temos um problema a resolver.Ao contrário, é um espaço sagrado a partir do qual devemos regularmente reajustar o perfil do nosso comportamento. Muitas pessoas têm tendência a pedir ajuda de Deus quando passam pelo infortúnio e esquecem de agradecer a Deus quando a felicidade lhes surge. Esta não deve ser nossa atitude, pois a meditação deve ser usada para irradiarmos as alegrias interiores que recebemos, tanto quanto para pedirmos ao Cósmico o auxilio para resolvermos todos os nossos problemas. O ‘Sanctum’ é um local privilegiado nessas duas circunstancias, pois devido ao que é e o que representa, ele facilita a projeção dos nossos pensamentos e a recepção das idéias mais inspiradoras.

Nossa presença no ‘sagrado’ não deve se limitar apenas a agradecimento a Deus pelas bênçãos que nos são concedidas, buscarmos uma solução para nossos problemas ou realizarmos nossa evolução intelectual e espiritual. É também vital para o bem-estar dos outros. Em outras palavras, devemos entrar nele regularmente para meditar e orar por todos os que sofrem física ou espiritualmente e que precisam do auxilio cósmico. Em outras palavras, não podemos e não temos o direito de ficarmos insensíveis ao sofrimento físico ou mental dos outros.

NOTICIAS ANESTÉSICAS

Por causa do modo como os acontecimentos são noticiados hoje em dia, as sociedades modernas fizeram os dramas da existência humana parecerem banais.

Em conseqüências, as pessoas tornaram-se anestesiadas ao ver e ouvir, com um grau maior ou menor de indiferença, os sofrimentos externos de seus irmãos. Quando um seqüestro acaba na execução de diversos passageiros, quando um ataque criminoso provoca a morte de dezenas de pessoas, quando fanáticos assassinam centenas de cidadãos em nome de seu Deus, quando guerras de interesses pessoais trazem em seu dorso a morte de milhares, quando um desastre nuclear ameaça milhares de pessoas, quando as forças das trevas prevalecem sobre as forças da Luz - o que faz a maioria das pessoas? Elas vêem e ouvem as noticias, ficam mais ou menos indignadas na hora, e, então, voltam-se para seus próprios problemas. Elas continuam a saber das noticias e acreditam que são impotentes, para fazerem alguma coisa sobre os eventos que estão sendo noticiados para elas. Mas isso não é totalmente verdade.

Estou convencido de que muitos dramas nos noticiários poderiam ser evitados, ou pelo menos terem um final melhor, se ao menos todos os que estivessem conscientes deles naquele momento pensassem positivamente em relação aos acontecimentos envolvidos. Por exemplo, quando uma criança é seqüestrada,é inútil ficar indignado, fazer especulações sobre a identidade do seqüestrador ou fazer suposições sobre como tudo vai acabar. Essas atitudes apenas alimentam o processo invisível que tornou possível esse ato de seqüestro. Acredito que é muito melhor orar ao Deus do seu coração para que ajude a criança e pedir para ela o auxilio das forças espirituais, que estão sempre esperando para serem canalizadas. Imaginem, então, o poder considerável que milhares d pessoas podem representar quando, no mesmo lapso de tempo, todas elas focalizam pensamentos positivos sobe um dado acontecimento! O dever do místico, nosso dever, é procedermos exatamente desse modo toda vez que uma tragédia acontece em algum lugar do mundo. Com isto quero dizer que tão logo somos informados de uma situação em que a integridade física ou moral de outras pessoas está ameaçada, devemos imediatamente trabalhar espiritualmente, chamando pelas forças de Deus, para que elas possam neutralizar a causa e a expressão do mal que testemunhamos.

Freqüentemente ouvimos as pessoas dizerem que se Deus existisse não consentiria nas atrocidades diárias que aparecem nas primeiras paginas dos jornais. O que essas pessoas não compreendem é que deus como uma essência e energia é fundamentalmente construtivo em natureza, mas que cabe aos seres humanos expressar os poderes divinos. Analogamente, a Terra contém potencialmente todos os elementos que permitem as plantas crescerem. Mas num jardim, os vegetais só crescem se os plantarmos, se os livrarmos das ervas daninhas e se cuidarmos do seu crescimento. Assim também acontece com os assuntos humanos. Devemos agir para canalizar o potencial positivo que o Cósmico coloca ao nosso dispor,m pois se não fizermos nada ou ficarmos neutros, a ausência de Deus se faz manifesta. É por isto que a passividade e a neutralidade são as maiores servas do Mal.

Portanto, o Sagrado Espaço, é sem duvida o local mais adequado para criar causas no plano invisível, que terão os efeitos positivos mais fortes no plano visível. É verdade que podemos invocar, visualizar, meditar e ora em qualquer outro lugar que não o nosso Sanctum, mas ainda assim é na atmosfera harmoniosa de suas vibrações que encontramos as condições mais condizentes com qualquer trabalho metafísico. Além disto, o fato de nos recolhermos nele para canalizar as forças de Deus cria uma associação de idéias entre seu simbolismo e aquilo que devemos realizar. Isto significa que quanto mais nos habituamos a entrar em nosso ‘Sagrado Espaço’ para servir às forças da Luz, mais geramos a necessidade interior de entrar nele. Pó outro lado, quando mais satisfazemos essa necessidade interior, mais criamos nesse santuário as condições vibratórias que tornarão ainda mais eficiente o trabalho místico que fizermos. Portanto, o Sanctum é um dos lugares mais sagrados para pormos as virtudes que atribuímos à consciência da alma e os poderes que atribuímos à Inteligência Divina.

Concluindo, devo dizer que o sagrado espaço da humanidade é proporcional à visão que ela tem de sua própria natureza e do papel que deve desempenhar no plano geral da Criação. Para nós, esse espaço cobre um reino tão vasto quanto a dimensão visível e invisível que tem do universo e é o reflexo do Deus que eles amam e compreendem. No espelho do seu Sanctum interior, todas as estrelas, todos os planetas, e todos os paises da nossa Terra, incluindo todos os seus habitantes e tudo o que vive em sua superfície, são tão sagrados aos seus olhos quanto seu próprio corpo e a alma que faz de cada um deles um ser vivo e consciente. O Templo do Universo, o Templo da Terra e o Templo da Vida são um só no Templo do Homem. É por isto que chegou a hora de trabalharmos no sentido de reconstruí-lo, pois a Luz Messiânica deve emanar da Jerusalém Celeste que vibra em nosso interior. Não devemos mais nos contentar apenas com conversas sobre misticismo e em lisonjearmos o ego com discursos teóricos sobre a espiritualidade. É hora de darmos expressão concreta, através da ação, à compreensão que temos do Deus do nosso coração, pois um espaço é sagrado somente se servir à rosa que anseia por desabrochar na cruz que todos carregamos.

-

[Texto de Cristian Bernard]

23 de ago. de 2010

Na Soleira da Porta da Casa da Tolerância

Acho que foi P. Claudel quem disse: ‘Tolerância? Existem casas disso!’ Piada, sátira, é claro... Mas olhando mais de perto, a ‘Casa da Tolerância’, que nosso comportamento muitas vezes fecha a porta e a torna uma casa ‘fechada’, não deveria ser aberta novamente? Essa casa cuja localização é o ‘Coração’. Eis então, entre muitos outros, alguns elementos de reflexão sobre a tolerância.


SITUAÇÕES PROBLEMÁTICAS

Existem situações que todo mundo reconhece como sendo um problema [por exemplo, desemprego, miséria, etc]. Mas embora haja uma unanimidade ao se dizer que os problemas existem, cada pessoa pode ter uma idéia diferente para uma solução e se sentir convencida de que a sua idéia é a melhor.

A ABORDAGEM MUNDANA

Na maior parte do tempo, cada um defende rigidamente uma solução, o que acaba em conflito e retardando o progresso das decisões a serem tomadas para resolver o problema, que se prolonga. A rigidez na defesa da sua posição é geralmente a fonte dos fanatismos. É a intolerância total.

Num grau menor, podemos observar o fenômeno das negociações que tendem a chegar a um acordo. É a tolerância relativa. Neste caso, os protagonistas levam um tempo mais ou menos longo a argumentar, apelando para todas as suas capacidades intelectuais e se apoiando em suas bagagens culturais. Aqui também o problema se prolonga, com toda sua agudeza, enquanto um consenso não é alcançado.

A natureza desse consenso será fortemente o reflexo daquele que for mais hábil nas negociações, aquele cujos argumentos tiverem mais peso. O que também envolve uma bagagem cultural importante. Porém, não é absolutamente seguro que o consenso seja a melhor solução possível. Assim, por exemplo, o negociador que tem a melhor solução poderá não ter a habilidade, a eloqüência ou a bagagem cultural, e ter diante de si uma pessoa dotada desses recursos, propondo uma solução menos acertada para o problema, mas que no entanto conseguirá a adesão do grupo que, seduzido pela vivacidade do orador, rejeitará a solução do orador menos brilhante mas portador de uma solução melhor.

QUAL A MELHOR SOLUÇÃO?

A melhor solução... mas somos levados a perguntar: em relação a que? Alguns pontos talvez nos dêem uma pista:

1. A melhor solução é o processo que permite chegar a um resultado justo.

2. Um resultado é justo quando está em conformidade, em todos os pontos, com as leis do sistema em que o problema está inserido.

3. Para se chegar ao resultado justo, só se pode usar o processo, sendo que este está em conformidade com as leis daquele sistema.

4. Em nosso mundo manifesto, experimentamos duas espécies de leis: as leis humanas e as leis cósmicas.

5. As leis humanas são cambiantes. As leis cósmicas, das quais nosso mundo faz parte, são imutáveis.

6. Então a melhor solução é aquela que está em harmonia com as leis cósmicas, permitindo chegar a um resultado que esteja em conformidade com essas mesmas leis.

A ABORDAGEM MÍSTICA

Enquanto a pessoa mundana busca instintivamente a solução de um problema baseando-se no sistema das leis humanas, o místico, graças aos estudos e à pratica dos ensinamentos, tem o reflexo natural de buscar a solução desse mesmo problema referindo-se primeiro e acima de tudo às leis cósmicas.

Isso quer dizer que cada um deve buscar saber se a solução que ele defende está de acordo com as leis cósmicas, antes de querer impor aos outros essa solução ou ele mesmo aplicá-la. Seria também conveniente perguntar-se sobre que grau de conhecimento das Leis Cósmicas ele se baseia para afirmar que sua solução está de acordo com elas.

A VIA DA TOLERÂNCIA

Tendo consciência de que ninguém detém o conhecimento total das leis cósmicas [salvo os Iniciados de Graus elevados e os Mestres Cósmicos], cada pessoa seria naturalmente levada a relativizar mais suas opiniões, seus pontos de vista. Isto diminuiria consideravelmente o fanatismo. Não seria apenas a simples tolerância relativa das negociações mundanas. Seria a via da Tolerância. E é no nível do ‘Coração’ que se faz o trabalho da relativização.

UNIDADE

Podemos até afirmar que se todo mundo tivesse um conhecimento perfeito e total das leis cósmicas [daqui a uma eternidade isto talvez seja possível], cada individuo chegaria à mesmíssima solução para a resolução de um dado problema. Assim, percebe-se que, na verdade, as divergências de opiniões não são nada mais do que a tradução de diferentes graus de conhecimento [ou diferentes níveis de ignorância] das leis cósmicas. Podemos até mesmo pensar que quanto mais se avança na senda menos a tolerância é uma realidade, pois as divergências de pontos de vista, diminuem para dar lugar à Unidade de Opinião. E onde não há divergências de opinião, reina a Unidade do ponto de vista. Ora, onde reina a Unidade de ponto de vista, a tolerância deixa de ser um conceito, deixa de ter realidade.

Em relação à abordagem das negociações baseadas nas leis humanas, que ganho de tempo oferece a abordagem mística! E quanto beneficio levado aos outros sem retardos supérfluos, ela permite em matéria de por em aço a melhor solução. Isso é ainda mais precioso quando se trata de um problema crucial a ser resolvido e que talvez reclame urgência.

CONCLUSÃO

Fica evidente que a abordagem mística para a resolução de problemas implica no conhecimento das leis cósmicas, e que só ele permite encontrar a justa solução. É a aprendizagem dessas leis que realizamos, e isto nos diz a que ponto temos responsabilidade de dar o exemplo da tolerância. A abordagem mística, esboçada aqui brevemente, é a chave que permite reabrir a Casa da Tolerância no coração de nosso ser; essa Casa que a abordagem mundana, antes dos nossos estudos, havia fechado, tornando-a uma casa ‘fechada’. Não seria interessante nos perguntarmos em que situações da vida cotidiana poderíamos nos esforçar em aplicar a tolerância, cujas palavras são: ‘relativização e modéstia’ Relativização das nossa opiniões porque nos conscientizamos que possuímos apenas um modesto conhecimento das leis cósmicas.

_

[Texto de Jean-Marie Hurand]