14 de mai. de 2010

RAMAKRISHNA_O Louco de Deus


Sri Ramakrishna, um santo indiano que viveu no século passado, conseguiu reunir em torno de si gente de todas as crenças e religiões, assumindo uma postura contra a discriminação e o radicalismo, que corroem as bases da busca pelo divino.

De todos os grandes homens da Índia que trilharam o caminho da espiritualidade buscando uma união com Deus, Sri Ramakrishna é um dos mais amados e considerados por sua sabedoria. Os que procuram suas palavras e ensinamentos percebem que a CONSCIÊNCIA DIVINA por ele atingida ultrapassa tempo, espaço e qualquer diferença cultural ou geográfica.

Em seus 50 anos de vida [1836-1886]. Ramakrishna deixou um legado espiritual que se estendeu a todos os continentes, tornando claro que o conhecimento de DEUS não pode ser restrito a determinada época e muito menos é exclusivo de uma só religião. Os estudiosos dizem que sua mensagem é sua CONSCIÊNCIA DE DEUS - quando esta não existe ou é abafada por qualquer motivo, surgem os dogmatismos e opressões que minam os ensinamentos místicos de seu poder transformador.

A UNIVERSALIDADE DO CRIADOR que ele propagava surge de maneira clara em uma de suas frases:”Muitos são os nomes de Deus e infinitas são as formas pelas quais podemos nos aproximar Dele. A forma e o nome que você escolher para adorá-Lo, através deles você o encontrará”.

A tendência para a vida espiritual começou a manifestar-se em Ramakrishna já na infância. Diz-se que seu primeiro êxtase ocorreu aos seis anos, quando caminhava por um arrozal. Sua atenção desviou-se para uma nuvem escura que cobria todos o céu. Em seguida ele notou um bando de ‘grous voando’, com sua brancura destacando-se em meio à escuridão, e ficou absorvido pela beleza da cena, soltando sua imaginação. Acabou perdendo a consciência e caindo ao chão, sendo encontrado mais tarde e levado para casa. Tempos depois, ele explicou: “O excesso de prazer, a emoção, me subjugaram. Foi a primeira vez que experimentei um êxtase.”

EM BUSCA DO ABSOLUTO
A tendência mística na infância concretizou-se na idade adulta, quando Ramakrishna entrou para um templo.

Seu desejo de união com Deus era tamanho que chegava a lhe causar problemas. Ele sentia ansiedade terrível de pensar que, em vida, poderia não ter a graça de contemplar o divino. “O sofrimento me dilacerava”, dizia o Iluminado. ‘Então, pensei: se tiver que ser assim, estou farto desta vida”. E foi exatamente nesse ponto crucial que as coisas começaram a mudar de forma inesperada. Havia uma grande espada pendurada no santuário da deusa Kali, onde ele se encontrava.

Ramakrishna pensou em usá-la para pôr fim à sua angustia: ”Precipitei-me em direção à espada, segurei-a como um louco e, de repente, a sala com todas as suas portas e janelas, e todo o templo desapareceram. Parecia que nada mais existia. Foi então que vi o oceano do ESPÍRITO, sem limites e resplandecente”. A sensação de amplitude foi crescendo em Ramakrishna, as ondas do oceano místico se expandindo à sua volta até que ele perdeu a respiração e a consciência. “Não sei como passei aquele dia e o seguinte. Dentro de mim, movia-se um oceano de alegria ‘indescritível’, e a presença da Mãe Divina”.

Suas visões se intensificaram de tal forma que ele chegou a pensar que estava enlouquecendo. Seu primeiro guru - a monja Bhairavi Brahmani, praticante de ritos ‘ vaishnavas e tântricos’ – lhe mostrou que o caminho por ela seguido era o mais adequado para quem pretendesse atingir o Absoluto. Ramakrishna permaneceu três anos com Bhairavi e então passou a ser instruído pó Totapuri, um sannyasin – pessoa que opta por abandonar as coisas do mundo. O renunciante lhe ensinou os conceitos da NÃO-DUALIDADE, o advaíta, considerado a forma mais elevada da filosofia VEDANTA.

No início do aprendizado, Ramakrishna não conseguia realizar o que Totapuri lhe pedia: libertar seu espírito de todos os objetos e mergulhar no seio de ATMAN, o SER ABSOLUTO. “Não tive nenhuma dificuldade em libertar a mente dos objetos, com exceção de um único: a forma da radiosa Mãe bem-aventurada, essência da consciência pura, que aparecia em minha frente como uma realidade viva. Ela fechavam-me o caminho do além. Tentei várias vezes concentrar a mente nos ensinamentos de advaíta, mas sempre a forma da Mãe se interpunha. Tomado de desespero, disse a Totapuri: “É impossível! Não consigo elevar o espírito ao estado incondicionado.” Ele me respondeu severamente: ‘Como, não? É preciso!’. Olhando em volta, o professor avistou um pequeno vidro, segurou-o na mão e me disse; ‘Concentre a mente neste ponto!’ Concentrei-me com todas as minhas forças e, tão logo a forma graciosa da Mãe apareceu, usei minha discriminação como uma espada e parti em dois pedaços. Não havia então mais nenhum obstáculo em minha mente, que voou na mesma hora para além do plano das coisas condicionadas.”

Seus êxtases eram, muitas vezes, incontrolados. Em algumas ocasiões, enquanto conversava com discípulos, o simples fato de pronunciar um dos nomes de Deus lançava-o ao estado de suprema bem-aventurança, e ele começava a cantar e dançar como se não mais fizesse parte deste mundo – o que levou muitos a chamá-lo de O LOUCO DE DEUS. Vários médicos chegaram a examiná-lo em estado de superconsciência, constatando que seu coração e pulmões haviam parado de funcionar completamente. Então, um discípulo cantava um mantra em seu ouvido e o mestre reassumia sua consciência mundana. Em certas ocasiões, Ramakrishna tentou descrever o que sentia quando a energia KUNDALINI subia através de cada um de seus chakras, mas suas descrições jamais ultrapassaram o chakra laríngeo. Quando a KUNDALINI chegava ao centro de força entre suas sobrancelhas ele mergulhava em Deus e não conseguia mais falar.

OS NOMES DO CRIADOR
“Diferentes pessoas recorrem a Deus por diferentes nomes. Alguns usam Alá, outros Deus, outros Krishna, Siva e Brahman. É como a água de um lago: alguns bebem num local e a chamam de jal; outros, em outro lugar, chamam-na de pani; outros ainda, num terceiro local, chamam-na de água. Os hindus chamam de ‘jal’; os cristão de ‘água’; e os muçulmanos de ‘pani’. Mas é tudo uma mesma coisa.”

Esse pensamento de Ramakrishna não surge por acaso – ele é fruto de sua experiência com as demais religiões. Depois de ter alcançado Deus pelo caminho HINDU, ele conheceu o ISLAMISMO. Essa aproximação se deu a partir de 1866, quando encontrou o muçulmano Govinda Raí, que ele percebeu ser um Iluminado e com quem obteve a iniciação. Em apenas três dias, ele teve a visão de Maomé e, igualmente, atingiu o Absoluto.

O mestre também mergulhou fundo nos conceitos cristãos, da religião sikh e do budismo, mergulho que serviu para Ramakrishna conhecer as várias religiões, mas não para que pregasse uma espécie de sincretismo. Ele voltou a seguir o hinduismo, defendendo a idéia de que um só caminho deve ser escolhido; caso contrário, o buscador corre o risco de não chegar a lugar algum.

Segundo suas palavras, HARMONIA entre as religiões não quer dizer UNIFORMIDADE, mas sim, UNIDADE NA DIVERSIDADE. Desta maneira, sua mensagem não prega uma fusão de religiões, mas uma aproximação e convivência agradável entre todas, baseada no objetivo comum que é a comunhão com Deus. Para alguns, essa idéia de HARMONIA é a maior contribuição de Sri Ramkrishna para o mundo moderno, que ainda se mostras resistente a ela.

O Grande Iluminado tinha uma pequena sala no templo Dakshineswar, nos subúrbios de Calcutá. E, devido à sua postura universalista, o local tornou-se uma espécie de parlamento das religiões do planeta. Pessoas de todo o mundo iam até lá conversar com ele e voltavam abismadas com seu conhecimento, quando não totalmente modificadas em suas concepções ou em sua falta de fé.

OS SEGUIDORES
Sri Ramakrishna deixou o corpo em 15 de agosto de 1886, depois de permanecer doente por muito tempo, mas seu trabalho e busca continuam inspirando seguidores até os dias de hoje. Curiosamente, seu primeiro discípulo foi SARADA DEVI [1853-1920], a mulher que lhe havia sido prometida em casamento desde a infância, conforme o costume indiano da época. Ela juntou-se a ele ao completar 18 anos, quando Ramakrishna já estava dedicado à busca espiritual, vivendo como monge.

O principal discípulo de Ramakrishna foi Swami Vivekananda [1863-1902], considerado o porta-voz do Vedanta do Mundo. Muitos dizem que a maioria das sociedades VENDANTA fundadas nos EUA e Europa até os anos 30 do século XX foi diretamente influenciada por ele ou por pessoas que ouviram suas palestras entre 1893 e 1900.

Na Índia, VIVEKANANDA foi o fundador da ORDEM RAMAKRISHNA, em 1898. Apesar disso, nem todos os seguidores de Ramakrishna acreditam que seu discípulo tenha se mantido fiel às palavras e pensamentos do mestre. Para estes, as preocupações sociais de VIVEKANANDA suplantaram as espirituais, fazendo-o esquecer a necessidade de, antes de tudo, buscar o Absoluto, encontrar Deus. Também foi acusado de deturpar o hinduismo que divulgou no Ocidente, especificamente o Vedanta, aproximando-o do protestantismo. Segundo esse ponto de vista, Vivekananda teria entendido de forma errada as experiências de Ramakrishna com as demais religiões e tentou agrupá-las no que chamou de um FRATERNIDADE PARA OS ADEPTOS DE DIFERENTES CRENÇAS.

A mensagem de Ramakrishna permanece tão clara e atual quanto foi em sua época, e cada vez mais divulgada. Ela surgiu como um sopro de novidade e um alerta para o futuro, em meio a uma humandidade que se tornava cada vez mais materialista. Num período em que a própria crença em Deus estava sendo questionada, a mensagem do Grande Iluminado apareceu como um verdadeiro oásis, no qual um sem-número de pessoas, religiosas ou não, puderam encontrar um caminho de equilíbrio.
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[Texto de Hélcio de Carvalho_Sexto Sentido Especial_Grandes Iluminados]

BUDA_UM HOMEM CONTRA O SOFRIMENTO DO MUNDO


Sozinho, ele mudou a história de vários povos, construindo uma renovada visão de mundo, na qual o sofrimento pode finalmente ser destruído. Esse homem Iluminado foi Sidarta Gautama, o Buda.

Seu nascimento está envolto em poesia e lenda. Segundo as histórias contadas mais correntemente, sua mãe, chamada de Maya [para alguns místicos essa é uma metáfora, pois ilusão, nas tradições indianas, possui o mesmo nome], em um sonho teria visto um elefante com seis presas entrar no seu ventre e fecundá-la com uma pérola. Ao acordar ela não sente qualquer alteração, apenas um ligeiro bem-estar, pois sabe que traz o Iluminado – A LUZ DA ÁSIA – dentro de si.

Após alguns meses, uma criança vem ao mundo,que deixa o ventre de Maya, andando e falando, como seria esperado de um ser tão evoluído espiritualmente. Nesse instante, SIDARTA dá sete passos, olha acima e abaixo, à esquerda e à direita, constatando que não existe outro como ele no universo. Depois, as histórias se confundem, mas todas relatam os perfumes que foram sentidos e os prodígios que aconteceram por toda parte. Ao dar à luz, sua mãe também adquiriu a iluminação e faleceu sete dias depois, ascendendo aos Céus. Assim teve início a saga de BUDA no plano material.

Nascido há mais de 2.500 anos, entre 558 e 567 a.C., SIDARTA GAUTAMA, quer viria a ser conhecido como BUDA, surgiu entre os membros da casta guerreira KSHATRYA, sendo seu pai na época um rei da região de KAPILAVASTU, ao sul do Nepal, onde nasceu sob a filosofia SAMKHYA, um dos três pilares básicos do hinduísmo tradicional.

Percebendo que o menino possuía algo de especial, o pai levou-o aos sábios e videntes, que viram nele todos os traços de um grande Iluminado. Suas mãos e pés traziam as marcas dos animais sagrados e da Grande Montanha; no alto de sua cabeça, onde se localizava o ‘chakra’ coronário, havia uma protuberância. Nesse instante, um dos sábios presentes chorou, pois sabia que, devido a sua idade avançada, não viveria o suficiente ara ser um dos discípulos do Iluminado.

Ao verem os sinais e coincidências de seu nascimento, os sábios profetizaram ao rei que seu filho havia descido ao mundo para ser um grande rei de toda a Terra ou um dos maiores sábios que pisaram no planeta. O rei não queria que seu filho fosse um monge, mas um grande príncipe, e por isso criou-o fechado no palácio, ocultando-lhe tudo que pudesse lembrar o sofrimento do homem. Cercou-o de luxo, mas os sinais continuavam a aparecer. Numa competição de arco e flecha realizada no palácio, SIDARTA lançou uma flecha numa distância assombrosa e, quando ela tocou o solo, a terra se abriu, brotando uma fonte de água límpida que até hoje é procurada sem sucesso por vários mestres e peregrinos. O pai se preocupou, mas preferiu ignorar diversos sinais – como o crescimento do lóbulo das orelhas-, tentando em vão fazer com que o iluminado seguisse o caminho da realeza e se casasse.

AS VERDADES DA VIDA
O matrimonio foi realizado com Isodara, nascida no exato instante em que Sidarta veio ao mundo, e a paixão entre eles, dizem, ocorreu no momento em que seus olhares se cruzaram. A vida do príncipe parecia seguir de acordo com o desejo de seu pai: quando ele saia do palácio para ver como andavam as coisas no reino, os guardas do império iam à frente limpando a sujeira, tirando os mendigos das ruas e tudo que pudesse mostrar como era realmente o mundo. Mas em uma de suas saídas a segurança falhou e o jovem viu três coisas que o perturbaram.:

ð A primeira foi um velho faminto e decrépito. Isso o deixou muito surpreso, pois ele não imaginava que aquilo existisse. Perguntou ao cocheiro que visão era aquela, recebendo a explicação de que era um velho, e que todos um dia chegam a tal estado;
ð A segunda visão foi um doente atacado pela lepra, o que o abalou ainda mais. Novamente ele perguntou o que era aquilo e ouviu que se tratava de um homem doente, como todos na Terra que, cedo ou tarde, acabam acometidos por uma enfermidade;
ð No caminho de volta ele encontrou um cortejo fúnebre e, mais uma vez, perguntou o que era aquela procissão, com um homem deitado. O cocheiro explicou a Sidarta que a morte é o destino final de cada pessoa, não importando a sua condição ou casta.

Esses encontros mudaram a vida do príncipe, que passou a pensar profundamente nos acontecimentos à sua volta, percebendo que seu pai e todos os demais ocultavam-lhe os fatos da vida. Ele percebeu que sua existência havia sido uma grande ilusão, pois o mundo tinha sofrimento, doenças e morte -, fosse quem fosse, ninguém escaparia a isso. Ele não sabia o que ‘fazer’, mas começou a sentir um impulso crescente e resolveu sair uma vez mais. Nesse novo passeio, ele encontrou um grupo de monges mendicantes, e sua curiosidade levou-o a perguntar a seu servo quem eram aqueles homens. O serviçal explicou que eram santos, que escolheram abandonar todas as ligações com as coisas terrenas para encontrar a Iluminação e se livrar do sofrimento. Essa resposta atingiu o coração do príncipe com a força de uma bomba, fazendo-o tomar a decisão de deixar o palácio, os luxos para se tornar um monge e ajudar outros a se libertarem do sofrimento.

A SAÍDA DO PALÁCIO
O dia em que Sidarta abandonou o palácio também foi o dia em que seu filho nasceu. Firme em sua decisão, ele quis ver o filho antes de partir, e o encontrou dormindo. Sem querer acordá-lo, deixou-o com a promessa silenciosa de que um dia voltaria para cuidar dele. Depois, cavalgou com seu servo para longe, trocou de roupa com o serviçal e se dirigiu às montanhas para encontrar os sábios e aprender com eles. O servo retornou e contou o ocorrido ao rei, que ficou desolado, mas nada pôde fazer. Segundo a lenda, o cavalo de Sidarta morreu de tristeza ao voltar para o palácio.

Conforme conta a tradição, o jovem aprendeu o sistema SAMKHYA com o mestre Arada-Kalama, e as técnicas de ioga com o guru Udraka Ramapura. Mas, mesmo assim, seu interior não estava calmo. Ele sentia que deveria partir para outras direções e, com este intuito, rumou com um grupo de ascetas para floresta. Se intuito era praticar mortificações e jejuns para atingir a Iluminação.

Ele percebeu que, por mais que castigasse seu corpo e jejuasse quase até morrer, enfrentasse o Sol ou a chuva sem nada a lhe cobrir o corpo, praticasse as posições de ioga nas mais diversas condições, esses extremismos não o estavam levando a lugar algum.

Quando externou suas preocupações para seus companheiros de senda, eles disseram que ele estava se desviando do caminho, que deveria treinar com mais afinco. Embora ainda fizesse toda a série de mortificações, Sidarta percebia que estava longe de seu objetivo. Em uma das passagens pela floresta, uma moça percebeu o quanto ele estava fraco e ofereceu-lhe um pouco de água e arroz, que ele aceitou de bom grado. Mas seus companheiros, ao ver isso, repreenderam e abandonaram-nos, pois segundo afirmavam ele não era digno do caminho dos SADHUS[renunciantes].

Com as forças renovadas, SIDARTA percebeu que a verdade e a libertação, não estavam nos extremos. Fosse na luxuria ou nas mortificações, ele nunca encontraria as respostas que procurava, pois elas estavam no meio termo, no CAMINHO DO MEIO. Com isso em mente, ele decidiu ir até o fim para descobrir a VERDADE. Para isso, escolheu uma figueira, sentou-se embaixo dela e fez o juramento de que, mesmo se sua carne definhasse e seu sangue secasse, ele só se levantaria dali depois de obter a Iluminação. Tão firmes eram sua determinação e vontade que GAUTAMA a obteve naquela mesma noite.

Foi então que ele percebeu a razão de tudo que ocorria ao homem, soube quem era e quem havia sido, que há 500 encarnações ele vinha se preparando para a Iluminação.

Também percebeu que não havia nada e nem ninguém para auxiliar no seu processo de busca e conhecimento: toda a verdade e o saber estavam em seu interior. Compreendeu que essa mesma verdade se aplicava a todos os seres humanos, que essa era a chave para acabar com o sofrimento.

Conta-se que MARA[rei dos demônios], percebendo que o seu domínio sobre os homens seria afetado, atacou o iluminado com todas as suas artimanhas, desde elefantes enlouquecidos e guerreiros místicos, até belas donzelas em trajes diáfanos. Mas, uma a uma, tais ameaças foram desviadas por SIDARTA, que já havia se tornado o BUDA.

Firmem em seus propósitos, continuou noite adentro e, quando a estrela da manhã surgiu no horizonte, BUDA despertou com toda a força de sua Iluminação. Segundo contam as escrituras budistas, isso ocorreu na lua cheia de maio, que no calendário hindu é chamada de VESAK, data que se tornou especial no budismo – uma espécie de Natal, pois representa o momento em que nasceu o grande salvador do mundo, aquele que havia atingido a Iluminação por si mesmo.

Sidarta tinha 35 anos quando isso aconteceu. Após ter atingido a iluminação, ele ainda permaneceu mais sete dias sentado no local, desenvolvendo uma forma de transmitir aos homens o que havia descoberto, para que não só ele, mas todos, pudessem atingir o estado de BODHI[ILUMINAÇÃO].

O CAMINHO E A VERDADE
No período final de sua meditação, ele havia deduzido quatro VERDADES NOBRES que são:

ð o sofrimento existe; sua origem é o desejo; sem desejo não há sofrimento; pode-se chegar a eliminá-lo por meio da SENDA ÓCTUPLA, que consiste em:

1. intenção correta;
2. visão correta;
3. palavra correta;
4. ação correta;
5. vida correta;
6. esforço correto;
7. mente correta;
8. concentração correta
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Com isso, ele definiu uma didática para ser mantida mesmo após sua partida deste plano. Essa forma de pensamento era inovadora, pois quebrava o sedimentado sistema de castas indiano e colocava em xeque o destaque que os gurus e religiosos usufruíam na sociedade hindu. BUDA ainda foi além, afirmando, em mais de um discurso, que os praticantes do BUDISMO deveriam questionar seus mestres, inclusive ele. Somente a doutrina que sobrevivesse a tal escrutínio teria a chave para a libertação.

Seguindo suas próprias palavras, o Iluminado em Benares mendigando como um sadhu errante foi ter com os cinco renunciantes que o haviam deixado para trás, por não considerá-lo digno de ser monge. Ao chegar ao Parque das Gazelas, proferiu seu primeiro sermão, que tem para o budismo a importância do Sermão da Montanha para o catolicismo. No momento em que os monges o viram, percebem que ele era o Iluminado. Após ouvirem suas palavras, os cinco atingiram SAMADHI [O Supremo estado de Bem-aventurança] e se uniram à ordem que acabava de nascer: O BUDISMO.

A LUZ DA ÁSIA
Sidarta Gautama começou a andar por toda a Ásia e converter um grande número de pessoas, a tal ponto que a classe sacerdotal se viu acuada e pediu que seu pai fizesse algo. Ele convocou Sidarta, que atendeu o pedido do pai. Afinal, embora fosse um Iluminado, ainda atuava com o máximo de ética e educação.

O Buda chegou a seu palácio acompanhado por mais de 20 mil seguidores e, durante sua estadia, converteu o primo ANANDA, que se tornou seu grande amigo e herdeiro de seu legado. Também tornou monge seu filho, e foi repreendido por seu pai. O rei entendia que, apesar de ser um Iluminado, ele não poderia ordenar crianças sem que elas atingissem uma idade mínima, o que foi aceito por Buda e virou regra desde então.

Ainda em sua terra natal, Sidarta foi vitima de intrigas e emboscadas, algumas armadas por seu primo DEVADATA, das quais sempre se livrou. Conta a lenda que Devadata foi tragado por um dos infernos e lá queima em chamas até hoje.

Passados alguns anos, Buda foi visitado por Mara, o Rei dos Demônios, que havia sido vendido na noite de sua Iluminação. Mara lhe perguntou se ele deixaria seu corpo físico e Buda respondeu que sim, três meses a contar daquela data. Ele explicou que a morte e o fim do corpo físico é uma lei universal à qual até ele deveria obedecer, mesmo tendo a capacidade de viver milhares de anos, se assim quisesse.

Depois disso, ele convocou os mais diversos seres, desde demônios serpentes até criaturas celestiais, e ordenou que todos observassem a sua lei, que ela não fosse quebrada e afirmou que, por meio de sua prática, muitos seriam libertados.

Com a saúde abalada em virtude de alguns alimentos que lhe foram ofertados em suas andanças, ele caiu de cama e faleceu aos 80 anos, deitado com a face para o poente e a cabeça em direção ao norte, debaixo de duas árvores. Entrando em êxtase, ele abandonou o corpo em meio a seus discípulos.

Durante o processo de sua morte, Buda vaticinou os cismas que deveriam ocorrer, como de fato ocorreram, e que transformaram o BUDISMO em um amálgama de diferentes visões – uma teia que interliga diferentes pontos de vista, desde o lamaísmo tibetano até o zen-budismo japonês – todas iluminadas pelos ensinamentos da LUZ DA ÁSIA: SIDARTA GAUTAMA, o SAKYAMUNI BUDA.
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[Texto de Alex Alprim_ Sexto Sentido Especial_Grandes Iluminados]