31 de mar. de 2011

Spinoza_A Natureza de Deus

A primeira pagina nos mergulha no maelstrom da metafísica. Nossa moderna repugnância da metafísica nos empolga e por momentos passamos a querer estar em qualquer parte, menos em Spinoza. Mas aqui a metafísica, como diz William James, nada mais é do que um esforço para pensar claramente sobre a essência substancial das coisas, e assim unificar a verdade e alcançar esse “ápice de todas as generalizações” que ainda para os práticos filósofos ingleses [*Spencer, First Principles, Parte II, cap.I] constitui a filosofia. A própria ciência, que tanto mofa da metafísica, faz certa metafísica em cada uma das suas proposições. Esta metafísica da ciência é de Spinoza.

Há três  que são pivôs no sistema de Spinoza; substancia, atributo e modo. Por amor a simplificação poremos de lado temporariamente o Atributo. Modo é qualquer coisa ou fato individual, qualquer forma particular que passageiramente a realidade assume; o leitor, o corpo do leitor, os pensamentos do leitor, o grupo, a espécie, o planeta do leitor são modos; tudo isto são formas, modos e quase literalmente modas de alguma eterna e invariável realidade que permanece atrás.

Que realidade escondida é esta? Spinoza chama-lhe substancia, ou literalmente, o que está debaixo. Oito gerações lutaram volumosas batalhas livrescas para esclarecer a significação deste termo – não seremos condenados, pois, de o não esclarecermos num parágrafo. De um erro devemos nos guardar: substancia não significa o material constituinte de qualquer coisa, como quando digo que a madeira é a substancia de uma mesa. Aproximamo-nos mais da acepção que Spinoza dá ao tempo quando dizemos a “substancia de suas observações”. Se vamos na peugada dos filósofos aos quais tomou ele a palavra, veremos que a usaram como tradução do grego ousia, particípio presente de eimai, ser, indicando a coisa intima, a essência. Substancia, então, é o que é [Spinoza não esqueceu o impressivo “Eu sou o que é” do Gênesis]; o que eterna e imutavelmente é e do qual tudo mais não passa de formas ou modos transiantes. Se comparamos agora esta divisão do mundo em substancia e modos, com a sua divisão, no aperfeiçoamento do Intelecto, em ordem de leis eternas e de invariáveis relações, de um lado, e ordem temporal de coisas perecíveis, de outro, seremos impelidos a conclusão de que aqui Spinoza significa como substancia algo muito próximo do que lá significa como ordem eterna.

Mais adiante o filosofo identifica substancia com a natureza e com Deus. A maneira dos escolásticos, concebe a natureza sob duplo aspecto, como um processo vital e ativo, a que chama natura naturans, natureza naturante [o élan e a evolução criadora de Bérgson]; e como o produto passivo deste processo, natura naturata – natureza criada, o material e conteúdo da natureza – as arvores e ventos e águas, as montanhas ou campos e miríades de formas externas. É nesse ultimo sentido que nega e naquele primeiro que afirma, a identidade entre a natureza e Deus. Substancia e modos, a ordem eterna e a ordem temporal, a natureza ativa e a natureza passiva, Deus e o mundo, são para Spinoza termos coincidentes, ou dicotomias sinônimas; todos dividem o mundo em essência e incidente. Que a substancia é insubstancial, que é forma e não matéria, que nada tem que ver com essa mestiçagem compósita de matéria e pensamento que alguns de seus interpretes imaginaram, ressalta com clareza desta identificação da substancia com o criativo, mas não com o passivo ou a natureza material. Uma passagem na sua correspondência nos esclarece o ponto.

* Tenho uma vista de Deus e da Natureza totalmente diversa da que os cristãos em regra propõem, porque afirmo que Deus é a causa imanente de todas as coisas e não causa externa. Digo: Tudo está em Deus; tudo vive e move-se em Deus. E isto mantenho com o apostolo Paulo e talvez com cada um dos filósofos da antiguidade, embora de maneira diversa. Poderei ainda aventurar-me a dizer que minhas vistas são as mesmas dos velhos hebreus, como pode ser inferido de certas tradições por mais alteradas e falsificadas que tenham sido. Constitui, porém, erro completo dizer-se que meu propósito...é mostrar que Deus e Natureza [por este ultimo termo entendendo-se uma certa massa de matéria corpórea]são uma e a mesma coisa. Nunca tive tal intenção [* Epistola,21].

Igualmente no Tratado sobre a Religião e o Estado escreve ele: “Pela ajuda de Deus quero dizer pela fixa e imutável ordem da natureza, ou a cadeia dos acontecimentos naturais”, as leis universais e os decretos eternos de Deus são uma e a mesma coisa. “Todas as coisas...decorrem da infinita natureza de Deus pela mesma lei de necessidade e da mesma maneira como da natureza de um triangulo e por toda a eternidade decorre que seus três ângulos são iguais a dois ângulos retos”. O que para todos os círculos, são as leis do circulo, é Deus para o mundo. Como a substancia, Deus é a cadeia causal ou o processo [*Hoffding of Modern Philosophy]que sub-está a todas as coisas [*Martineau, Study of Spinoza], a lei da estrutura do mundo [*Prof.Woodbridge]. Este universo concreto de modos e coisas está para Deus como uma ponte está para sua planta, para sua estrutura e para as leis da matemática e da mecânica de acordo com as quais foi constituída; estas leis são a base que sustenta, a condição sub-estante, a substancia da ponte; sem elas nada se ergueria. E, como a ponte, o mundo é sustentado pela sua estrutura e suas leis; é mantido na mão de Deus.

A vontade de Deus e as leis da natureza, sendo uma e a mesma realidade diversamente fraseada, segue-se que todos os acontecimentos são o produto de invariáveis leis e não da veneta de um autocrata irresponsável entronizado lá nas estrelas. O mecanismo que Descartes viu unicamente no corpo e na matéria, Spinoza vê em Deus e no espírito. É um mundo de determinismo e desígnio. Porque agimos com fins conscientes, supomos que todos os processos tem tais fins em vista; e porque somos humanos, supomos que todos os acontecimentos miram o homem e sobrevêm para atender as suas necessidades. Mas isto é uma ilusão antropocêntrica, como muitas do nosso pensar. As raízes dos maiores erros em filosofia jazem na projeção dos nossos propósitos humanos, critérios e preferências sobre o universo objetivo. Daí o “problema do mal”; lutamos para conciliar os males da vida com a bondade de Deus, esquecidos da lição ensinada a Job, de que Deus está além do nosso bem e do nosso mal. Bom e mal são termos relativos aos fins e as predileções humanas, freqüentemente individuais, e nenhuma validez tem um universo em que o individuo é efêmero, e no qual um “Dedo Agente” ainda escreve nas águas a história da raça.

*Portanto, sempre que algo na natureza nos parece absurdo ou mal é porque só temos um conhecimento parcial das coisas, e ignoramos a ordem e a coerência da natureza como um todo, e porque queremos que tudo seja disposto de acordo com os ditados da nossa própria razão; mas o que a nossa razão considera mau não o é relativamente a ordem universal ou as leis da natureza, e apenas as leis da nossa própria natureza tomadas separadamente...Quanto aos temos ‘bom e mau’, nada indicam de positivo, considerados em si mesmos...Porque uma coisa pode ser ao mesmo tempo boa, má ou indiferente. A musica, por exemplo, é boa para os melancólicos, má para os anojados e indiferente para os mortos. [*Ética, IV]

Bom e mau são preconceitos que a realidade eterna não pode admitir; “o mundo ilustra a plena natureza do infinito e não meramente certos ideais do homem” [*Santayana, Introdução a Ética]. E o que se dá com o bom e o mau se dá com o belo e o feio; também são termos subjetivos e pessoais, que arremessados ao universo voltarão devolvidos ao remetente. “Quero prevenir-vos que não atribuo a natureza nem beleza, nem deformidade; nem ordem nem confusão. Unicamente em relação a nossa imaginativa podem as coisas ser consideradas como belas ou feias, bem ordenadas ou confusas” [*Epistola, 15]. “Por exemplo, se as impressões que os nervos recebem por meio dos olhos conduzem a saúde, os objetos que causaram essas impressões são considerados belos; em caso contrário são tidos como feios” [*Ética, I, app]. Nestas passagens Spinoza vai além de Platão, que considerava seus juízos estéticos como leis da criação e decretos eternos de Deus.

É Deus uma pessoa? Não no sentido humano da palavra. Spinoza nota a tendência popular de figurar Deus como pertencendo ao sexo masculino e nunca ao feminino [*Epistola, 58] e tem a galanteria de rejeitar uma concepção que reflete a subordinação da mulher ao homem. A um correspondente que objetou contra sua impessoal concepção da Deidade, respondeu em termos relembrativos do velho Xenofanes:

*Quando V. diz que se não dou a Deus a faculdade de ver, ouvir, observar, querer e as demais...e V. fica sem saber que espécie de Deus é o meu, conjeturo que para V. não existe perfeição que as constituídas por essas faculdades. Não me admiro disso; se um triangulo pudesse falar e raciocinar, fariam igualmente um Deus triangular, e um circulo o faria circular – todos transfeririam para Deus os seus próprios atributos.

Finalmente,”nem intelecto, nem vontade cabem na natureza de Deus”, no sentido usual em que são estas qualidades humanas atribuídas a Deidade; mas a vontade de Deus é a soma de todas as causas de leis, e o intelecto de Deus é a soma de todo o espírito. “O espírito de Deus”, como Spinoza o concebe, “é a mentalidade difusa no espaço e no tempo, a consciência que anima o mundo”. “Todas as coisas, embora em graus diversos, são animadas”. Vida, ou espírito, é uma fase, ou aspecto de tudo que conhecemos; como extensão material, ou corpo é outra; são as duas fases [ou atributos, chama-lhe Spinoza] através das quais percebemos a operação da substancia, ou Deus; neste sentido Deus – o processo universal e a realidade eterna atrás do fluxo das coisas – pode ser concebido como tendo corpo e espírito. Nem a matéria, nem o espírito é Deus; mas o processo mental e o processo molecular que constituem a historia dupla do universoisto e suas causas e suas leis são Deus.     


26 de mar. de 2011

Spinoza_A Ética

A mais preciosa produção da moderna filosofia está lançada em forma geométrica, de modo a tornar o pensamento euclidianamente claro; mas o resultado é uma obscuridade lacônica que pede para cada linha um Talmud de comentários. Os escolásticos já haviam formulado assim o seu pensamento, mas não com tamanha profundidade; e eles o esclareciam com posteriores e bem ordenadas conclusões. Descartes sugeriu que a filosofia só poderia ser exata quando expressa em forma de matemática; mas nunca pôs a sua de acordo com esse ideal Spinoza, impressionado com as realizações de Copérnico, Kepler e Galileu, atacou o problema do seu espírito treinado em matemáticas, que ele tinha como a base de todo o processo cientifico. Para nosso cérebro de diferente textura e resultado foi uma exaustiva concentração da matéria e da forma; e somos tentados a nos consolar denunciando esta filosofia geométrica como um jogo de xadrez no qual axiomas, definições, teoremas e provas são manipulados como reis, bispos, cavalos e peões; uma lógica solitária inventada para consolar a solitude de Spinoza. A ordem é coisa contrária ao nosso espírito; preferimos seguir ao sabor da fantasia e tecer a nossa filosofia com sonhos. Mas Spinoza só tinha um desejo – reduzir o intolerável caos do mundo a unidade. Possuía muito mais a fome nórdica pela verdade do que a ânsia mediterrânea da beleza;o artista era nele um arquiteto a construir um sistema de pensar de perfeita simetria.

O estudioso moderno também esbarra na terminologia de Spinoza. Escrevendo em latim, era compelido a expressar o seu moderníssimo pensamento por meio de termos medievais e escolásticos; em nenhuma outra língua a filosofia encontrava material de expressão. Assim usa ele o termo substancia onde diríamos hoje realidade ou essência; perfeito onde diríamos completo; ideal onde diríamos  objeto; objetivamente onde dizemos subjetivamente e formalmente onde dizemos objetivamente. São tropeços pelo caminho que detêm o fraco mas estimulam os fortes.

Em resumo, Spinoza não é filosofo para ser lido, mas sim estudado; temos que nos aproximar dele como nos aproximamos de Euclides, admitindo que nessas breves duzentas paginas um homem lançou o inteiro pensamento de sua vida, numa escultura estóica onde todo o supérfluo foi omitido. Não esperem apanhar-lhe a essência numa rápida leitura; nunca um tratado de filosofia permitiu menos tal façanha. Cada parte depende das partes antecedentes; algumas proposições obvias e na aparência desnecessárias surgem de súbito como pedras angulares de um soberbo desenvolvimento lógico. Não há compreender nenhuma das suas seções antes de lê-lo todo – lê-lo e ponderá-lo. Não encampamos, entretanto, a entusiástica exageração de Jacobi, quando afirma que “só entenderá Spinoza aquele para o qual não haja uma só linha obscura em sua Ética”. “Aqui,sem duvida”, diz Spinoza na segunda parte do seu livro, “o leitor sentir-se-á confuso e ponderará muita coisa que o fará vacilante; por isso pelo que vá comigo devagar e não forme juízo antes de ler tudo”. Nunca ler o livro de uma vez, mas por partes, com interrupções. Depois de conclusa a leitura, considerar que está começando a entendê-lo. Ler então algum comentário, como o Spinoza, de Pollock ou o Estudo de Spinoza, de Martineu – ou ambos. Finalmente, reler a Ética – e tudo parecerá novo. Depois desta segunda leitura ficareis para sempre um apaixonado da filosofia.

Spinoza_O Progresso do Intelecto

Abrindo o livro imediato de Spinoza damos já no começo com uma das gemas da literatura filosófica. Conta como abandonou tudo pela filosofia.

*Depois que a experiência me ensinou que todas as coisas comuns da vida são vãs e fúteis, e quando vi que todas as coisas que eu temia e que me temiam nada tinham de bom ou de mau em si, salvo no que podem afetar o espírito, determinei inquirir se não havia algo verdadeiramente bom, capaz de comunicar sua bondade e por meio da qual o espírito pudesse ser impressionado com exclusão de tudo mais. Determinei investigar se me era possível descobrir e atingir a faculdade do gozo eterno de uma continua felicidade...Atentei nas vantagens que as honras e as riquezas conferem e vi que eu teria de ser excluído da sua aquisição, caso desejasse seriamente investigar meu assunto...Mais um homem possui honras e riquezas, mais o seu prazer cresce, e em conseqüência mais e mais as procura aumentar – e quando não as alcança o sofrimento é profundo. A fama tem isso contra si, que se as procuramos havemos que dirigir nossa vida de modo a agradar a fantasia dos homens, evitando o que os desgoste e fazendo o que lhes agrade...Mas a dedicação a uma coisa eterna e infinita unicamente ela nos dá ao espírito um prazer continuo, livre de decepções...O maior dos bens é o conhecimento da união do espírito com o universo...Quanto mais o espírito sabe, mais compreende sua força e a ordem da natureza; quanto mais compreende sua força, mais apto será para dirigir-se e estabelecer suas regras; e quanto mais compreende a ordem da natureza, mais facilmente será capaz de libertar-se das coisas inúteis; aqui está todo o método.

Só do conhecimento, portanto, vem poder e liberdade; e a única felicidade continua está na prossecução do conhecimento e na alegria da compreensão. Entrementes, porém, o filósofo deve permanecer homem e cidadão – e qual seu método de vida durante a caça a verdade? Spinoza estabelece uma simples regra de vida com a qual se conformou fielmente.

1_Falar de maneira compreensível ao povo e por ele fazer tudo quanto não nos prive de atingir nossos objetivos;
2_Gozar unicamente os prazeres necessários a conservação da saúde;
3_Por fim, ganhar unicamente o necessário para a manutenção da vida e da saúde, e para o custeio do que não se oponha ao que procuramos. [*De Emendatione]
   
Mas estabelecendo essas proposições Spinoza se vê defrontado de um problema: Como posso saber se meu conhecimento é conhecimento, se posso confiar em meus sentidos quanto ao material que levam a razão, e se minha razão merece confiança, na sua apreciação desse material trazido pelos sentidos? Não será prudente examinar o veiculo antes de nos confiarmos a ele? Não será prudente fazermos o possível para melhorá-lo? “Antes de mais nada”, diz Spinoza baconicamente, “um meio tem que ser achado para melhorar e clarificar o intelecto”. Quer dizer, havermos de distinguir cuidadosamente entre as várias formas de conhecimento a fim de adotarmos o melhor.

Primeiramente, há os conhecimentos por ouvir dizer, como o que me faz conhecedor do dia em que nasci. Em segundo, há vagas experiências, conhecimentos “empíricos” no sentido depreciativo, como quando um médico sabe que um tratamento não possui base cientifica mas que por “impressão geral” é “usualmente” empregado. Em terceiro, imediata dedução, ou conhecimento obtido pelo raciocínio, como quando concluo sobre a imensidade do sol com base na diminuição dos objetos a medida que deles nos afastamos. Este tipo de conhecimento é superior aos anteriores, mas ainda assim sujeito a súbitas refutações da experimentação direta; por milhares de anos a ciência raciocinou deste modo sobre um “éter” que agora já não encontra nenhum favor entre os físicos. Logo, a melhor forma de conhecimento é a quarta, que provêm da imediata dedução e direta percepção [como quando vemos que 6 é o numero que falta na proporção de 2:4::3:x, ou quando percebemos que o todo é maior que a parte. Spinoza crê que os homens versados em matemáticas conhecem desta maneira intuitiva a mor parte de Euclides; admite, porém, com tristeza, que “o que podemos conhecer por este processo é bem pouco”.

Na Ética, Spinoza reduz as primeiras duas formas de conhecimento a uma; e denomina conhecimento intuitivo a percepção das coisas sub specie eternitatis – ou em suas relações eternas. Daí a fundamental distinção do filosofo [base do seu sistema] entre a “ordem temporal” – o “mundo” das coisas incidentes – e a “ordem eterna” – o mundo das leis e da estrutura.

Vamos ver como se distinguem:

*É preciso notar que não admito aqui como serie de causas e entidades reais uma serie de coisas individuais mutáveis, mas sim a serie de coisas fixas e eternas. Porque para a fraqueza do homem seria impossível seguir a serie das coisas individuais mutáveis, não só por serem de numero infinito como também em vista das inúmeras circunstancias ocorrentes numa mesma coisa, cada uma das quais podendo ser a causa da existência da coisa. Na realidade a existência de coisas particulares não tem conexão com a sua essência e não é uma verdade eterna. Todavia não há necessidade de que compreendamos a série de coisas individuais, mutáveis, porque a essência delas só pode ser encontrada nas coisas fixas e eternas e nas leis nelas inscritas como verdadeiros códigos e de acordo com as quais foram criadas e dispostas. Estas coisas individuais e mutáveis dependem tão essencial e intimamente das fixas que sem estas não poderiam existir, nem ser concebidas. [*Bacon, Novum Organum,II.]

Se quando estudamos a obra prima de Spinoza tivermos diante dos olhos esta passagem, muito da sua Ética, que parece desesperadoramente complexa, se tornará perfeitamente compreensível.      

Spinoza_Tratado Sobre a Religião e o Estado

Estudemos seus quatro livros na ordem em que os escreveu.
O Tractatus Theologico-Politicus é talvez o menos interessante para nós porque o movimento de alta critica que, com risco da vida, Spinoza iniciou, se desenvolveu ao ponto que suas mais arrojadas proposições não passam hoje de lugares comuns. Não é negocio para um autor provar proposições de maneira exaustiva; suas conclusões tornam-se moeda corrente para todos os espíritos educados e suas obras deixam de apresentar-se com aquele mistério que nos atrai. Foi o que se deu com Voltaire e com o tratado de Spinoza sobre a religião e o estado.

O principio fundamental do livro é que a linguagem da Bíblia é deliberadamente metafórica, ou alegórica; não somente porque compartilha da tendência dos orientais para o colorido ornamento literário e o exagerado descritivo, como porque os profetas e apóstolos, com o fim de impressionar as imaginações, eram forçados a cortejar o gosto popular. “As Escrituras foram primariamente elaboradas para um certo povo e secundariamente para toda a espécie humana; em conseqüência tinham de ser adaptadas no Maximo possível a compreensão das massas” [*Tractatus]. “As Escrituras não explicam as coisas pelas suas causas secundárias; apenas as descrevem na ordem e no estilo mais próprios para impelir os homens, sobretudo os ineducados, a devoção...Seu objeto não é convencer a razão, mas empolgar a imaginativa [*Cap.6]. Daí a abundancia de milagres e as constantes aparições de Deus. “As massas querem que o poder e a providencia de Deus sejam mais demonstráveis com o desdobramento de fatos extraordinários, que contrariam a concepção corrente dos fenômenos naturais...Supõem, na realidade, que Deus se conserva inativo enquanto a natureza age da maneira normal; e vice-versa, que o poder da natureza e as causas naturais ficam de lado quando Deus entra a agir; imaginam pois os dois poderes distintos entre si” [*Tractatus]. [Aqui entra a idéia básica da filosofia de Spinoza – que Deus e a natureza são um]. Os homens são propensos a crer que em beneficio deles Deus rompe a ordem natural das coisas; assim os judeus deram uma interpretação miraculosa da dilatação do dia com o fim de impressionar aos outros [ou talvez a si próprios] e provar que eram eles os favoritos de Deus; incidentes como este abundam na historia primitiva de todos os povos. Exatidão literal e sóbria não impressiona; se Moisés houvesse dito que fora o vento do leste [como deduzimos de uma passagem posterior] que abriu o caminho do Mar Vermelho, não teria impressionada a imaginação das massas as quais se dirigia. Os apóstolos recorreram aos milagres pela mesma razão que recorriam as parábolas – necessidade de adaptação ao espírito das massas. A maior influencia de tais homens, comparada com a dos filósofos e cientistas, reside no vivido e metafórico das formas de expor os fatos, que os fundadores da religião se vêem compelidos a adotar.

Interpretada de acordo com esses princípios, diz Spinoza, a Bíblia nada contem que contrarie a razão [*Introdução]. Mas interpretada literalmente mostra-se inçada de erros, contradições, obvias impossibilidades -  como as do Pentateuco escrito por Moisés. Já a interpretação filosófica revela através das névoas da alegoria e da poesia o pensamento profundo de grandes pensadores e chefes, e torna compreensível a persistência da Bíblia e sua enorme influencia sobre os homens. As duas interpretações cabem: o povo sempre exigirá uma religião imaginosa, aureolada de sobrenatural; se uma destas formas de fé for destruída, ele criará outra. Mas o filosofo sabe que Deus e Natureza são a mesma coisa, agindo necessariamente e de acordo com leis invariáveis. É a essa majestática Lei que Spinoza obedece e reverencia.[*Cap.5]. Ele sabe que nas Escrituras “Deus é descrito como um legislador ou príncipe, dotado de piedades, senso de justiça, etc., meramente por concessão a ignorância e ao fraco entendimento do povo; que na realidade Deus age...pela necessidade de sua natureza, e seus decretos...são verdades eternas [*Cap.4].

Spinoza não faz separação entre o Velho e Novo Testamento, vendo que a religião dos judeus e a dos cristãos se tornam única, sempre que, postas de lado as desinteligências filhas de ódio, a interpretação filosófica mostra a mesma essência e origem em fatos rivais. “Sempre me admirei que pessoas atreitas a exaltarem-se como fieis praticantes da religião cristã – quer dizer, praticantes do amor, da alegria, da paz, da temperança e da caridade pra com todos os homens – disputassem com tão rancorosa animosidade, e diariamente denunciassem tanto ódio, em vez das virtudes que professam” .[*Cap.6]. Os judeus sobreviveram sobretudo por motivo do ódio que os cristãos lhes votavam; a perseguição lhes deus a unidade e a solidariedade necessárias a uma continua existência racial; sem as perseguições ter-se-iam misturado com os outros povos da Europa, perdendo-se na massa que os envolvia.  Mas não há razão para que o judeu e o cristão filósofos, depois de afastada toda a insensatez, não cheguem a acordo em matéria de credo, de modo a viverem em paz e em cooperação.

O primeiro passo para isto, pensa Spinoza, seria uma compreensão idêntica de Jesus. Arredados os dogmas eivados de improbabilidade os judeus reconheceriam Jesus como o maior e o mais nobre dos profetas. Spinoza não aceita a divindade de Jesus, porém o coloca como o primeiro dos homens. “A eterna sabedoria de Deus... mostra-se em todas as coisas e em Jesus Cristo mais que em tudo” [*Epistola, 21].Cristo foi mandado não só para ensinar aos judeus mas a toda a espécie humana”: por isso “acomodou-se a compreensão do povo...e com tanta freqüência falava por parábolas” [*Cap.4]. Spinoza considera que a ética de Jesus é quase sinônima de sabedoria; reverenciando-o, o homem alça-se ao amor intelectual de Deus”. Tão nobre figura, libertada dos impedimentos dos dogmas que só conduzem a disputas e divergências, arrastará para si todos os homens; e talvez em seu nome um mundo torturado de guerras suicidas e ódios encontre afinal a unidade da fé e a possibilidade do irmamento.

Spinoza_Na História e Na Biografia

1] A odisséia dos judeus
A História dos Judeus, a partir da Dispersão, é pura epopéia. Expelidos da pátria depois da queda de Jerusalém [70 e.C], e por contingências das guerras e do comercio espalhados por todas as nações de todos os continentes; perseguidos e dizimados pelos adeptos das grandes religiões – Cristianismo e Islamismo, nascidas do próprio judaísmo; impelidos pelo regime feudal da posse da terra e impedidos pelo regime das corporações profissionais de penetrar nas industrias; encurralados em guetos superlotados; caçados pela populaça e roubados pelos reis; construindo com o seu dinheiro e a sua atividade comercial as cidades e centros indispensáveis a civilização; excomungados e fora da lei, insultados e injuriados; além disso, sem nenhuma estrutura política, sem nenhuma compulsão legal para a unidade, sem sequer uma língua única, este admirável povo, entretanto, manteve-se em corpo e alma, preservou sua integridade racial e cultural, guardou ciumentamente seus velhos rituais e todas as suas tradições, esperou, com infinita paciência, o dia da liberdade e emergiu por fim, mais forte do que nunca, enobrecido em todos os campos pela contribuição dos seus gênios e triunfalmente foi empossado, após dois mil anos de vida errante, no território da pátria primitiva. Que drama pode rivalizar a variedade destas cenas e a gloria e a justiça desse desenlace? Que obra de ficção pode equiparar-se ao romance desta realidade?

A dispersão dos judeus começou muitos séculos depois da queda da Cidade Santa; através de Tito, Sidon e outros portos espalharam-se por todos os recôncavos do Mediterrâneo – Atenas e Antioquia, Alexandria e Cartago, Roma e Marselha, e chegaram a Espanha. Em seguida a destruição do Templo a dispersão assumiu aspecto de migração em massa, e por ultimo o fluxo seguia duas correntes  - uma, ao longo do Danúbio e do Reno, e daí, mais tarde, para a Polônia e a Rússia; outra, rumo a Portugal e Espanha, com a conquista dos mouros [711 e.C]. Na Europa Central os judeus se distinguiram como mercadores e financistas; na Península absorveram o ‘lore’ filosófico, matemático e medico dos árabes e desenvolveram cultura própria nas grandes escolas de Cordova, Barcelona e Sevilha. Nesse trato do continente os judeus representaram durante os séculos doze e treze papel importantíssimo, no transmitir a antiga cultura do Oriente aos europeus ocidentais. Foi em Cordova que Moisés Maimonides [1135-1204], o maior físico dos tempos, escreveu o seu famoso comentário da Bíblia, Guia dos Perplexos; foi em Barcelona que Hasdai Cresças [1370-1430] lançou as heresias que abalaram o judaísmo.

Os judeus da Espanha floresceram e prosperaram até a conquista de Granada por Fernando, em 1492, e a final expulsão dos mouros. Perderam então a liberdade de que vinham gozando sob o domínio leniente do Islam: a Inquisição cai sobre eles com o dilema – batismo e pratica do cristianismo ou exílio e confisco dos bens. Não que a Igreja lhes fosse violentamente hostil – certos papas repetidamente protestaram contra as barbaridades da Inquisição; mas o rei da Espanha achava negocio encher seu tesouro com as riquezas lentamente acumuladas pelo povo advena. Quase ao mesmo tempo que Colombo descobria a América, Fernando descobria os judeus.

A grande maioria aceitou a menos cruel das alternativas e procurou em redor de si um lugar de refugio. Muitos fugiram por mar para Genova e outros portos da Itália; repelidos, recuaram para a costa da África onde inúmeros foram mortos e estripados – por causa das jóias que constava trazerem engolidas. Pequena quantidade localizou-se em Veneza. Outros financiaram a viagem de Colombo, um homem talvez da sua raça, na esperança de que o navegador lhes encontrasse uma pátria nova. Muitos embarcaram nos frágeis navios da época e se meteram pelo Atlântico, até encontrar na generosa Holanda abrigo e equidade. Entre estes estava uma família de judeus portugueses de nome Espinhosa.

Depois disso a Espanha decaiu e a Holanda prosperou. Os judeus construíram sua primeira sinagoga em Amsterdam, no ano de 1598; e quando, setenta e cinco anos mais tarde, construíram outra – a mais magnificante da Europa, os seus vizinhos cristãos os auxiliaram a financiar a empresa. Os judeus mostravam-se felizes, a julgarmos pelo aspecto eufórico dos mercadores e rabinos que Rembrandt imortalizou em suas telas. Mas lá pelo meio do século dezessete a calma foi perturbada por aguda controvérsia na sinagoga. Uriel da Costa, um apaixonado moço que havia caído sob a influencia cética da Renascença, escreveu um tratado onde atacava com vigor a crença em outra vida. Esta sua atitude não era contraria a velha doutrina judaica; mas a Sinagoga compeliu-o a retratar-se em publico, receosa de incorrer no desfavor de uma comunidade que recebera os judeus generosamente, mas que podia reagir com aspereza contra uma heresia que vinha ferir a verdadeira essência do cristianismo. A formula da retratação e da penitencia mandava que o paciente se deitasse na soleira da sinagoga para que todos os membros da congregação lhe passassem sobre o corpo. Humilhado a fundo, Uriel lançou uma denuncia terrível contra seus perseguidores e suicidou-se [*Gutzkow pôs com muito sucesso esta historia em drama].

Isto, em 1647. Por essa época Baruch Spinoza, “o maior judeus dos tempos modernos” [*Renan, Marc Aurele], era um menino de quinze anos e o mais querido estudante da sinagoga.

2] A educação de Spinoza
Foi esta odisséia dos judeus que fez dele irrevogavelmente, apesar de excomungado, um judeu. Embora seu pai fosse negociante prospero, o filho não sentiu nenhuma inclinação para essa carreira, preferindo gastar o tempo na sinagoga, a absorver a religião e a historia de sua raça. Era um estudante notável e já olhado pelos mais velhos como futuro luminar do judaísmo. Cedo passou da Bíblia para o estudo meticuloso do Talmud, e deste para os escritos de Maimonides, Levi Ben Gerson, Ibn Ezra e Hasdai Crescas; sua voracidade levou-o até a filosofia mística de Ibn Gebirol e as sutilizes cabalísticas de Moisés de Cordova.

Impressionou-o a identificação de Deus com o universo – idéias de Moises de Cordova; seguiu esta idéia em Bem Gerson, que ensinava a eternidade do mundo; e também em Hasdai Crescas, que admitia ser a matéria do universo o corpo de Deus. Em Maimonides achou uma analise favorável da doutrina de Averroes sobre a imortalidade impessoal; no Guia dos Perplexos, porém, encontrou mais perplexidade do que Rumo. O grande rabino propunha mais questões do que as explanava; e Spinoza ficou com as traduções e improbabilidades do Velho Testamento a lhe latejarem no cérebro, apesar das soluções dadas por Maimonides.

Os mais hábeis defensores da fé são os seus maiores inimigos, porque a excessiva sutileza engedra duvidas, e estimula o espírito da analise. Isso aconteceu a Spinoza ao ler Maimonides, e ainda mais ao ler os comentários de Ibn Ezra, no qual os problemas da velha fé são formulados mais diretamente, e muitas vezes abandonados como insolúveis. Quanto mais Spinoza meditava, mais as singelas certezas da velha fé se fundiam na duvida.

A curiosidade o levou a estudar o que os pensadores do mundo cristão haviam escrito sobre os grandes problemas de Deus e do destino humano. Para isso aprendeu latim com um mestre holandês, Van den Ende, e lançou-se a um campo mais largo de experiência e conhecimento. Seu novo professor era um tanto herético, analista de credos e governos, espírito audaz que deixou o remanso da biblioteca para juntar-se a uma conjura contra o rei da França, vindo a morrer no cadafalso em 1674. Van den Ende tinha uma linda filha que se tornou a rival do latim nas afeições de Spinoza; com tal estimulo até um rapaz hoje estudaria essa língua. Mas a rapariga não  tinha cérebro na altura de compreender Spinoza e logo que outro pretendente apareceu, cheio de presentes, abandonou-o. É de crer que foi isso o que o transformou em filosofo.

Seja como for, Spinoza senhoreou-se do latim e penetrou desassombrado no acervo do pensamento medieval europeu. Parece ter estudado Sócrates, Platão e Aristóteles; mas pendeu para os grandes atomistas, Demócrito, Epicuro e Lucrecio; os estóicos deixaram nele indelével marca. Estudou os filósofos escolásticos, dos quais tomou não só a terminologia como também o método geométrico de exposição por meio de axioma, definição, proporção, prova, escolio e corolário. Estudou Bruno [1548-1600], o magnífico rebelde cujo ardor ‘nem todas as neves do Cáucaso poderiam arrefecer’, sempre a mudar de país e de credo e, na ânsia de investigar e perquerir “incapaz de regressar pela porta de onde entrava”, até que a Inquisição o condenou a ser morto “o mais misericordiosamente possível e sem derrame de sangue” – isto é, queimado vivo. Que riqueza de idéias havia no cérebro desse romântico filho da Itália! A idéia central da unidade; a de que toda realidade é uma substancia – uma em origem e uma em causa; a de que Deus e esta unidade se confundem. Para Bruno, espírito e matéria eram unos; cada partícula da realidade se compunha inseparavelmente do físico e do psíquico. O objeto da filosofia, portanto, consistia em aprender a unidade na diversidade, em ver o espírito na matéria, em descobrir a síntese em que as contradições se fundem, em elevar-se ao supremo conhecimento da unidade universal que é o equivalente intelectual do amor de Deus. Cada qual destas idéias se integrou na estrutura intima do pensamento de Spinoza.

Finalmente foi influenciado por Descartes [1596-1650], pai, na moderna filosofia, da tradição subjetiva e idealística [como Bacon o foi da tradição objetiva e realista]. Para os seus seguidores franceses e para os seus inimigos ingleses, a noção central em Descartes era do primado da consciência, daí a proposição de que o espírito conhece a si mesmo mais direta e imediatamente do que pode conhecer qualquer outra coisa. O espírito conhece o “mundo externo” unicamente através das sensações e percepções que esse mundo externo lhe proporciona. Conseqüentemente, toda filosofia deve começar com o eu pensante individual. “Eu penso, logo sou” [Cogito, ergo sum].talvez houvesse algo do individualismo da Renascença neste ponto de partida; e o certo é que resultou numa cornucópia de conseqüências para ulteriores especulações.

A grande parada de epistemologia iria começar com Leibnitz, Locke, Berkeley, Hume e Kant, desfechando numa Guerra dos Cem Anos, que ao mesmo tempo estimulou e devastou a moderna filosofia.

Este lado do pensamento de Descartes não interessou Spinoza; ele não iria perder-se no labirinto da epistemologia [*Epistemologia significa, etimologicamente, a lógica [logos] da compreensão [episteme], isto é, a origem, natureza e valor do conhecimento]. O que o interessava no filosofo francês era a concepção de uma “substancia” homogênea em todas as formas de matéria e outra substancia homogênea em todas as formas de espírito; esta separação da realidade em duas substancias ultimas representava um desafio a paixão unificadora de Spinoza e agiu como semente fecunda sobre as acumulações do seu pensamento. O que o atraiu em Descartes foi também o desejo de submeter tudo no universo, exceto Deus e a alma, a lei mecânicas e matemáticas -  idéias que já vinham de Galileu e Leonardo, talvez como reflexo do desenvolvimento mecânico das cidades italianas. Dado o impulso inicial por Deus, dizia Descartes [repetindo Anaxágoras dois mil anos depois], tudo mais, na astronomia, na geologia e em todos os processos e desenvolvimentos não-mentais, pode ser explicado como partindo de uma substancia homogênea que existisse a principio sob forma desintegrada [a hipótese nebular de Laplace e Kant]; e todos os movimentos dos animais e do corpo humano se tornam movimento mecânico ou ação reflexa -  a circulação do sangue, por exemplo. Tudo no mundo e todos os corpos – é tudo maquina. Fora do mundo, porém, Deus; e dentro do corpo, a alma.

3]Excomunhão
Foram estes os antecedentes mentais do, na aparência calmo, mas internamente agitado moço que em 1656 [ele nascera em 1632] se viu intimado a comparecer perante os velhos da sinagoga para defender-se de heresias. Será certo que lhe perguntaram ser verdade que andava a propalar que o corpo de Deus era o mundo da matéria, que os anjos eram alucinações, que a alma não passava da vida e que o Velho Testamento nada dizia sobre a imortalidade?

Não podemos responder. Só sabemos que lhe foi oferecida uma unidade correspondente a 500 dólares em troca de manter-se, pelo menos na aparência, leal a sinagoga e a velha fé [*Graetz, History of the lews]. Spinoza recusou a oferta – e a 27 de julho de 1656 foi solenemente excomungado de acordo com o rito hebreu.

“Durante a leitura da excomunhão o gemer de uma grande tuba esmorecia a espaços, e as luzes, muito intensas no começo da cerimônia, iam-se extinguindo uma a uma até se apagarem todas – símbolo da extinção da vida espiritual no excomungado; por fim a congregação se retirava em trevas” [*Willis, Benedcit de Spinoza].

Van Vloten nos dá a formula usada nessa excomunhão:

Os chefes do Conselho Eclesiástico fazem publico que, já bem convencidos dos atos e opiniões erradas de Baruch Spinoza, procuraram por todos os meios e com varias promessas desvia-lo do mau caminho. Mas não conseguiram fazê-lo mudar de idéia; ao contrário, como se acham cada vez mais certos das horríveis heresias publicamente por ele confessadas, e diante da insolência com que tais heresias são difundidas, do que eram testemunho muitas pessoas de credito na presença do próprio dito Spinoza, ele as aceita como provadas. Feito o estudo da matéria pelo Conselho Eclesiástico, o mesmo resolve, como resolvido tem, que o dito Spinoza seja anatematizado e desligado do povo de Israel, e que a partir deste momento seja colocado em anátema com a seguinte maldição:
_Com assentimento dos anjos e santos nós anatematizamos, execramos, amaldiçoamos e expulsamos Baruch de Spinoza, com audiência da comunidade sagrada, em presença dos sagrados livros onde os seiscentos e treze preceitos estão escritos, pronunciando contra ele a maldição com que Elisha amaldiçoou os filhos e mais todas as maldições do Livro da Lei. Amaldiçoado seja de dia e amaldiçoado seja de noite; dormindo e acordado, indo e vindo. O Senhor que nunca o perdoe ou o receba; e que a ira do Senhor não cesse contra este homem e o carregue e todas as maldições do Livro da Lei e apague seu nome debaixo do céu e o afaste de todas as tribos de Israel, sobrecarregado com todas as maldições contidas no Livro da Lei – e possam todos que são obedientes ao Senhor ser salvo neste dia.
Por esta advertimos a todos que ninguém com ele deve ter contato por gesto ou palavra, nem por escrito; ninguém lhe deve prestar assistência, nem permanecer no mesmo teto que o abrigar, nem se aproximar dentro da distancia de quatro cúbitos, nem ler nada por ele citado ou escrito por sua mão.

Não sejamos precipitados em julgar os chefes da sinagoga; eles enfrentavam uma situação muito delicada. Certo que haviam de ter hesitado em agir tão intolerantes como a Inquisição que os expulsara da Espanha. Mas a gratidão dos judeus pela Holanda que os recebera exigia a excomunhão de um homem cujas duvidas vinham ferir em ponto vital o Cristianismo, tanto quanto o Judaísmo. O Protestantismo não era naquele tempo a filosofia liberal de hoje; as guerras de religião haviam arrastado ambos os partidos a se entrincheirarem ferozmente dentro dos respectivos credos, mais caros agora em conseqüência do sangue derramado. Que diriam as autoridades holandesas de uma comunidade judaica que lhes pagava a tolerância e a proteção produzindo na mesma época um Costa e um Spinoza? Além disso, a unanimidade religiosa parecia aos velhos o único meio de preservar o pequeno grupo judeu de Amsterdam, com uma unidade que mantivesse a sobrevivência judaica no mundo. Se eles estivessem em seu próprio país, sob leis próprias e com força habilitada a manter a coesão interna e o respeito externo, poderiam mostrar-se mais tolerantes; mas sua religião era o seu patriotismo e sua fé;  a sinagoga, o centro da vida social e política; e a Bíblia, cuja veracidade Spinoza impugnava, a verdadeira “pátria portátil” da raça dispersa. Natural que sob tais circunstancias considerassem a heresia como traição e a tolerância como suicídio.

Preferíamos talvez que eles arrostassem os riscos; mas é perigoso julgar fora do quadro do momento. Talvez Menasseh Bem Israel, chefe espiritual dos judeus de Amsterdam, pudesse encontrar alguma formula conciliatória dentro da qual a sinagoga e o filosofo coexistissem em paz; mas por esse tempo estava o grande rabino em Londres, convencendo Cromwell a abrir as portas da Inglaterra aos judeus. Os fados conspiravam para que Spinoza não pertencesse a um clan – e sim ao mundo.

4] Retiro e Morte
Spinoza recebeu a excomunhão com serena coragem, dizendo: “Não me compele a nada”. Mas isto era assobiar no escuro; na verdade o jovem estudante se viu amarga e dolorosamente só. Nada mais horrível do que a solidão; e poucas formas de solidão piores que o isolamento de um judeu no seu povo. Spinoza já havia sofrido com a perda da velha fé; arrancar do espírito aquelas raízes fora operação dolorosa que deixara fundos sinais. Se houvesse penetrado em outro grupo, abraçado alguma ortodoxia das que reúnem os homens como carneiros em busca do calor, poderia encontrar na situação de converso eminente algo do que perdera com a expulsão do clan. Mas Spinoza preferiu viver sozinho. Seu pai, que o olhara com a esperança da família, mandou-o embora de casa; sua irmã procurou lesá-lo de uma pequena herança [*Spinoza levou o caso aos tribunais; depois de ganhar a demanda desistiu da herança em favor da irmã]; seus amigos passaram a evitá-lo. Não admira que haja tão pouco humor em suas obras, como não admira que as vezes transpareça o seu amargor contra os Guardiões da Lei.

Os que desejam achar a causa dos milagres, e estudam as coisas da natureza como filósofos, em vez de se deslumbrarem diante delas como metecaptos, breve são tidos como ímpios e heréticos e como tais proclamados pelos que as massas adoram como interpretes da natureza e dos deuses. Porque estes homens sabem que quando a ignorância é posta de lado, cessa o deslumbramento -  único meio pelo qual sua autoridade é mantida [*Ética].

A experiência culminante veio logo depois da excomunhão. Certa noite ia ele pela rua quando um piedoso facínora lhe deu uma demonstração de sua teologia de faca em punho. Spinoza desviou-se rápido e escapou com um leve ferimento no pescoço. Concluiu que há pouca segurança no mundo para um filosofo e foi viver no calmo sótão de uma casa da estrada de Outerdek, perto de Amsterdam. Foi provavelmente nessa época que mudou o nome de Baruch para Benedito. Seus hospedeiros eram cristãos da seita menonita, e talvez por esse motivo puderam compreender o herético. Simpatizaram-se com o seu rosto triste [os que muito sofrem, em vez de amargos, fazem-se meigos], e ficavam deleitados quando ocasionalmente ele vinha a noite fumar cachimbo na sala, nivelando o seu espírito com o daquela boa gente. Spinoza começou a ganhar a vida no ensino de meninos na escola Van den Ende, e depois deu-se ao trabalho de polir lentes, como levado pela inclinação de lidar com material refrator. Havia aprendido a ótica durante sua vida entre os judeus, cuja tradição manda que cada estudante seja treinado em qualquer oficio manual não somente porque o estudo ou o professorado honesto raro permite ganhar a vida, como também pelo que disse Gamaliel: “Os homens instruídos que não adquirem um oficio acabam transformados em patifes”.

Cinco anos depois [1660] o hospedeiro mudou-se para Rhynsburg, perto de Leyden -  e Spinoza foi também. A casa que ocupou ainda existe, na rua que tem hoje seu nome. Foram anos de altas locubrações. Muitas vezes ficou em seu quarto dois ou três dias sem sair, não vendo a ninguém e com as modestas refeições lá mesmo tomadas. O trabalho de polimento dava-se estritamente para viver; Spinoza amava de mais a sabedoria para tornar-se um “homem bem sucedido”. Colerus, que o conheceu nessa casa, e com base no depoimento dos que com ele trataram pessoalmente escreveu breve historia de sua vida, diz: “Era muito cuidadoso em suas contas, que pagava de quatro em quatro meses, não despendendo nem mais nem menos do que podia despender anualmente. Costumava dizer as pessoas da casa que era como a serpente que forma um circulo reunindo a cauda a boca – para indicar que nada lhe ficava no fim do ano”. Mas vivia feliz na sua modéstia. A alguém que o aconselhou a confiar na revelação em vez de na razão, respondeu:”Ainda que não me venham os frutos que com a minha natural compreensão procuro, nem por isso fico menos contente; porque, perseguindo-os, sou feliz e passo meus dias na serenidade e na alegria, em vez de passá-los suspirando na tristeza”. “Se Napoleão tivesse a inteligência de Spinoza”, diz um grande sábio, “teria vivido em um sótão e escrito quatro livros” [*Anatole France:Mr Bergeret em Paris].

Aos retratos de Spinoza que chegaram até nós temos a acrescentar alguns traços de Colerus. “Era de mediana estatura. Feições regulares, pele um tanto morena, cabelos pretos e crespos, sobrancelhas negras e bastas, denunciando claramente a descendência de judeus portugueses. No trajar, muito descuidado, a ponto de quase confundir-se com os cidadãos da mais baixa classe. Um conselheiro de estado que veio vê-lo, encontrou-o em trajes bastante sórdidos; censurou-o por isso e ofereceu-lhe roupas novas. Spinoza retrucou que um homem não melhora com usar belas roupas, e acrescentou: “Não é razoável envolver o que nada vale em envoltório precioso” [*Pollok:Life and Philosophy of Spinoza]. A sua filosofia sartorial, entretanto, não era ascética. “Não é o desarranjo e o sórdido externo que nos faz sábios”, escreveu, porque o afetado desleixo pelo aspecto externo evidencia uma pobreza de espírito na qual a verdadeira sabedoria não pode encontrar abrigo”.

Foi durante os cinco anos passados em Rhynsburg que escreveu o pequeno ensaio sobre o Melhoramento do Intelecto [De Intellectus Emendatione], e a Etica Demonstrada Geometricamente [Ethica More Geométrico Demonstrata]. Esta ultima obra foi concluída em 1665; mas pode dez anos nenhuma tentativa fez para publicá-la. Em 1668 Adriano Koerbagh viu-se condenado a dez anos de prisão por ter impresso opiniões similares as de Spinoza – e morreu após dezoito meses de cárcere. Quando em 1675 Spinoza foi a Amsterdam “espalhou-se o rumor”, escreveu ele a seu amigo Oldenburg, “de que um livro meu ia aparecer para provar que Deus não existe. Esta noticia, pesa-me dizê-lo, foi por muita gente aceita como verdadeira. Certos teólogos [os autores prováveis do boato] aproveitaram-se para dar queixa contra mim. E havendo eu recebido de alguns amigos fieis, os quais também me asseguraram que os teólogos não desistiam de me por a mão em cima, determinei adiar a publicação do livro para melhor oportunidade”.

Somente depois da morte de Spinoza apareceu a Etica [1677], juntamente com um inconcluso tratado sobre a política [Tractatus Politicus] e o Tratado do Arco-Iris. Todas estas obras foram escritas em latim, porque era o latim então a língua universal da filosofia e da ciência. Um Breve Tratado sobre Deus e o Homem, escrito em holandês, foi descoberto por Van Vloten em 1852; aparentemente um esboço da Ética. Os únicos livros que publicou em vida foram Os Princípios da Filosofia Cartesiana [1663] e o Tratado Sobre a Religião e o Estado [Tractatus Theologico-Politicus], que apareceu anônimo em 1670. Imediatamente foi esta obra distinguida com a inclusão no Index Expurgatorius, tendo o curso vedado pelas autoridades civis; graças a essa assistência teve considerável circulação secreta, disfarçada como livro de medicina ou história. Incontáveis livros foram escritos para refutá-la; um deles considerava Spinoza “o pior ateu que ainda existiu sobre a face da terra”; Colerus fala de uma refutação como sendo um “tesouro de infinito valor que jamais perecerá” [*Pollok] – mas esta referencia é o único vestígio que resta de tal tesouro. Além desses castigos públicos Spinoza recebeu numerosas cartas que pretendiam convertê-lo; a de um seu amigo discípulo, Albert Burgh, que se passara para o catolicismo, merece ser citada como exemplo.

* V.declara que afinal encontrou a verdadeira filosofia. Mas como sabe que a sua filosofia é melhor que todas que já foram ensinadas no mundo e o são agora e serão no futuro? Deixando de parte o futuro, já examinou V. todas as filosofias antigas e modernas, professadas aqui, na Índia e no mundo inteiro? E supondo que as examinasse todas, como sabe que escolheu a melhor? Como se atreve a pôr-se acima dos patriarcas, profetas, apóstolos, mártires, doutores e professores da Igreja? Miserável comida de vermes, como pode enfrentar a eterna sabedoria com essas inomináveis blasfêmias? Que fundamento tem a sua deplorável e maldita doutrina? Que diabólico orgulho o enche, para dar opinião sobre mistérios que os próprios católicos declaram incompreensíveis?

Ao que Spinoza respondeu:

*Você, que declara ter afinal encontrado a melhor religião, ou, antes, os melhores mestres nos quais firmar a credulidade, como sabe que são os melhores de quantos já tem ensinado a religião, ou a ensinam, ou a ensinarão no futuro? Já examinou V. todas as religiões, antigas e modernas, professadas aqui, na Índia e em todo o mundo? E supondo que devidamente as examinasse, como sabe que escolheu a melhor?

O suave filosofo sabia reagir quando queria.

Mas todas as cartas recebidas não eram assim. Muitas provinham de homens cultos e colocados em altas posições. Os correspondentes mais dignos de nota foram Henry Oldenburg, secretario da recém fundada Royal Society of England; Von Tschirnhaus, um jovem alemão, nobre e inventor; Huygnes, cientista holandês; Leibnitz, que o visitou em 1676; Louis Meyer, medico de Haia e Simon De Vries, rico mercador de Amsterdam. Esta ultimo admirava-o tanto que lhe pediu para aceitar um donativo correspondente a mil dólares. O filosofo recusou; mais tarde, ao fazer o testamento, quis deixar para Spinoza toda sua fortuna – mas o filosofo o dissuadiu, insistindo para que as riquezas passassem a um irmão de De Vries. Quando esse mercador morreu deixou uma anuidade correspondente a 250 dólares para ser paga ao filosofo, o qual recusou de novo dizendo: ”A natureza contenta-se com pouco – e não posso ser mais exigente que ela”; por fim, insistido, aceitou parte da renda – 150 dólares.

Outro amigo, Jan De Witt, magistrado da republica holandesa, dotou-o com uma anuidade correspondente a 50 dólares. O próprio Luiz XIV, finalmente lhe ofereceu larga pensão sob clausula de que lhe dedicaria o seu próximo livro. Delicadamente o filosofo recusou.

Para agradar amigos e correspondentes, Spinoza mudou-se em 1665 para Voorburg, subúrbio de Haia; e em 1670, para a própria Haia. Durante estes últimos anos ligou-se intimamente a De Witt, e quando De Witt e seu irmão foram brutalmente mortos na rua pela populaça, como o responsável da derrota das tropas holandesas pelas francesas em 1672, Spinoza rompeu em lagrimas e só compelido pela força deixou de repetir o gesto de Antonio, indo denunciar o crime no local em que fora cometido. Não muito depois o príncipe de Conde, na chefia do exercito francês invasor da Holanda, convidou-o a comparecer ao seu quartel general para receber uma pensão do rei da França e ser apresentado a vários admiradores. Spinoza, que era mais um “bom europeu” do que um holandês, não pôs objeção em aceitar o convite. Quando tornou para Haia, a noticia dessa visita já se tinha espalhado. Spinoza estava hospedado com Van den Spyck, o qual mostrou receio de ver sua casa assaltada. Spinoza acalmou-o dizendo: ”Posso facilmente livrar-me da pecha de traição; mas se o povo mostrar o menor intuito de molestar-me, ou atacar a casa, irei ao seu encontro embora me façam a mim o que fizeram a De Witt” [*Willis]. Quando o povo soube que Spinoza não passava de um filosofo, convenceu-se de que tratava de um ser inofensivo – e acalmou-se.

A vida de Spinoza, como vemos desses incidentes, não era tão reclusa e miserável como habitualmente se pensa. Vivia em segurança econômica, possuía amigos influentes, tomava interesse  na política e metera-se em aventuras que quase lhe custaram a vida. Que tivesse aberto o seu caminho apesar da excomunhão, e conquistado o respeito dos contemporâneos, é fato que se conclui da oferta que lhe foi feita em 1673 de uma cadeira na Universidade de Heidelberg; oferta em termos dos mais honrosos e promissores:”a mais completa liberdade de pensamento, que Sua Alteza está certa não será abusada para combalir a religião estabelecida e o estado”. Spinoza respondeu de um modo característico:

Honrado Senhor: Tivesse sido meu desejo professar numa faculdade e esse desejo seria agora amplamente satisfeito com a aceitação do lugar que Sua Alteza Sereníssima, o Príncipe Palatino, me deu a honra de oferecer, com a nota muito valiosa aos meus olhos de liberdade de palavra. Mas não sei que preciosos limites essa liberdade de filosofar possa ter de modo a não interferir com a religião estabelecida e o estado...Vêde, pois, honrado senhor, que não olho para posição mais alta que a de que gozo; e que por amor a paz, que de outro modo não estou certo de conseguir; tenho de abster-me de penetrar no professorado público.

O derradeiro capitulo fechou-se em 1677. Spinoza estava apenas com quarenta e quatro anos de idade e seus amigos sabiam que chegara ao fim. Provinha de ascendentes tuberculosos; e o confinamento em que vivera bem como a atmosfera poenta em que trabalhara não eram de molde a contrabater as desvantagens herdadas. Sua respiração tornava-se cada vez mais difícil; os pulmões esvaiam-se reconciliou-se com o fim prematuro, apenas receando que o livro, ao qual consagrara a vida e que não pudera publicar, fosse perdido ou destruído um dia. Fechou o manuscrito numa escrivaninha e deu a chave ao seu hospedador, pedindo-lhe que a entregasse depois de sua morte a Jan Rieuwertz, editor de Amsterdam.

Num domingo, 20 de fevereiro, a família em cuja casa morava foi a igreja, nada vendo de grave no estado do hospede. Ficara com ele o dr. Meyer. Quando voltaram, estava o filosofo já morto, nos braços desse amigo. Muita gente lhe guardou o corpo, porque os simples o amavam pela sua suavidade, como os cultos o amavam pela sua sabedoria. Filósofos e magistrados vieram tomar parte no acompanhamento a morada derradeira – e homens de vários credos encontraram-se ao pé do tumulo.

Nietzsche diz em qualquer parte que o ultimo cristão morrera na Cruz. Tinha-se esquecido de Spinoza.  

25 de mar. de 2011

OS ILLUMINATI

Introdução 
Ralph Maxwell Lewis (Sar Validivar) — 2º Imperator para o segundo Ciclo Iniciático da Ordem Rosacruz AMORC — no ensaio A Verdade Sobre os 'Illuminati', extraído do Rosicrucian Forum e publicado na revista O Rosacruz de outubro de 1981, informa que a palavra Illuminati significa, do latim, os esclarecidos. Seu significado, explica o Imperator, provém também de iluminação, ou seja, luz, termo que deve ser entendido tanto no sentido intelectual como no de um fenômeno físico.

Por que o Imperator Lewis afirmou que o conceito também se aplica no sentido de um fenômeno físico? Penso que, ainda que passado, presente e futuro componham uma unidade indissociável, vivemos no aqui e no agora, isto é, no presente, e inteiramente dependentes de duas categorias básicas: tempo e espaço. Portanto, é neste presente temporal e espacial que devemos atuar para construir um futuro melhor, menos para nós e mais para os que vierem depois de nós.

Todos nós somos responsáveis pelo futuro, e se os Illuminati1 realmente alcançaram um estado altamente esclarecido da mente, como tudo indica que tenham alcançado, com muito mais razão atuam (ou devem atuar) na construção de um futuro, por assim dizer, mais iluminado, com melhor qualidade de vida para todos e menos anacrônico. Porém, ainda que essa atuação pacificante e iluminadora seja preponderantemente mental (psíquica e espiritual), operam também no plano objetivo, eventualmente exercendo posições de relevo no teatro planetário. Alguns desses Illuminati se fizeram conhecer do público, outros trabalharam em silêncio e só são conhecidos dos Altos Iniciados (entre os quais eu não me encontro). Esclarmonde de Foix, Hildegarde de Bingen, Leonardo Da Vinci, Giordano Bruno, Jakob Böhme, Louis-Claude de Saint-Martin, Helena Petrovna Blavatsky, Harvey Spencer Lewis, Émille Dantinne, Rudolf Steiner, Ralph Maxwell Lewis, Jeanne Guesdon, Max Heindel, Mâ Ananda Mohî, Arnold Krumm-Heller, Duval Ernâni de Paula, Mohandas Karamchand Gandhi, o padre-papa João XXIII e Raymond Bernard são apenas alguns exemplos de personalidades illuminadas que esparramaram suas luzes ao longo dos últimos mil anos.

Mas os Illuminati não operam restritamente nos âmbitos religioso ou iniciático; há políticos, cientistas, artistas, escritores, filósofos etc. que alcançaram esse grau altamente elevado e exercem suas ações altruístas e místicas nas suas respectivas especialidades. Em aditamento, admito que, a um certo grau, por terem conquistado o domínio da vida, os Illuminati possam influir em alguns domínios daquilo que erroneamente2 é distinguido como plano objetivo ou físico. Ora, como a separação das coisas é uma ilusão derivada da ignorância do funcionamento das Leis Cósmicas que regem o uno-múltiplo-uno, operar nos planos psíquico e mental é operar automaticamente no plano físico, ainda que os resultados dessa atuação possam não estar em conformidade com o tempo objetivo, e que sequer sejam, muitas vezes, percebidos objetivamente. Em Hamlet, Ato I, Shakespeare (1564–1616) ensinou: There are more things in heaven and Earth, Horatio,/Than are dreamt of in your philosophy. (Há mais coisas no céu e na Terra, Horácio,/do que sonhou em sua filosofia). Enfim, pensar é pôr em movimento. E quando se faz urgente e necessário, esses Illuminati põem em movimento o que precisa se mover ou ser movido. Contudo, que não se pense que eles possam alterar o karma (coletivo ou individual). Isso eles não podem fazer, pois estão plenamente conscientes de suas responsabilidades; e quanto aos seres-no-mundo, ainda que o planeta Terra seja mesmo uma escola, ninguém será promovido colando. Na verdade, não por ser uma escola, mas por ser uma Escola. Então, ou se aprende agora, desde já, a lição ou oportunamente se aprenderá mais dolorosamente a mesma lição (não obrigatoriamente na Terra e muito menos em Júpiter). E não adianta pedir revisão de prova para as safadagens praticadas ou por ter cabulado as aulas. A nota só poderá ser mudada por cada um de nós.

Enfim, adverte Sar Validivar, os Illuminati tinham [e têm] de demonstrar mais do que o domínio intelectual dos ensinamentos da Ordem mística ou metafísica de que eram membros. Seu caráter, do ponto de vista moral, também tinha [e tem de] de ser da mais alta qualidade. Estas qualificações constituem a caracteríastica original associada à palavra Illuminati e ao grau deste nome na Ordem Rosacruz AMORC. Portanto, imaginar que um Illuminatus (singular de Illuminati) use em benefício próprio (ou de um grupo qualquer) os conhecimentos que adquiriu em decorrência de sua afiliação sincera a uma Ordem Mística é o que não pode ser imaginado. Um Illuminatus jamais (portanto, sob nenhuma alegação) usa o que aprendeu para obter qualquer tipo de vantagem pessoal ou para favorecer quem quer que seja. Eram e são livres-pensadores que trabalham exclusivamente para o bem da Humanidade e pela paz na Terra, e por isso no século XVI foram suprimidos na Espanha pela Inquisição Católica Romana, que nunca esteve interessada nem em uma coisa nem em outra. Como explica o Imperator Lewis no artigo citado, este ato [medonho] da Inquisição e a publicidade [nefanda] que ele recebeu fizeram o público, mal informado, pensar nos Illuminati como um movimento nefasto. Logo, a afirmação de que you can identify the members of the Illuminati and unravel their astonishing plan to control and manipulate (você pode identificar os membros dos Illuminati e elucidar seu plano assombroso para controlar e manipular) contida no livro Secret Signs, Mysterious Symbols, and Hidden Codes of the Illuminati - Codex Magica, de Texe Marrs, mais do que equivocada, é inverídica e tendenciosa no que concerne aos verdadeiros Místicos. Os autênticos Illuminati (palavra dignificadora e identificadora de uma condição ou estado adquiridos exclusivamente pelo Trabalho e pelo Mérito usada pelas antigas e arcanas Ordens Secretas e Iniciáticas) nunca quiseram controlar e manipular ninguém e absolutamente nada. Manipular e controlar o quê? Para quê? Com qual finalidade? Alguém, em sã consciência, pode supor que, por exemplo, os Quarenta Egípcios, Éliphas Lèvy, Saint-Yves D'Aveydre, Helena Petrovna Blavatsk, Papus e Raymond Bernard, enquanto viveram entre nós, tenham manipulado ou controlado o que quer que fosse para o fim que fosse? Enquanto vivermos no século XXI mergulhados em (pre)conceitos e idéias medievais, inquisitoriais, intolerantes e retrógradas, haveremos de pensar, afirmar e divulgar estapafurdices como essas (e outras) que públicou o senhor Texe Marrs nas fartamente ilustradas 588 páginas do seu Codex Magica, misturando e liqüidificando como ele misturou e liqüidificou, por exemplo, Teosofistas, Rosacuzes e Maçons com o que não pode ser misturado e liqüidificado, por serem, na origem e por princípio, coisas ideológica e misticamente heterogêneas. São bobices e tolices como essas que incendeiam os desinformados corações e, por isso, escolho a palavra infâmia para definir tudo isso.

Antes de prosseguir, pergunto: O que é a verdade? Eu não sei exatamente o que é a verdade, mas sei muito bem o que são as inverdades fabricadas. Mais-valias, mentiras, conspirações, atentados, deslealdades, assassinatos, seqüestros, guerras, múltiplas privações da(s) liberdade(s), depravações, corrupções, apoderamentos ilícitos, veiculações estapafúrdicas et cetera, et cetera, et cetera são inverdades. Porém, muito mais do que inverdades são mesmos perversidades, e, por isso, discutirei mais aprofundadamente esse tema um pouco mais à frente. A verdade – que muitos têm a quimérica e arimânica pretensão de saber (ou de conhecer) e, muitas vezes, de impor ou de tentar impor – é simplesmente inalcançável. Onde está a verdade, por exemplo, em se admitir que a existência comece apenas com o nascimento? Como é possível algo ser criado do nada? Como é possível ser verdade que uma alma vivente possa ser premiada ou condenada eternamente? Céu? Inferno? Infalibilidade papal? Onde está a verdade em viver, beber e comer à farta enquanto há fome e sede espalhadas pelo mundo para nenhum demônio botar defeito? Onde está a verdade em se gastar trilhões de dólares em bombas e guerras genocidas? Eixo do mal? Assassinatos seletivos? Legítima defesa preventiva? Terra devastada? Poluição do ar, da água, do solo? Biochips? Onde está a verdade?

Já tive a oportunidade de discutir essa matéria em diversos ensaios e não acho que seja inconveniente abordar o assunto novamente. Afinal, é em grande parte por causa de presumidas verdades – astuciosa e autoritariamente forjadas – que o mundo se encontra de pernas para o ar e muitos incautos têm sido arrastados para uma certa Esfera que comentarei um pouco mais abaixo. É em nome dessas presumidas verdades, que geralmente atravessam gerações, que os donos do poder dominam e subtraem. É em nome dessas presumidas verdades que muitas pessoas se submetem. E é em nome dessas presumidas verdades que o mal prevalece sobre o bem, ainda que bem e mal sejam categorias relativas, tanto quanto a própria verdade. A hipotética verdade de ontem pode não ser – e geralmente não é – a verdade de hoje, e certamente não será a verdade de amanhã. Imaginar, por exemplo, que a última palavra sobre a idéia de Deus já foi escrita é não permitir que o único Deus possível possa se manifestar. E esse único Deus possível só se torna possível efetivamente e singularmente para cada ser singular, na medida em que os deuses coletivos (egregóricos) são paulatinamente substituídos pelo Deus de cada Coração. Aí, sim, começa a Santa Peregrinação em busca da ilimitada e inalcançável Verdade. Logo, não pode existir uma verdade que seja igual (e definitiva) para todos. E mais: se se admite que a verdade seja ilimitada e inalcançável, cada verdade percebida ou decodificada, individual e/ou coletivamente, nada mais é do que um elo de uma uma cadeia ilimitada de verdades. Por exemplo: em um dado momento pode-se admitir a pena capital como uma solução adequada e uma verdade incontestável (que não é); mas, quando se realiza que outro e mesmo são um, matar o outro é percebido internamente como correspondente ao suicídio do mesmo. Também, dificilmente se retorna a uma verdade que foi ultrapassada. Pode-se até mudar o nome dessa tal verdade, como foi mudado o nome do Santo Ofício para Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé, mas já não é mais a mesma coisa, ainda que certos preconceitos não tenham ainda sido ultrapassados.3

Portanto, o aprendizado é permanente e não há ninguém que tenha alcançado a compreensão integral de nada. Entretanto, ninguém deve ficar traumatizado pelas besteiras que admitiu como verdades imutáveis, pois o que norteia nossas próprias boas ações, hoje, poderá, no futuro, ser atualizado. Já afirmei também que o Cósmico está ancorado no devenir, ainda que, em um certo sentido, o próprio devenir seja uma ilusão. Mas, como uma primeira aproximação, pode-se pensar na verdade como um permanente vir-a-ser. Enfim, o que é mesmo lamentável é que uma pessoa ou uma instituição, entre dia saia dia, permaneçam no mesmo lugar, acreditando que suas verdades sejam inalteráveis, cabais e determinantes. Isso equivale a estar satisfeito consigo, e quem se dá por satisfeito obviamente pára preconceituosamente em um ponto do caminho, fermentando todos os ingredientes para ser arrastado para baixo e para trás. Uma das chaves da alforria é a libertadora dialética, mas que não poderá ser alcançada se tiver por farol obras como o Codex Magica do senhor Texe Marrs (ou éditos promanados de quaisquer organizações que veiculem idéias, opiniões ou sentimentos desfavoráveis formado a priori, sem maior conhecimento, ponderação ou razão), não porque o livro denuncie as tramas pérfidas dos poderosos sem Poder, o que é bom, mas porque baralha desordenadamente coisas distintas – os Iniciados com os cáftens da Humanidade – o que em nada pode ser bom. De qualquer forma, que fique claro, não estou aqui a censurar a obra do senhor Marrs, pois isso não me cabe, como penso que não caiba a ninguém. Os comentários que fiz foram meros e rápidos cotejamentos, tanto que recomendo aos estudiosos de Misticismo que consultem o livro.

Enfim, os Illuminati foram no passado estigmatizados por terem sido particularmente associados a Adam Weishaupt (1748-1830), que fundou em 1776 a Ordo Illuminatorum (segundo consta Weishaupt teria obtido o conhecimento necessário para fundar a Ordem a partir de alguns fragmentos derivados de Hassan Sabbath, xeque persa, 1034-1124, conhecido como o Velho da Montanha, e do líder espiritualista afegão Bayezid Ansari, 1525-1580), e também porque alguns indivíduos mal-intencionados empregaram (e continuam a empregar, conforme será visto mais abaixo) a palavra Illuminati indevidamente para obter privilégios pessoais. Logo, é um grave equívoco associar os Velados e Silenciosos Illuminati tanto a esses (que possivelmente foram bem-intencionados) quanto aos Irmãos das Sombras, ou seja, aos governantes ocultos 180º à esquerda do Governo Interno e Espiritual do Mundo, que são efetiva e definitivamente mal-intencionados. Esse é o tema que será sinteticamente abordado a seguir.

Os Irmãos das Sombras
Quando escrevi o ensaio Governo Oculto do Mundo, antes de apresentar as considerações finais do texto, especulei: Quem são os Irmãos das Sombras? Que dizer desses Irmãos? Se não é você quem forjica as desgraças, os despotismos e as maldades, quem será? Quais serão seus objetivos? Eu sei que não sou eu. Mas há aqueles que os fabriquem 24 horas por dia, 365 dias por ano. E nos anos bissextos eles não folgam no dia 29 de fevereiro. Eu não os conheço pessoalmente, mas que eles existem eu não tenho qualquer dúvida.

O fato é que, sabidamente, há um Governo Oculto, 180º à esquerda do Governo Interno e Espiritual do Mundo. Enquanto este usa para base de seu Trabalho o Amor impessoal e incondicional, aquele se serve do ódio, do egoísmo e da irracionalidade. Este Governo Oculto do Mundo, 180º à esquerda, é designado comumente por Nova Ordem Mundial.4 A "nova ordem mundial" é um complexo sistema de controle sobre o mundo, que se mantém oculto das pessoas comuns, mas que pode ser observado quando se presta atenção nos detalhes de todas as coisas, pois há diversos símbolos que mostram a presença do poder desse grupo... e que demonstram a presença dele. Essa nova ordem objetiva também controlar todas as religiões, mas, particularmente, tem interesse em dominar o Catolicismo para substituí-lo por uma nova religião mundial, a religião da Nova Era, nome que faz alusão à passagem da Era de Peixes para a Era de Aquário. Trabalham também no sentido de ter o controle absoluto e mundial das armas de fogo, de ter o controle absoluto e mundial da produção e do comércio, de ter o controle absoluto e mundial dos territórios e dos minerais (sob o pretexto de pesquisar a fauna e a flora, cientistas de órgãos governamentais estrangeiros recolhem plantas e animais e os patenteiam, controlando assim a exploração desses recursos), de ter o controle absoluto da Amazônia (manter a Amazônia isolada, sem ocupação, é uma campanha do exterior, das grandes corporações, que querem se apoderar das riquezas que lá existem), de ter o controle absoluto de toda água do Planeta (de acordo com dados da Organização Mundial da Saúde, estima-se que aproximadamente uma em cada seis pessoas não tem acesso à água potável; a falta de saneamento básico e de água potável constituem duas das principais causas de pobreza e da disparidade crescente entre ricos e pobres), de ter o controle absoluto e mundial do petróleo (o controle do petróleo é o braço mais visível do governo mundial; um cartel de países controla a produção e a venda) etc. Por outro lado, nos últimos anos, foi desenvolvida uma tecnologia que permitirá o controle total sobre todos os seres humanos: 'chips' que são implantados sob a pele das pessoas. Essa tecnologia, inicialmente testada em animais, foi aprovada para uso em seres humanos. Inicialmente a adoção dessa medida é voluntária, e usa-se o argumento da segurança pessoal para que as pessoas aceitem o 'chip' sob suas peles. A idéia do Governo da Nova Ordem Mundial, no entanto, é tornar o 'chip' obrigatório, possibilitando, assim, o rastreamento imediato do indivíduo, para sua localização e controle. A meta é que as pessoas tenham seus atos vigiados permanentemente. (Este tema será rapidamente discutido no próximo item). Enfim, está em curso uma bem arquitetada orquestração para implantar na Terra uma nova ordem para que subsista por muitos séculos, uma espécie de quarto reich, já que o terceiro foi desmontado, e foi desmantelado exatamente por aqueles que, hoje, estão à frente do quarto. Tudo isso tem por bandeira a globalização, que, como também já tive a oportunidade de comentar, em si, não é uma má idéia, só que sua efetivação concertada só alcançará sucesso se for estruturada sob os princípios básicos que regulam as ações do Alto Conselho, o A, quais sejam: Paz, Progresso e Amor impessoal e incondicional. Mas, quem pensa nisso? Quem quer isso? Contudo, todos quererão. Ou acabarão querendo sem querer.

Porém, o pior de tudo isso é que quando as coisas não são obtidas pelo convencimento ou pela lavagem cerebral, são conquistadas no peito e na raça, na porrada e no tiro. Quando algo ameaça os objetivos destes senhores, a guerra é feita e a matança é ordenada.

Passarei, agora, a discutir um pouco mais aprofundadamente essa questão dos governantes ocultos 180º à esquerda do Governo Interno e Espiritual do Mundo. Quem aceita pacificamente o fabordão Don't worry, be happy é um nefelibata que pode involuntariamente se transformar em um inocente útil, e, por ingenuidade e/ou ignorância, poderá ser usado no serviço de uma causa ou de uma idéia política detrimentosas à Humanidade. Portanto, penso que um pouco de informação a respeito dos Irmãos das Sombrars seja útil para todos.

Eu, particularmente, não conheço pessoalmente nenhum desses Irmãos, pois eles só dão a conhecer entre si. Mas admito que suas ações se dêem de três maneiras básicas: objetiva, subliminar e psíquica. A(s) forma(s) objetiva(s) todos conhecemos: guerras; fabricação de bombas sujas e limpas; assassinatos seletivos e não-seletivos; seqüestros; tortura; atentados; conspirações; exploração e comércio de escravos e de crianças; prostituição infantil; necrofilia, pedofilia e zoofilia erótica; necromancia e magia negra; manipulação de autoridades ou de órgãos do poder público para obtenção de favores irregulares de interesse pessoal ou do grupo a que pertencem; recrutamento e transporte de mulheres destinadas à prostituição; manipulação das bolsas de valores; sustentação da indústria bélica; espoliações via fraude ou violência; tráfico de drogas e de armas; globalização acachapante; sobrevalias; et cetera. Em uma palavra: dominação. A forma subliminar é praticada por associação de idéias enganosas (políticas, econômicas, religiosas etc.), geralmente muito bem orquestradas e propagandeadas, sendo suficientemente intensas para penetrar nas consciências, que, pela repetição ou por outras técnicas, atingem o subconsciente dos desavisados, afetando emoções, desejos e opiniões. Como a maioria das pessoas não tem como comprovar a veracidade das informações ou das notícias anunciadas e nem se importa em buscar esclarecimentos a respeito de nada, para ficar apenas neste nível especulativo, acaba engolindo as mentiras e as articulações como se verdades fossem. Um exemplo besta que nada tem a ver com o assunto, mas que ilustra o que estou discutindo: quem se interessa em saber se o médico que está lhe dando assistência é realmente formado em Medicina? Em duas palavras: dominação e ilusão. Mas, penso que a pior forma de ação dos Irmãos das Sombras seja a psíquica. Vou tentar explicar isto mais minuciosamente. Se no plano objetivo, fisicamente, o semelhante atrai o dessemelhante, psiquicamente se dá o contrário. Por isso, paraíso e inferno ainda têm grande aceitação. Mas, o que ocorre é que somos atraídos para faixas vibratórias semelhantes ou próximas dos nossos pensamentos mais íntimos. E esses Senhores das Sombras trabalham 24 horas por dia, 7 dias por semana para cooptar mentes afínicas com seus idéias de dominação e perversidade. A coisa toda anda no ar que respiramos, nas notícias que são veiculadas e, mais recentemente, na Grande Rede, que, infelizmente, vem sendo transformada em um eficaz e eficiente meio de disseminação de desinformação, de contra-informação, de calúnias, de injúrias e de difamações. Por outro lado, quando dormimos somos seduzidos e empolgados por aqueles pensamentos, palavras e ações que nortearam o período de vigília. Ora, isso é um prato feito! Por causa disso, muitos se tornam, enquanto dormem, intrumentos do exército das Sombras. E, a cada dia que passa, vão se tornando, cada vez mais, imantados, por cooptação subconsciente, para a esquerda, ou seja, para aquilo que Rudolf Steiner5 (1861-1925) denominou de Oitava Esfera. E, com isso, perdem o domínio de suas emoções e de sua vontade, muitas vezes dizendo e fazendo coisas (objetiva e psiquicamente) que não sabem exatamente porque disseram ou porque fizeram. Acabam, na maioria das vezes, se transformando em seres sem alma, isto é, estruturados neste Plano apenas por Corpo Físico, Corpo Etérico e Corpo Astral, sem nenhuma atuação (direta ou indireta) do Eu ou da personalidade-alma para inspirá-los para o Bem e a Beleza. É por isso que, à medida que os ciclos vão se cumprindo, menos entidades conscientes poderão alcançar (illuminadas, livres e realizadas) a última Ronda deste Grande Ciclo. Não pude, agora, deixar de me emocionar e de chorar um pouco, ainda que eu saiba que tudo esteja de acordo com a Lei. Tudo isso se resume a três palavras: dominação, ilusão e ignorância.

A Oitava Esfera
Para que se tenha uma compreensão preliminar de como funciona o Governo das Sombras 180º à esquerda do Governo Interno e Espiritual do Mundo é interessante se ter uma idéia do que seja a Oitava Esfera, sobre a qual são feitas poucas referências na literatura esotérica, e, não raro, com uma certa má vontade. Essa Oitava Esfera, segundo Rudolf Steiner, foi considerada um segredo até que Mr. Sinnett [Alfred Percy Sinnett, 1840-1921] a mencionasse. Como a Oitava Esfera não se encontra (e se encontra!) em qualquer parte do mundo ou plano objetivo, o que se seguirá permitirá apenas que se possa ter, conceitualmente, uma representação mental dessa Esfera, pois a maioria da Humanidade ainda não desenvolveu um orgão sensorial para poder percebê-la e não pode estar plenamente consciente da sua existência. Para sintetizar este tema, usei como referência e fonte de pesquisa algumas palestras proferidas por Rudolf Steiner no seio da Sociedade Antroposófica, no primeiro quartel do século passado. Mas, uma advertência deve ser feita: a síntese a seguir apresentada, por ser uma síntese, está, ao mesmo tempo, incompleta e possivelmente inexata. Logo, para uma compreensão mais concertada desta matéria obscura será necessário que o leitor faça uma pesquisa pessoal.
A Oitava Esfera é uma espécie de resto ou sobra proveniente da antiga Lua (3ª Esfera) derivada de seu desenvolvimento como antecessora da Terra, e, portanto, (ainda) tem alguma relação com a Terra. O termo decorre do fato de existirem sete esferas conhecidas há muito tempo: Saturno, Sol, Lua, Terra, Júpiter, Vênus e Vulcano. O diagrama esquemático abaixo (o original é de autoria de Rudolf Steiner) pretende dar uma idéia do que seja essa Oitava Esfera, que se situa fora (do eixo evolutivo dos estágios de desenvolvimento seqüencial) das sete esferas anteriormente citadas (que, concertadamente, deveriam ser desenhadas uma dentro da outra).

A Oitava Esfera, segundo Steiner, só pode ser atingida pela clarividência imaginário-imaginativa. Ela é uma etapa tardia do desenvolvimento da Lua, ou seja, algo que foi deixado para trás pela Terceira Esfera de sua substancialidade e retido pelas entidades luciféricas e arimânicas. Lúcifer e Arimã, segundo o Fundador da Antroposofia, estão ininterruptamente empenhados em arrancar da Terra e do homem tudo que possa ser incorporado e escravizado à Oitava Esfera, até o dia em que, vibratoriamente, a Terra possa se desprender ou se desligar dessa influência, quando essa Oitava Esfera percorrerá caminhos próprios com Lúcifer e Arimã no comando, e a Terra se dirigirá em direção a Júpiter para mais um ciclo evolutivo em uma dimensão superior e mais refinada. Como tem sido anunciado, possivelmente o início dessa Grande Transformação se dará no mês de fevereiro de 2034. A luta Daqueles que Podem e Sabem tem sido efetivada no sentido de impedir que o desenvolvimento da Humanidade se esvaia no seio da Oitava Esfera e tome outro curso. Mas, infelizmente, isso não será possível para o conjunto dessa mesma Humanidade. Muitos já se entregaram ao domínio de Lúcifer e Arimã, e outros ainda se entregarão. Porém, aqueles que permitem que o princípio do amor (presente na reprodução e na hereditariedade) norteie seus pensamentos, suas palavras e seus atos nada têm a temer, pois as entidades luciféricas e arimânicas nada podem contra o amor. Associativamente ao princípio do amor está vinculada a liberdade de querer, que não havia em Saturno, no Sol e na Lua. Foi apenas no período terrestre que ela se manifestou. Logo, amor e liberdade são as chaves efetivas para que o homem possa fazer valer sua vontade e seu discernimento e não ceder aos apelos magnetizantes e escravizantes das entidades da Oitava Esfera. Como explica Rudolf Steiner, continuamente Lúcifer e Arimã estão ocupados em comprometer o livre-arbítrio do homem e simular uma porção de coisas, para depois arrebatar-lhe o que haviam simulado, fazendo-o desaparecer na Oitava Esfera. E também: Todas as vezes que os homens se entregam ao fatalismo ao invés de se decidirem a partir de sua força [interior] de julgamento, mostram uma inclinação para a Oitava Esfera. Dante Alighieri (1265-1321), no Canto I do Inferno da Divina Comédia, que reproduz as concepções cosmológicas e teológicas da época, escreveu: Lasciate ogne speranza, voi ch'entrate! (Deixai, ó vós que entrais, toda a esperança!) 

Intrinsecada da Oitava Esfera é contra o progresso e a evolução espiralar, e as ações luciféricas e arimânicas, por esse motivo, desenvolveram e vêm desenvolvendo sua maior força no ponto mais vulnerável do ser humano: a cabeça e o intelecto. É por isso, como foi dito acima, que só o amor pode fazer frente a esse conjunto de forças, e só o amor poderá transformar o homem em seu verdadeiro e único senhor, pois ele, o amor, é o passaporte universal e insubstituível para Júpiter. Isto que acabou de ser dito foi definitivamente impresso na consciência humana pela manifestação na Terra do Cristo e com o Supremo Sacrifício de Jesus, recusado, aviltado e fantasiado por muitos nos dias que correm. Uns estão presos ao passado; outros admitem que o futuro começa apenas no presente. O Princípio Crístico veio unir, por meio do Amor Universal, os dois ilusórios e impossíveis extremos. Logo, ficar preso ao antes significa estar a serviço das forças luciféricas, e pensar que o depois começa apenas e a partir do agora é estar submetido às forças arimânicas, ainda que seja aqui e agora que esse inexistente, fictício e utópico futuro deva ser construído. Contradição? Não. Tudo é UM.

Para concluir este item, vou discutir rápida e suavemente alguns exemplos vinculados ao que foi estudado até aqui. Todo mundo já deve ter passado por aquela situação em que os pensamentos começam a ficar confusos, parecendo que perdemos completamente o controle sobre eles e sobre nós. Os pensamentos passam a fluir baralhados e com extraordinária velocidade, todos se superpondo sem nexo e sem uma explicação consentânea, coisas mesmo sem pé nem cabeça. Às vezes, os pesadelos também são assim: começam de uma maneira, o miolo é de outra e terminam de uma terceira que nada tem de semelhante com o começo e com o meio. Essas sensações opressivas ou esses sonhos aflitivos normalmente são tristes e violentos, mas, às vezes, até podem até ser engraçados. Tudo isso decorre de nosso comportamento perante as situações que a vida nos oferece como experiência e do maior ou menor envenemento mental ao qual nos sujeitamos. Se e quando nos deixamos tomar e dominar por aquilo que consideramos insuportável ou afrodisíaco, em meio a esse turbilhão de emoções, nos tornamos presas fáceis da Oitava Esfera. Se regurgitamos e novamente remastigamos as coisas que nos incomodam ou nos deleitamos desmedidamente com as que nos excitam, e permitimos que essas vibrações tomem as rédeas do nosso ser, poderemos ser levados a cometer desatinos bem ao estilo das forças luciféricas e arimânicas. Mutatis mutandis, a Oitava Esfera funciona como um canal de televisão emitindo sinais eletromagnéticos, transmitindo comandos psíquicos e se realimentando dos equívocos mentais e operativos dos desacautelados, negligentes e imprudentes, tornando-se, a cada instante, mais poderosa e mais funcional. Se o indivíduo não consegue controlar seus pensamentos e sua conduta, paulatinamente vai ficando à mercê da Oitava Esfera e dela se tornado um acionista preferencial com todas as suas (des)vantagens. Coisa semelhante, por exemplo, mas com outra explicação e outro desfecho, ocorre nas psicopatias e nas esquizofrenias, doenças que geralmente não são resolvidas em uma única encarnação. Também são exemplos de atuações luciféricas e arimânicas a dependência física (fenômeno gerado pelo uso contínuo de certos medicamentos ou drogas que leva o corpo a produzir um novo equilíbrio, exigindo para seu funcionamento um aporte regular de tais medicamentos ou drogas), a dependência psíquica (compulsão a consumir certos medicamentos ou drogas porque produzem um efeito agradável ou suprimem problemas como ansiedade, depressão reativa – ligada a conflitos ou a situações de estresse físico e/ou psíquico – perdas, decepções, fracassos, solidão, insônia etc.) e a toxicomania (consumo compulsivo de substâncias ativas sobre o psiquismo como o álcool e drogas como heroína, cocaína, haxixe etc.). Ora, basicamente, somos o resultado do que pensamos e do que pomos para dentro do nosso corpo. Assim, mais uma vez tenho que repetir: somos os únicos responsáveis por tudo o que nos acontece e qualquer mudança só depende de nós. Mas, essas coisas podem ser mudadas? Em princípio há solução para tudo. Tirante os casos de psicoses endógenas e de desajustes mentais graves (que devem ser tratados e acompanhados por um especialista), é perfeitamente possível alcançar o domínio da vida e não prestar obediência a essas forças. Vai de querer e de começar. Emergencialmente, para os casos mais leves e para as situações fortuitas, pode-se fazer o seguinte: no momento em que sentirmos que estamos sendo dominados por sensações que não são costumeiras, imediatamente devemos fazer algo contrário aos nossos hábitos, algo que, de súbito, possa mudar o curso das coisas. Por exemplo: se somos manidestros, podemos ir beber um copo d'água fazendo todos os movimentos com a mão esquerda (ou vice-versa); podemos andar por alguns instantes de costas; podemos tentar cantar uma música no ritmo de outra; ou podemos, ainda, tentar dominar essa invasão de nossa privacidade fazendo uma oração e/ou vocalizando um mantra de nossa preferência. A conduta deve ser sempre na direção de tomar a decisão de fazer imediatamente alguma coisa que surpreenda o Corpo Astral, e não o deixe dominar ou ser dominado pelas vibrações que tentam se instalar e passar a dominar nosso ser. Aliás, todos esses exemplos (entre tantos outros) são excelentes para combater a esclerose de Alzheimer. Em aditamento a tudo isso, não há nada pior para o nosso psiquismo do que nos deixarmos estimular e inflamar com notícias negativas, fofocas, bate-papos libidinosos ou inúteis, preconceitos, misérias, desgraças, doenças etc. E quando esses assuntos são tratados ou ventilados durante as refeições tornam-se bombas envenenadoras para o nosso Eu Interior. Esses tipos de papos furados devem ser evitados a todo custo. Última reflexão: tudo depende de nós.

Ações Objetivas dos Irmãos das Sombras  
O aliciamento é permanente. Vou dizer mais uma vez: essa congregação não dorme. A (des)construção da Oitava Esfera funciona 24 horas por dia 7 dias por semana. Apesar de não poder ser percebida objetivamente, ela tem representantes e associados espalhados por todo o Planeta que integram aquilo que é conhecido como Grande Loja Negra. E, muitas vezes, o que parece ser uma coisa, pode ser outra bem diferente, como, por exemplo, kiss, que em inglês significa beijo, mas que também pode muito bem significar Knights In Satan Service!

Tudo está caminhando em progressão geométrica para um impasse planetário, de certa forma confirmando a declaração de enigmática de Werner Von Braun (1912-1977), o Pai do Programa Espacial Americano: — We find ourselves faced by strong powers whose base of operations is at present unknown to us. (Encontramo-nos face a forças poderosas cuja base de operações é atualmente desconhecida para nós). Todavia, poderemos fazer alguma coisa? Sim, nós podemos tudo. Sem exceção ou limitações. Repetindo: vai de querer e de começar. Conclamo misticamente a todos que empenhem seus melhores dotes e qualificações, e que comecem desde já a trabalhar pela paz no mundo e pela libertação da Humanidade. Fiat Pax! Fiat Lux! Todas as pessoas conscientes desta Terra abençoada têm que, independente de seus credos pessoais, fazer a sua parte. Esperar que só os outros façam é uma tremenda covardia. E não adianta apenas orar e vigiar para não cair em tentação. Isso é pouco; é preciso mais. É necessário trabalhar e ensinar aos que se encontram perdidos e desamparados.

Diversos são os exemplos que podem ser aditados a tudo que já foi examinado até aqui. Vou reelaborar e acrescentar mais alguns fatos objetivos amplamente divulgados na mídia e tornados públicos na Internet relativos à atuação dos Irmãos das Sombras.
1 - Orquestração silenciosa e pervertida para a conquista espacial.
2 - Rituais sexuais com a finalidade de invocar o anticristo e as forças das trevas.
3 - Sacrifícios rituais de animais na Terra e no espaço.
4 - Sacrifícios humanos, sangue e morte ritualística pelo fogo.
5 - Desarmonização da Humanidade através da música e dos meios de comunicação em geral, induzindo à perversão dos costumes.
6 - Indução estratégica ao consumo de alcalódes e de drogas de efeito entorpecente.
7 - Indução às mais variadas perversões sexuais (prática efetiva de atos sexuais com crianças, prazer sexual com animais e uso de cadáveres como objeto sexual).
8 - Tortura e assassinato de animais para os mais diversos fins.
9 - Disponibilização de jogos (como o Illuminati, Game of Conspiracy) com o intuito de desacreditar os Místicos em geral.
10 - Utilização de maneira indevida e não autorizada do simbolismo de Fraternidades Místicas e Iniciáticas.
11 - Adulação e incremento do materialismo, incentivo à idolatria religiosa e exarcerbação do militarismo (autoritário e totalitário).
12 - Manipulação das bolsas de valores e do dinheiro do mundo.
13 - Fomentação e auferibilidade de benefícios ilegítimos e bastardos com as guerras, a fome, a miséria, as usurpações e as destruições.
14 - Seres humanos, a pretexto de que seja estabelecida harmonia e segurança individual e mundial, podem ser monitorados por satélites interligados 24 horas por dia por simples implantação cirúrgica de microchips do tamanho de uma cabeça de alfinete 5 ou 6 milímetros sob a pele ou mesmo através de injeções durante a vacinação. O microchip faz tudo. Curiosamente, isso faz lembrar uma pasasagem do Livro da Revelação XIII, 16 e 17: E fará que todos – pequenos e grandes, ricos e pobres, livres e escravos – tenham um sinal na mão direita ou nas suas frontes; e que ninguém possa comprar ou vender, exceto aqueles que tiverem... o número do seu nome.
15 - Nova Ordem Mundial ou Nova Ordem Global: Cibersistema LUCID (LUCifer IDentification, segundo Texe Marrs). Satélites espiões já estão sendo usados para o policiamento de um estado global totalitário e para monitorar homens, mulheres e crianças que já estão usando experimentalmente biochips implantados e programados por um software biométrico universal. Esses biochips contêm um transponder (aparelho emissor-receptor que responde automaticamente a uma mensagem de identificação) e uma bateria de lítio. A bateria é carregadao por um circuito integrado termal que produz a voltagem à partir de flutuações térmicas na temperatura do corpo. Esses biochips podem ser lidos por um scanner e o código identifica o proprietário. Pode ser usado também para acessar um arquivo em um computador. Foi descoberto que somente dois lugares são adequados para o implante do biochip: a testa, logo abaixo da linha do cabelo, e a parte de trás da mão, especificamente a mão direita.
16 - Implantes em crânios e transmissores injetáveis induzindo a uma amnésia e a um enfraquecimento do sistema imunológico, deixando os pacientes mais vulneráveis às doenças.
17 - Em reuniões secretíssimas e alianças estratégicas os integrantes da Nova Ordem Mundial influenciam a política mundial, as finanças, os recursos naturais e mesmo as políticas e a estrutura da Organização das Nações Unidas. A meta é o estabelecimento de uma nova-ordem-teia-planetária baseada em um governo mundial, uma religião global e uma economia global eletrônica.

Esses exemplos acima apresentados só são secretos na forma como estão sendo orquestrados, administrados e implementados. Há dezenas de páginas na Internet que abordam esses assuntos, umas com sensacionalismo e apelos religiosos e apocalípticos, outras misturando alhos com bugalhos como vem fazendo o senhor Texe Marrs e os fanáticos religiosos. O tema precisa ser abordado? O tema precisa ser discutido? Sim e sim. Mas com isenção, independência e dignidade. O que não se pode é gerar pânico e, à semelhança de uma metralhadora giratória, sair acusando gregos e troianos, fenícios e cartagineses, cariocas e baianos.

Considerações Finais  
Temos que trabalhar e lutar para não nos submetermos. Temos que trabalhar e lutar para nos libertarmos. Temos que estar também atentos às contra-informações. Penso que a maior maldade em tudo isso não seja esse projeto da Grande Loja Negra em tentar dominar o Planeta, até porque, em parte, já dominou. E dominou porque permitimos. Mas poderá perder esse domínio ou diminuí-lo substancialmente, ainda que isso seja impossível a curto prazo e para o conjunto da Humanidade. Mas, basta querermos e darmos início a um esforço coletivo que as coisas mudarão com o tempo, não para todos, mas para muitos, talvez até para a maioria. Quem pode saber? Maldade realmente perigosa é colocar (ou tentar colocar) no mesmo saco sem fundo os Illuminati com os pseudo-illuminati e os tenebrosos. Ainda que um Illuminatus esteja, a um certo grau, imune a tudo isso, não deixa de ser uma maldade ignominiosa tentar emporcalhar sua vida neste Plano. Mas como a inveja e a perfídia andam de mãos dadas, pode-se esperar de tudo de quem vive coberto de trevas. Até hoje, 67 anos após a Grande Iniciação de Harvey Spencer Lewis (Sar Alden) há alguns que ainda tentam difamá-lo e desacreditá-lo pela Internet. Talvez a maior lição que venham a aprender no futuro será serem recebidos do lado de lá, quando morrerem, pelo próprio Sar Alden, que, se assim suceder, os acompanhará educativa e amorosamente por algum tempo. Só que, então, não adiantará nada se arrepender; a lição já estará em curso, e nada poderá abrandá-la ou mesmo anulá-la. Eu só fico pensando em uma coisa: como é que uma pessoa pode jogar sua experiência vital no lixo para ficar agredindo a memória de quem só fez o bem. Isso, para mim, é um escândalo sem qualquer sentido. Agora, se for uma patologia irresistível nada poderá mesmo mudar agora esse tipo de conduta. Paz para todos esses.

Por outro lado, maldade perigosíssima, mas na mesma linha torta e negra, é acusar de conspiração homens e mulheres de boa vontade como os Maçons, os Teosofistas, os Antroposofistas, os Martinistas e os Rosacruzes e manipular as consciências pouco preparadas das pessoas para que sirvam a interesses hipotéticos, ilegítimos e bastardos. Maldade inominável é difamar as Fraternidades Iniciáticas e perseguir os Místicos como se eles fossem os responsáveis pela ignorância consentida e subserviência pseudolucrativa da Humanidade.

Novelas, reality shows e programas estupidificantes se incumbem de anestesiar as consciências. Se antes do advento da telinha as pessoas eram normalmente desinformadas, hoje, com ela e por meio dela, estão ficando demoniacamente cada vez mais mal informadas. Isso não é uma regra geral, nem para as redes de televisão, nem para todos os seres humanos. Há muita informação boa e muitos programas educativos na televisão. Todavia, uma parte ponderável dos canais de televisão e um número considerável de pessoas interagem a serviço da escravizante imbecilização internacional. A quem interessa isso? Aos mesmos que querem transformar a Humanidade em gado, porque em massa de manobra uma boa parcela já foi transformada. As pessoas acreditam, engolem e reproduzem sem raciocinar tudo o que vêm na televisão e o que recebem em seus e-mails. E assim vai sendo cumprida a programação das trevas, assim vai sendo anestesiada a Humanidade e assim vai sendo espalhada e cumprida a obra negra da Grande Loja Negra, entranhada e associada a guerras, assassinatos, atentados, conspirações, biochips, exploração e comércio de escravos e de crianças, prostituição infantil, necrofilia, pedofilia e zoofilia erótica, necromancia, manipulação de autoridades ou de órgãos do poder público para obtenção de favores irregulares de interesse pessoal ou do grupo a que pertencem, recrutamento e transporte de mulheres destinadas à prostituição, manipulação das bolsas de valores, sustentação da indústria bélica, espoliações via fraude ou violência, tráfico de drogas e de armas, globalização acachapante, desinformações de toda ordem, sobrevalias et ceteraet cetera.

Os Altos Iniciados e os Illuminati não podem fazer o trabalho que cabe a nós.
Temos que trabalhar e lutar para não nos submetermos.
Temos que trabalhar e lutar para nos libertarmos.
Temos que projetar e construir nosso Mestre-Deus interior aqui e agora. Desde já.
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[Rio de Janeiro, 21 de outubro de 2006. Por Rodolfo Domenico Pizzinga]
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1. Definições colhidas no Manual Rosacruz:
Iluminação: Especialmente no sentido Rosacruz e místico, refere-se à iluminação da mente. Esta iluminação, todavia, não é limitada ao intelecto. Significa, também, esperiências noéticas, isto é, uma espécie de conhecimento intuitivo transmitido diretamente ao indivíduo de fontes transcendentais, como o Cósmico. Eu tenho preferido aplicar o conceito de transracionalidade, pois nas experiências psíquicas e/ou místicas transracionais não há qualquer interferência do indivíduo no sentido de analisar, questionar ou alterar (segundo sua cultura) as impressões recebidas, ainda que tenha de decodificá-las no nível da razão noética ou dianóica. Se o indivíduo não decodificar as impressões recebidas a experiência é inútil no sentido de poder ser utilizada objetivamente e de forma criativa.

Illuminati: Para os estudantes de misticismo e de ocultismo, o termo geralmente significa Os Iluminados. Refere-se àqueles que receberam a Iluminação, ou Luz, no sentido de realização da Consciência Cósmica, da onisciência [qualidade do Saber universal, uno, transintuitivo, independente, infalível e efetivo]. O vocábulo tem sido, tradicional e historicamente, aplicado aos Rosacruzes e Martinistas. [Particularmente] os Rosacuzes eram freqüentemente conhecidos como Os Irmãos dos Illuminati e, na verdade, em diferentes períodos de sua história usaram exteriormente o nome Illuminati ou [do francês] Les Illuminés. Os Illuminati estiveram bem estabelecidos no sul da França, na região de Toulouse, e naturalmente eram os mesmos Rosacruzes.

2. Se o Universo é uma unidade, separar as faixas do teclado cósmico como se fossem coisas isoladas e como se tivessem existência independente e autônoma é um equívoco. Tudo está interligado; tudo está associado. Portanto, distinguir o plano objetivo ou físico como independente dos outros planos que lhe estão abaixo e acima corresponde tão-só a uma percepção objetiva limitada, não à atualidade cósmica que é una e indivisível. Logo, por exemplo, a Oitava Esfera também não pode estar ou existir separada ou isolada da Quarta!

3.CONGREGAÇÃO PARA A DOUTRINA DA FÉ _DECLARAÇÃO SOBRE A MAÇONARIA
a]Foi perguntado se mudou o parecer da Igreja a respeito da Maçonaria pelo fato de que no novo Código de Direito Canônico ela não vem expressamente mencionada como no Código anterior.

Esta Sagrada Congregação quer responder que tal circunstância é devida a um critério redaccional, seguido também quanto às outras associações igualmente não mencionadas, uma vez que estão compreendidas em categorias mais amplas.
Permanece portanto imutável o parecer negativo da Igreja a respeito das associações maçónicas, pois os seus princípios foram sempre considerados inconciliáveis com a doutrina da Igreja, e, por isso, permanece proibida a inscrição nelas. Os fiéis que pertencem às associações maçónicas estão em estado de pecado grave e não podem aproximar-se da Sagrada Comunhão.

Não compete às autoridades eclesiásticas locais se pronunciarem sobre a natureza das associações maçónicas com um juízo que implique derrogação de quanto foi acima estabelecido, e isto segundo a mente da Declaração desta Sagrada Congregação, de 17 de Fevereiro de 1981 (cf. AAS 73, 1981, p. 240-241).

O Sumo Pontífice João Paulo II, durante a Audiência concedida ao subscrito Cardeal Prefeito, aprovou a presente Declaração, decidida na reunião ordinária desta Sagrada Congregação, e ordenou a sua publicação.
Roma, da Sede da Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé, 26 de Novembro de 1983. Joseph Card. RATZINGER Prefeito  + Fr. Jérôme Hamer, O.P. Secretário. Fonte: http://www.vatican.va/roman_curia/congregations/cfaith/documents/rc_con_cfaith_doc_19831126_
declaration-masonic_po.html

b] Desde o Papa Clemente XII, com a Constituição Apostólica In eminenti, de 28 de abril de 1738 até nossos dias, a Igreja tem proibido aos fiéis a adesão à Maçonaria ou associações maçônicas. Após o Concílio Vaticano II, houve quem levantasse a possibilidade de o católico, conservando a sua identidade, ingressar na Maçonaria. Igualmente, se questionou a qual entidade se aplicava o interdito, pois há várias correntes: se à anglo-saxônica ou à franco-maçonaria, a atéia e a deísta, anti-clerical ou de tendência católica. Para superar essa interrogação, o Documento da Congregação para a Doutrina da Fé, com data de 26 de novembro de 1983, e que trata da atitude oficial da Igreja frente à Maçonaria, utiliza a expressão associações maçônicas, sem distinguir uma das outras. É vedado a todos nós, eclesiásticos ou leigos, ingressar nessa organização, e quem o fizer está em estado de pecado grave e não pode aproximar-se da Sagrada Comunhão. Entretanto, quem a elas se associar de boa-fé e ignorando penalidades, não pecou gravemente. Permanecer após tomar conhecimento da posição da Igreja, seria formalizar o ato de desobediência em matéria grave.
A Congregação, no mesmo Documento de 26 de novembro de 1983, declara que não compete às autoridades eclesiásticas locais (Conferência Episcopal, Bispos, párocos, sacerdotes, religiosos) pronunciarem-se sobre a natureza das associações maçônicas, com um juízo que implique derrogação do quanto acima estabelecido.

O novo Código de Direito Canônico assim se expressa: Quem se inscreve em alguma associação que conspira contra a Igreja, seja punido com justa pena; e quem promove ou dirige uma dessas associações, seja punido com interdito (cânon 1374). No dia seguinte à entrada em vigor do novo Código, isto é, 26 de novembro, é publicada a citada Declaração com a aprovação do Santo Padre.

Diz o Documento que a Maçonaria não vem expressamente citada por um critério redacional e acrescenta: Permanece, portanto, inalterado o parecer negativo da Igreja, a respeito das associações maçônicas, pois os seus princípios foram sempre considerados inconciliáveis com a Doutrina da Igreja e, por isso, permanece proibida a inscrição nelas.

O fato de existirem eclesiásticos na maçonaria prova que há falhas na disciplina. (Cardeal D. Eugênio de Araújo Sales. Fonte: Voz do Pastor, 26/01/2001)Fonte: http://www.montfort.org.br/index.php?secao=cartas&subsecao=
outros&artigo=20040804185808&lang=bra

4. O primeiro registro histórico do conceito de Nova Ordem Mundial pode ser encontrado nas Epístolas de Baha'ul'lah, líder religioso, nascido na Pérsia, no Século XIX. Segundo ele, uma nova ordem de organização mundial estava a ponto de nascer, na qual e as barreiras entre as raças, religiões e nações seriam abolidas, e o mundo adotaria uma única moeda internacional, uma organização planetária e um idioma internacional auxiliar único. Hoje em dia, o termo nova ordem mundial é um conceito sócio-econômico-político que faz referência ao contexto histórico do mundo pós-Guerra Fria. A expressão foi usada pelo presidente norte-americano Ronald Reagan na década de 1980, referindo-se ao processo de queda da União Soviética e ao rearranjo geopolítico das potências mundiais. De forma mais abrangente, o conceito de Nova Ordem Mundial tem sido aplicado para representar uma ruptura com o sistema vigente e uma radical alteração para o surgimento de um novo equilíbrio nas relações de poder entre os Estados na cena internacional. Nesse contexto, vemos, muitas vezes, esta referência ser feita a respeito das novas formas de controle tecnológico das populações, num mundo progressivamente globalizado, descrevendo, assim, um cenário que aponta para uma evolução no sentido da perda das liberdades e um maior controle por entidades distantes, com o quebramento da autonomia de países e de grupos mais pequenos e também de indivíduos. Esta descrição ganha por vezes traços de natureza conspirativa, mas pode também, necessariamente, não ser esse o caso. Este conceito é muitas vezes usado em trabalhos acadêmicos, nomeadamente no domínio das Relações Internacionais, nos quais se procura traçar cenários realistas, com base em fatos, acerca do impacto de novos elementos da sociedade moderna e de como esta evolui. Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Nova_Ordem_Mundial

5. Rudolf Steiner nasceu em 27 de Fevereiro de 1861 em Kraljevec (Áustria). Tendo cumprido em Viena estudos superiores de ciências exatas, foi solicitado a se dedicar, a partir de 1883, à edição dos escritos científicos de Goethe na coleção Deutsche National-literatur (Literatura Nacional Alemã). Atendendo ao convite para trabalhar no Arquivo Goethe-Schiller em Weimar, transferiu-se para essa Cidade em 1890, onde residiu até 1897, desenvolvendo um grande interesse cognitivo e uma conseqüente atividade literário-filosófica. É dessa época sua obra básica – A Filosofia da Liberdade (1894). Depois de alguns anos em Berlim como redator literário, Steiner passou a dedicar-se a uma intensa atividade como conferencista e escritor, no intuito de expor e de divulgar os resultados de suas pesquisas científico-espirituais, de início no âmbito da Sociedade Teosófica e mais tarde na Sociedade Antroposófica, por ele fundada. Em Dornach (Suíça) ele construiu em madeira o Goethanum, sede da Sociedade (e mais tarde também da Escola Superior Livre de Ciência Espiritual), edifício destruído em 31 de Dezembro de 1922 por um incêndio e posteriormente substituído pelo atual modelo em concreto. Foi em Dornach que ele faleceu em 1925, após realizar extraordinárias contribuições nos campos das artes, da organização social, da Pedagogia, da Medicina, da Farmacologia, da Agricultura, no tratamento de crianças excepcionais etc., com princípios adotados por instituições em todo o mundo.

Bibliografia:
LEWIS, H. Spencer (supervisor). Manual Rosacruz. 6ª edição traduzida da 17ª edição norte-americana. Coordenação de Maria A. Moura. Biblioteca Rosacruz, AMORC. Rio de Janeiro: Editora Renes, s. d.
LEWIS, Ralph M. A verdade sobre os Illuminati. O Rosacruz, Curitiba, Paraná, AMORC, pp. 20-21, out. 1981.
MARRS, Texe. Secret Signs, Mysterious Symbols, and Hidden Codes of the Illuminati - Codex Magica. Arquivo .doc.
STEINER, Rudolf. A ciência oculta (esboço de uma cosmovisão supra-sensorial). 4ª edição. São Paulo: Antroposófica, 1988.
______. O movimento oculto no séc. XIX e sua relação com a cultura mundial. Tradução de Karin Glass. Oitava palestra, GA 254. Sem data.
______. A Oitava Esfera: os Elohim, Lúcifer, Arimã e o Princípio Cristico. Conferência. Holanda, 1921.
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[Paz e Luz]