25 de fev. de 2010

Lúcifer _ O Portador da Luz.


Conforme anuncia a Esfinge, quem OUSAR poderá desvelar o Mistério.
Daremos aqui apenas algumas indicações, todavia não faremos qualquer relato comprometedor pois resta-nos CALAR. Cada um, por si mesmo, terá que QUERER e depois SABER...Querer, Ousar, Saber e Calar são os verbos-guias da Esfinge Humana.


Todo real Processo de Iniciação tem muita semelhança com o Processo de Individuação apresentado pela Psicologia Profunda de Carl Gustav Jung. Ambos têm por fundamento os postulados básicos da Alquimia Transcendental, eis que buscam a UNIDADE DE CONSCIÊNCIA ou CONSCIÊNCIA CÓSMICA, simbolicamente representada na Alquimia como o encontro da Pedra Filosofal ou do Ouro dos Filósofos. Trata-se da Psicologia do Inconsciente [Jung] e da Iniciação da Consciências aos seus níveis mais profundos.

Ora, ao ingressarmos nesses recessos de subconsciência, verificamos que TUDO É TREVAS, ANTES DE SURGIR A LUZ. Trevas, Caos, Abismo, Vazio, etc., são denominações alquímicas e iniciáticas a indicar o estado de consciência primordial do Ser.

Sócrates assim se expressou: ”Cada homem é um Caos, mas há em cada ser humano um deus, o qual, se tu quiseres, ordenará em Cosmo e em Felicidade o teu Caos doloroso”.

Colocar todo o conhecimento numa ORDEM COMPREENSÍVEL é o objetivo da Filosofia “latu sensu”, notadamente da Filosofia Mística e da Psicologia Profunda. Ordenar em Cosmo e em Felicidade o Caos da consciência humana. Agora, mais do que nunca, o homem moderno vive nesse ‘caos doloroso, onde ainda predominam os processos primários, onde não há uma síntese de idéias e onde os afetos são passíveis de deslocamento. Onde o princípio soberano que governa os processos psíquicos é o da obtenção do prazer, tudo isto devido ao fato de que, para a mente objetiva, as manifestações existenciais, são descontínuas e quantificadas. Saímos da Unidade Paradisíaca e caímos na dialética serpentina da dualidade.

Perdemos os referenciais! Então, porque queremos [como sugeria Sócrates], ingressarmos numa Ordem Mística, somos conduzidos por um Guia e assim penetramos nesse labirinto trevoso, o Mar de Trevas com seus abismos de Inconsciência. Temos um referencial iniciático e podemos considerar o nosso lugar no Grande Esquema Cósmico.

A Dra. Jacob, discípula junguiana, escreveu: “ Jung desejava ampliar o RAIO DE CONSCIÊNCIA, estendendo seu Feixe de Luz sobre o Mar de Trevas, completando assim a Obra da Criação”, a mesma tarefa cometida aos Buscadores da Luz, conforme preconiza os ensinamentos: Continuar a Obra da Criação.

Para executar esses Trabalhos de Hércules, Lúcifer porta o facho de Luz, queimando como um Fogo do Crisol.E o Mestre convoca o(a) Portador(a) do Archote, o Anjo da Luz ou Lúcifer. Este, com seu facho ilumina as trevas do abismo da subconsciência [abismo do Mar Hermético]. E a Criação continua!

Ilumina e regenera as trevas do Inconsciente, tornando-o consciente [todo o Processo de Iniciação e de Individuação é um programa de Regeneração].

A Luz SE FAZ, refletindo na consciência humana a Sua própria natureza. A Luz SE reconhece na consciência, feito espelho...

A Sabedoria “caótica” do Inconsciente é posta em ordem compreensível pelo intelecto da mente objetiva, como a luz menor.

CAOS EM COSMO!

O Si Mesmo, aqui identificado como o Mestre, comanda toda a Constelação Arquetípica e ordena essa atividade de seu Arquétipo de Luz. Diz-se então em termos de Psicologia Profunda: “Como Deus está para a Criação do Cosmo, o Si Mesmo está para a Criação da Psique”. O Si Mesmo é o Arquétipo do Centro, o Mestre ou nosso Eu Interior, que assim ordena nosso caos pessoal em Cosmo.

O Mistério da Luz [o maior Mistério da Natureza] é desvelado pelo Portador do Archote ou Portador da Luz, nosso amado Lúcifer, matriz de nossa Inteligência Superior. Então, somente então, é feita a “revelação” espantosa de nossa real natureza, um “Mysterium Tremendum”. A Luz SE revela à alma humana, encontro de Cupido e Psyquê. O homem se conhece, um “Mysterium Cognitionis”, de acordo com as expressões de Jung.

Saímos da dialética dos ‘Opostos da Natureza’:Consciente-Inconsciente, luz-trevas e voltamos à unidade de consciência, voltamos à Casa do Pai. Ali o Rei e a Rainha misturam as suas substâncias psíquicas. Assim vemos que todo o Processo Alquímico está plenamente identificado como o Processo de Individuação e com a Psicologia do Inconsciente apresentada por Jung.

Essa figuração arquetípica que é o Portador do Archote ou Lúcifer está sempre a ilumina a Senda para que o Mestre possa dar prosseguimento ao Processo iniciático, o qual deverá culminar com as Bodas Místicas da alma com o Noivo, o Filho da Nova Aliança feita no Shekinah...

Embora tão vilipendiado quanto o mal compreendido Judas Iscariotes, é Lúcifer quem nos resgata dos mundos da Sombra, esse outro Arquétipo da nossa constelação psíquica. Todavia, atribui-se a Lúcifer a identificação com o Diabo, o adversário [dyá-bolos]’fundamental’, também mal-visto em função do maniqueísmo religioso. Mas, como foi dito, essas intelecções espirituais tem lugar ativo em nossa estrutura psíquica. Então serão logo resgatadas à Luz da Compreensão que nos traz o Portador do Archote. Quando isso acontece, o Homem conhece a si mesmo, o SI MESMO da psicologia junguiana.

E na Aurora Consurgens da Alma Humana eles estarão esperando por nós debaixo do arco da Vida Eterna, porque nessa aurora de nossos dias nascerá a Divina Compreensão.

O Anjo da Noite terá passado com o seu licor sombrio, pois saímos da Morte Mística na Noite do Grande Abandono.

Entramos na História dos Grandes Heróis, os Iniciados, como o foram Hércules, Perseu, Teseu, Orfeu. Da forja de Vulcano ou Hefaystos, com o seu Fogo do Crisol, sai um Novo Homem para a Luz de Osíris!
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“O Lúcifer da Cabala não é um Anjo Maldito e fulminado; É o Anjo que ILUMINA e que regenera, queimando...

Quando Deus disse: Faça-se a Luz, a inteligência foi feita e a Luz apareceu...

A inteligência tomou a forma de um Anjo esplêndido e o Céu o saudou com o nome de Lúcifer.” [ Eliphas Levi_Dogma e Ritual]
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[Texto de Hélio Francisco Fernandes].

Gênesis_Uma Interpretação Rosacruz.


1_ No começo Deus concebeu a criação do universo e o pensamento dirigiu as vibrações do espírito por todo o espaço, que estava vazio.

2_ E o Espírito penetrou naquilo que era sem Espírito e deu-lhe vida. E aquilo que foi vivificado não tinha forma, não tinha definição, e estava em trevas absolutas, e a umidade surgiu em todo o espaço, que também foi vivificado pelo Espírito.

3_ E Deus ordenou que toda a matéria fosse consciente de sua existência e conhecesse o Espírito pelo qual se tornou manifesta. E foi criada a Consciência Cósmica, que era a Grande Luz do mundo.

4_ E a Luz era o Bem; pois dispersou as trevas e revelou as manifestações de Deus. E o que não foi iluminado pela Grande Luz estava m trevas e era o mal; e o Bem e o mal foram separados.

5_ E Deus chamou Dia à Consciência Cósmica, e as trevas foram chamadas de Noite, pois eram ignorantes e não tinham consciência. E assim se completou o Primeiro Ciclo de Evolução.

6_ E Deus decretou que o Espírito efetuasse a divisão dos Quatro Elementos.

7_ E o espírito dividiu todas as coisas em seus elementos apropriados e as colocou nos Reinos Material e Espiritual. O Espírito uniu-se às Células que as vibrações fizeram surgir, e os quatro elementos, Fogo, Ar, Terra e Água, tornaram-se manifestos.

8_ A Consciência Cósmica deu ao ar o nome de “NOUS” e ele se tornou o Elemento Espiritual que constitui o Reino Espiritual. E assim se completou o Segundo Ciclo de Evolução.

9_ E o Espírito uniu-se aos elementos Fogo e Água, e do vapor que daí se formou surgiram os minerais.

10_ E a Consciência Cósmica deu o nome de Terra aos minerais e a umidade foi chamada de Água; e foram separados um do outro.

11_ E Deus vivificou a Terra com Espírito para que ela pudesse fazer surgir o que lhe correspondesse, conforme suas Células.

12_ Então a Terra fez surgir a grama, as ervas e as árvores, produzindo segundo sua própria espécie, porque as Células nelas estavam e foram tocadas pelo Espírito.

13_ E assim se completou o Terceiro Ciclo de Evolução.

14_ Em seguida, Deus ordenou que o Espírito tivesse Símbolos através dos quais pudesse se manifestar a todas as coisas criadas, e enviar suas vibrações; e aqueles seriam por Signos e Estações, através dos quais o tempo e a vida poderiam ser medidos.

15_ E eles deveriam emitir Luz e Vida de sua espécie.

16_ E foi criado um Grande Símbolo para aparecer no Dia e dispersar as trevas;era o Símbolo do Espírito e era o Bem. Do mesmo modo foi criado um Símbolo Menor para aparecer na Noite; era o Símbolo da Consciência Cósmica, refletindo a glória do Espírito. Daí em diante foram criados outros Símbolos para representar as forças criativas e os atributos do Espírito.

17_ E Deus ordenou que tudo isso permanecesse no Reino Espiritual.

18_ E do Reino Espiritual eles revelariam o Dia e a noite, a Luz e as trevas, o Bem e o mal.

19_ Assim se completou o Quarto Ciclo de Evolução.

20_ O Espírito tocou e vivificou as células que estavam nas águas para que se reproduzissem abundantemente conforme sua espécie; do mesmo modo foram vivificadas as células no ar para que produzissem criaturas conforme sua espécie.

21_ E assim foram criadas as grandes e as pequenas criaturas das águas, e as aves do céu.

22_ E a Consciência Cósmica as dotou de Instinto e foi-lhes ordenado que se multiplicassem com o toque do Espírito.

23_ E assim se completou o Quinto Ciclo de Evolução.

24_ E o Espírito fez surgir Sobre a terra vida em várias formas, segundo as células que dentro delas existiam.

25_ E surgiram feras e rebanhos, e os que rastejam sobre a face da terra.

26_ E Deus concebeu uma expressão física da Consciência Cósmica na face da Terra, para ser uma contraparte da expressão no Reino Espiritual.

27_ E o Espírito criou o Homem segundo a Imagem Cósmica de Deus a partir das células animais na terra; positivas e negativas, masculinas e femininas, eram as criações da Expressão Cósmica.

28_ E Deus abençoou a obra do Espírito, e disse ao Homem:”Com o Espírito em ti, deves desenvolver as células da terra que estão em ti e te multiplicares e te reproduzires segundo tua própria espécie, a fim de povoares a terra e te tornares mestre de tudo o que é da terra, do ar, do fogo e da água.”

29_ E a Consciência Cósmica no homem sabia que sobre a face da terra e no ar acima dela estavam os elementos nos quais o corpo do homem podia crescer e com os quais o Espírito no homem devia se manifestar e ser sustentado na expressão física.

30_ E do mesmo modo, a cada animal da terra, a cada ave do céu e a cada criatura das águas foram dados Elementos para a Vida.

31_ E a mente de Deus estava ciente de tudo o que fora criado; e isto era Bom. Assim se completou o Sexto Ciclo de Evolução.

32_ Desse modo foi criado tudo o que é. Na mente de Deus todas as coisas foram concebidas; e a concepção dirigiu as vibrações do Espírito para que ele criasse, e assim foi.

33_ E no Sétimo Ciclo a mente de Deus glorificou-se em sagrada comunhão com tudo o que fora criado; e o Espírito habitou em paz e harmonia, sua vibrações em perfeita harmonização com as vibrações de toda a matéria. E deus santificou o Sétimo Ciclo como o Ciclo da Perfeição, da Totalidade e da Harmonia.

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Notas:

* Esta é uma interpretação da Criação do Mundo da história Bíblica, sob um ponto de vista rosacruz. Entretanto, não seria dessa forma que o rosacruz escreveria a história da criação conforme sua própria compreensão da mesma.

Portanto, está é uma tentativa de traduzir a história bíblica para as doutrinas e ensinamentos rosacruzes, e de jogar luz sobre os pontos de semelhança entre ambas.

Como leitura correlata, o Primeiro Capítulo do Evangelho Segundo São João lança uma luz considerável sobre os quatro primeiros versos deste artigo.

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Texto de H.Spencer Lewis – Artigo Publicado no “The American Rosae Crucis”, fevereiro de 1916.